Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais trouxeram uma novidade sobre o estado brasileiro que costuma registrar os maiores índices de devastação da Amazônia.
Em fevereiro deste ano, as áreas sob alertas de desmatamento na Amazônia somaram 322 km², segundo o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais: um aumento de 62% em relação a fevereiro de 2022.
Dos nove estados da Amazônia Legal, somente no Pará houve redução no desmatamento: 6% a menos em relação a fevereiro do ano passado. Considerando os dois primeiros meses deste ano, a queda do desmatamento no Pará foi mais expressiva: 33%. E nenhum município paraense ficou entre os dez com mais áreas devastadas no período.
A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará diz que, embora a grande cobertura de nuvens, comum nessa época mais chuvosa na Amazônia, possa ter atrapalhado a visualização de novas áreas desmatadas pelos satélites, o reforço das ações de fiscalização influenciou na redução do desmatamento.
No mês passado, o governo do Pará decretou estado de emergência ambiental nos 15 municípios que concentram 75% do desmatamento e incêndios florestais no estado. A medida vale por 180 dias.
Entre as ações está a Operação Curupira, que instalou bases fixas nos municípios de São Félix do Xingu, Uruará e Novo Progresso, no sudoeste do estado. Em um mês, a operação apreendeu máquinas usadas na extração ilegal de minério, embargou cinco garimpos e mais de mil hectares de áreas desmatadas ilegalmente.
No Pará, 70% do território são de responsabilidade federal.
“Vamos criar um grupo de trabalho entre a Secretaria de Meio Ambiente do Pará, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama para tratarmos de fiscalização. Vamos trabalhar em coordenação com o governo federal e esperamos manter esses níveis de diminuição de desmatamento no estado”, afirmaconta o secretário do Meio Ambiente do Pará, Mauro Ó de Almeida.
Apesar da redução do desmatamento no início deste ano, o desafio ainda é grande. Desde 2006, o Pará é o estado onde há mais desmatamento na Amazônia, segundo as taxas anuais do Inpe.
O secretário de Meio Ambiente do Pará diz que a solução para reduzir a devastação da floresta também depende do estímulo à produção sustentável.
“Nós estamos em uma fase de implementação do plano estadual de bioeconomia, do programa território sustentável, de assistência técnica rural, abertura de crédito ao pequeno produtor. Então, a gente não só visa o combate ao desmatamento puro e simples, o comando e controle puro simples, estamos trabalhando na perspectiva de mudança da base econômica do estado para uma economia de baixo carbono”, explica.
O Observatório do Clima afirma que projetos de geração de renda com a floresta em pé são essenciais para zerar o desmatamento ilegal.
“Apenas você combater o crime não vai ser sustentável no longo prazo. A gente precisa colocar economia boa no lugar da economia ruim para, aos poucos, você ir escanteando, tirando de jogo, tirando da cena econômica, o crime ambiental e colocando no seu lugar formas de renda que mantém a floresta viva”, defende Marcio Astrini.
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