Parlamentares embolsam até R$ 79 mil por ‘mudança fantasma’

Publicado em

Congressistas estão recebendo neste início de ano verba que totaliza mais de R$ 40 milhões e que tem como justificativa uma situação que não encontra amparo na realidade.

Quase todos os 513 deputados federais e 27 senadores da legislatura que teve início no dia 1º, além dos que encerraram seus mandatos em 31 de janeiro, embolsaram ou embolsarão R$ 39,3 mil brutos a título de ajuda de custo para se mudar para Brasília ou para fazer o caminho inverso, de volta aos estados de origem.

Desse total, cinco senadores e cerca de 280 deputados federais reeleitos receberam ou receberão duas cotas da verba-mudança, uma pelo fim da legislatura passada e outra pelo início da atual, somando R$ 78,6 mil extras neste início de ano.

A verba-mudança é paga até mesmo para os deputados federais e senadores que foram eleitos pelo Distrito Federal.

Além de não haver nenhuma justificativa do fornecimento de auxílio-mudança para quem já mora na capital federal e para reeleitos, que trabalham e continuarão a trabalhar no Congresso, os demais casos –  daqueles que de fato deixaram de ser congressistas e os que ingressaram na Câmara ou Senado pela primeira vez – também são questionáveis.

O Congresso já fornece aos parlamentares outras generosas cotas para custeio de passagens aéreas e hospedagem, entre outros gastos. Além disso, há muitas décadas não é mais comum deputados e senadores se mudarem em caráter permanente para a capital federal.

A verba, cujo nome oficial é Ajuda de Custo, está amparada atualmente no Decreto Legislativo 172/2022, que estabelece a destinação de um salário extra (R$ 39,3 mil) aos parlamentares no início e no final do mandato.

A origem do benefício, entretanto, remonta ao fim do Estado Novo. A Constituição de 1946 estabelecia uma ajuda de custo anual aos congressistas de todo o país em uma época em que o Rio de Janeiro era a capital federal e em que o transporte aéreo comercial ainda engatinhava.

https://googleads.g.doubleclick.net/pagead/ads?client=ca-pub-9863085251226930&output=html&h=280&adk=2308139388&adf=2925028623&pi=t.aa~a.4149401637~i.24~rp.4&w=800&fwrn=4&fwrnh=100&lmt=1677069584&num_ads=1&rafmt=1&armr=3&sem=mc&pwprc=9758937064&ad_type=text_image&format=800×280&url=https%3A%2F%2Famazonasatual.com.br%2Fparlamentares-embolsam-ate-r-79-mil-por-mudanca-fantasma%2F&fwr=0&pra=3&rh=200&rw=800&rpe=1&resp_fmts=3&wgl=1&fa=27&adsid=ChAIgJfXnwYQyNWq29aJkdELEj0AEu3NYo8TfpVX6Hte4fTEC2uxl88lru3DgduBPDNPUhbU85navoXewYaBVAE2uavlJ8MOk401HAjIdEIP&uach=WyJXaW5kb3dzIiwiMTAuMC4wIiwieDg2IiwiIiwiMTEwLjAuNTQ4MS4xMDAiLFtdLGZhbHNlLG51bGwsIjY0IixbWyJDaHJvbWl1bSIsIjExMC4wLjU0ODEuMTAwIl0sWyJOb3QgQShCcmFuZCIsIjI0LjAuMC4wIl0sWyJHb29nbGUgQ2hyb21lIiwiMTEwLjAuNTQ4MS4xMDAiXV0sZmFsc2Vd&dt=1677069672399&bpp=7&bdt=980&idt=7&shv=r20230215&mjsv=m202302130101&ptt=9&saldr=aa&abxe=1&cookie=ID%3Dfb01c6670dc2b99e-22132ec3577f00b7%3AT%3D1666448010%3AS%3DALNI_MbalFB3irr7qaRlp0TERsvp3S_5ag&gpic=UID%3D000009862c7b8ee6%3AT%3D1666448010%3ART%3D1677069668%3AS%3DALNI_MbWUStPete2QaK4kHeCXwUD70pX5Q&prev_fmts=0x0%2C413x280&nras=3&correlator=3676321802744&frm=20&pv=1&ga_vid=402641824.1666448010&ga_sid=1677069672&ga_hid=684877029&ga_fc=1&u_tz=-240&u_his=7&u_h=768&u_w=1366&u_ah=728&u_aw=1366&u_cd=24&u_sd=1&dmc=8&adx=275&ady=2450&biw=1349&bih=568&scr_x=0&scr_y=259&eid=44759837%2C44759876%2C44759927%2C44777876%2C31071870%2C31071265%2C31071976&oid=2&pvsid=3730839795554193&tmod=1032804821&uas=0&nvt=1&ref=https%3A%2F%2Famazonasatual.com.br%2F&fc=1408&brdim=0%2C0%2C0%2C0%2C1366%2C0%2C1366%2C728%2C1366%2C568&vis=1&rsz=%7C%7Cs%7C&abl=NS&alvm=r20230216&fu=1152&bc=31&jar=2023-02-14-15&ifi=7&uci=a!7&btvi=1&fsb=1&xpc=pwGYjHlfYB&p=https%3A//amazonasatual.com.br&dtd=38

Com isso, congressistas receberam pelas décadas seguintes uma espécie de 14º e 15º salários a cada ano para “compensar as despesas com mudança e transporte” para a capital federal.

Em 2013, uma articulação comandada pelo então presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (MDB-RN), acabou por aprovar proposta da então senadora Gleisi Hoffmann (PR), hoje presidente do PT, o que limitou a ajuda de custo ao início e ao fim do mandato – de quatro anos na Câmara e de oito, no Senado.

Desde então, alguns parlamentares apresentaram projetos para acabar de vez com a verba ou para proibir o pagamento aos reeleitos, mas nada andou.

Câmara e Senado programaram 1.080 cotas da verba-mudança neste início do ano (relativos ao fim da legislatura passada e ao início da atual), ao custo de mais de R$ 40 milhões.

As duas Casas transferiram para as contas dos parlamentares no dia 31 de janeiro os R$ 39,3 mil brutos relativos à legislatura passada.

O Senado pagou no último dia 2 os R$ 39,3 mil da legislatura atual para os 27 novos integrantes da Casa (só um terço das cadeiras do Senado entrou em disputa em 2022). A Câmara pagaria a outra cota de R$ 39,3 mil nesta terça-feira (28).

Estão na lista dos reeleitos que vão embolsar quase R$ 80 mil extras parlamentares de todas as correntes ideológicas, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o líder do centrão e presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).

https://googleads.g.doubleclick.net/pagead/ads?client=ca-pub-9863085251226930&output=html&h=280&adk=2308139388&adf=1324568404&pi=t.aa~a.4149401637~i.38~rp.4&w=800&fwrn=4&fwrnh=100&lmt=1677069584&num_ads=1&rafmt=1&armr=3&sem=mc&pwprc=9758937064&ad_type=text_image&format=800×280&url=https%3A%2F%2Famazonasatual.com.br%2Fparlamentares-embolsam-ate-r-79-mil-por-mudanca-fantasma%2F&fwr=0&pra=3&rh=200&rw=800&rpe=1&resp_fmts=3&wgl=1&fa=27&adsid=ChAIgJfXnwYQyNWq29aJkdELEj0AEu3NYo8TfpVX6Hte4fTEC2uxl88lru3DgduBPDNPUhbU85navoXewYaBVAE2uavlJ8MOk401HAjIdEIP&uach=WyJXaW5kb3dzIiwiMTAuMC4wIiwieDg2IiwiIiwiMTEwLjAuNTQ4MS4xMDAiLFtdLGZhbHNlLG51bGwsIjY0IixbWyJDaHJvbWl1bSIsIjExMC4wLjU0ODEuMTAwIl0sWyJOb3QgQShCcmFuZCIsIjI0LjAuMC4wIl0sWyJHb29nbGUgQ2hyb21lIiwiMTEwLjAuNTQ4MS4xMDAiXV0sZmFsc2Vd&dt=1677069672415&bpp=6&bdt=996&idt=6&shv=r20230215&mjsv=m202302130101&ptt=9&saldr=aa&abxe=1&cookie=ID%3Dfb01c6670dc2b99e-22132ec3577f00b7%3AT%3D1666448010%3AS%3DALNI_MbalFB3irr7qaRlp0TERsvp3S_5ag&gpic=UID%3D000009862c7b8ee6%3AT%3D1666448010%3ART%3D1677069668%3AS%3DALNI_MbWUStPete2QaK4kHeCXwUD70pX5Q&prev_fmts=0x0%2C413x280%2C800x280&nras=4&correlator=3676321802744&frm=20&pv=1&ga_vid=402641824.1666448010&ga_sid=1677069672&ga_hid=684877029&ga_fc=1&u_tz=-240&u_his=7&u_h=768&u_w=1366&u_ah=728&u_aw=1366&u_cd=24&u_sd=1&dmc=8&adx=275&ady=3158&biw=1349&bih=568&scr_x=0&scr_y=908&eid=44759837%2C44759876%2C44759927%2C44777876%2C31071870%2C31071265%2C31071976&oid=2&pvsid=3730839795554193&tmod=1032804821&uas=3&nvt=1&ref=https%3A%2F%2Famazonasatual.com.br%2F&fc=1408&brdim=0%2C0%2C0%2C0%2C1366%2C0%2C1366%2C728%2C1366%2C568&vis=1&rsz=%7C%7Cs%7C&abl=NS&alvm=r20230216&fu=1152&bc=31&jar=2023-02-14-15&ifi=8&uci=a!8&btvi=2&fsb=1&xpc=9PJF2z76DE&p=https%3A//amazonasatual.com.br&dtd=21897

A Câmara e o Senado custeiam passagens aéreas de deputados e assessores por meio de outra verba, o que permite com folga que eles viajem a Brasília e voltem aos seus estados semanalmente.

O chamado cotão direciona a cada parlamentar uma média de R$ 45 mil ao mês para esses gastos, além de um reembolso extra mensal de quatro bilhetes aéreos de ida e volta.

Quando estão em Brasília, normalmente nas terças, quartas e quintas, os parlamentares ficam nos apartamentos funcionais ou em hotéis e flats, tudo também custeado pelo Congresso.

O pagamento do auxílio para mudanças inexistentes ocorre, neste ano, em meio a um cenário de ampliação de salários e verbas dos parlamentares.

O Congresso aprovou a elevação escalonada do salário, de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil agora, passando a R$ 41,7 mil em abril e chegando ao teto do funcionalismo em 2025, R$ 46,4 mil. O último aumento no contracheque dos congressistas havia sido feito em 2014. Desde então, a inflação somou 59%

Além dos salários, houve reajuste em todas as outras verbas relacionadas ao mandato dos congressistas, o que elevou, por exemplo, o teto do auxílio-moradia dos deputados para R$ 8,4 mil.

Levando em conta só a situação dos deputados federais, o custo mensal é de ao menos R$ 213 mil, somados salário e as verbas relacionadas ao mandato.

Além do contracheque de R$ 39,3 mil, ele recebe R$ 118 mil para contratação de até 25 assessores em Brasília e nos estados, cotão de R$ 45 mil (em média, variando a depender do estado) para reembolso de gastos com passagens aéreas, combustível, hospedagem e alimentação, entre outros, até R$ 8.401 de auxílio-moradia, além da ajuda de custo.

O Senado oferece praticamente todos esses benefícios, mas há algumas diferenças. Os senadores têm carro oficial e contam com funcionários concursados em seus gabinetes, por exemplo.

Silêncio

A reportagem enviou perguntas por email ao gabinete dos cinco senadores e de todos os cerca de 280 deputados federais reeleitos e pediu, entre outros pontos, comprovante de gastos ou de orçamentos relacionados à mudança do estado para Brasília, ou vice-versa. Procurou também as assessorias das duas Casas.

A Câmara disse que só após o pagamento da próxima terça terá um balanço sobre eventuais devoluções. O Senado afirmou que todos os senadores em fim e início de mandato receberam a verba, a exceção de Reguffe (DF), que renunciou ao benefício.

Apenas 7 dos mais de 280 deputados federais procurados se manifestaram – Daniel Trzeciak (PSDB-RS), Reginaldo Veras (PV-DF), Sanderson (PL-RS), Luiza Erundina (PSOL-SP), Celso Russomanno (Republicanos-SP), Gilson Marques (Novo-SC) e Adriana Ventura (Novo-SP).

Eles afirmaram que recusaram ou devolveram a verba para a Câmara ou que vão doar o dinheiro para instituições de caridade.

*Amazonas Atual

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe

Assine Grátis!

Popular

Relacionandos
Artigos

Lula sanciona reajuste para servidores federais com impacto fiscal de R$ 73,7 bilhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta terça-feira...

Professor suspeito de esfaquear diretor em escola no AM disse à polícia que era ‘perseguido’

O professor Ribamar Alves Ramos, de 36 anos, suspeito de...

Travessia sobre rio Autaz Mirim, na BR-319, é paralisada após cabo de balsa romper

A travessia de veículos sobre o Rio Autaz Mirim...