13 milhões de brasileiros não têm cobertura de internet em áreas rurais, mostra estudo

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Treze milhões de brasileiros vivem em áreas rurais onde não há cobertura de internet. É o que revela um estudo sobre conectividade em países da América Latina e Caribe.

A área rural de Magé, na Baixada Fluminense, fica a menos de 50 quilômetros do centro do Rio. No distrito de Cachoeira Grande, o sinal do telefone vai perdendo a força e, de repente, desaparece. O GPS fica “procurando rede”.

Lá mora a agricultora e culinarista Juliana de Medeiros Diniz, dona de um pequeno sítio, onde planta de tudo pelo sistema de agrofloresta. Sem internet, ela perde várias oportunidades.

“A gente trabalha em grupos, fazendo serviços um com o outro, e quando chega na hora de a gente trabalhar, de a gente fazer uma reunião, de a gente fazer nossos projetos, não consigo”, reclama Juliana.

Juliana passa boa parte do dia circulando na roça, cuidando das plantas, colhendo frutas. Mas a vida dela também depende de uma boa conexão com clientes e parceiros e, embora esteja perto de uma grande metrópole, o telefone passa boa parte do dia sem sinal.

E esse não é um problema só da Juliana. No distrito de Magé onde ela vive, tem dezenas de produtores rurais que não tem acesso à internet de qualidade. Em todo o Brasil são 13 milhões de pessoas nas áreas rurais que vivem situação parecida.

João Pedro Bezerra Silva Santos estuda em uma escola agrícola na mesma região, onde o 4G também não pega, e a rede Wi-Fi é precária.

“Se tiver um tempo limpo, eu consigo fazer tudo normalmente. Mas se começar a ventar, a chover muito forte, não dá, porque a internet cai”, conta João.

Estudo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura revelou a diferença de conectividade urbana e rural em 26 países da América Latina e Caribe. No Brasil, a conectividade urbana é 1,5 vez mais abrangente que nas zonas rurais.

Na comparação, estamos um pouco acima da média. Desde a última publicação, em 2020, o acesso à internet em áreas rurais até melhorou um pouco: cerca de 1 milhão de brasileiros conseguiram uma conexão melhor, mas esse avanço ainda é considerado tímido.

O IICA afirma que essa realidade prejudica não apenas os estudantes, mas também compromete o desenvolvimento do país.

“Com políticas de longo prazo e aumentando o nível da conectividade, vamos aprofundar estratégias de desenvolvimento sustentável que têm que significar geração de renda, emprego, investimentos a nível público e privado. Isso vai contribuir para melhorar da qualidade de vida de todas as famílias rurais”, afirma o diretor-geral do IICA, Manuel Otero.

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