Em um relatório divulgado nesta sexta-feira (21), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que a temperatura média global ficou 1.15ºC acima da era pré-industrial em 2022.
Além disso, a agência também confirmou que os últimos oito anos foram os oito anos mais quentes já registrados e que o ano passado foi o “5º ou 6º ano mais quente” desde então
E tudo isso tem uma explicação clara: o aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa e o acúmulo constante de calor.
Como consequência disso, vimos ao longo de 2022 ondas calor extremas, secas e inundações devastadoras, ressaltou a OMM.
“Em 2022, a seca contínua na África Oriental, as chuvas recordes no Paquistão e as ondas de calor recordes na China e na Europa afetaram dezenas de milhões, causaram insegurança alimentar, impulsionaram a migração em massa e custaram bilhões de dólares em perdas e danos”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
O relatório anual, divulgado um dia antes do Dia da Terra, também mostrou que o gelo marinho na Antártica recuou para uma taxa mínima recorde em junho e julho. Já os oceanos tiveram as temperaturas mais quentes já registradas, com cerca de 58% de suas superfícies experimentando uma onda de calor, afirmou a organização.
Mas por que a taxa de 1,15ºC preocupa?
A OMM chamou atenção que essa taxa foi registrada mesmo com a influência do La Niña, um evento climático natural que manteve as temperaturas globais relativamente “baixas” nos últimos dois anos.
O índice também é preocupante porque é muito próximo de 1.5ºC, o chamado “limite seguro” das mudanças climáticas.
Esse é o limiar de aumento da taxa média de temperatura global que temos que atingir até o final do século para evitar as consequências da crise climática provocada pelo homem por causa da crescente emissão de gases de efeito estufa na nossa atmosfera.
Essa é uma taxa que é medida em referência aos níveis pré-industriais, a partir de quando as emissões de poluentes passaram a afetar significativamente o clima global.
Apesar disso, especialistas vêm alertando ao longo dos últimos anos que as demandas vistas como fundamentais para que o aquecimento do planeta não ultrapasse essa taxa vêm sendo implementadas num ritmo considerado “insuficiente”.
“Temos as ferramentas, o conhecimento e as soluções. Mas temos de acelerar o ritmo. Precisamos de uma ação climática acelerada com cortes de emissões mais profundos e rápidos para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“Também precisamos de investimentos massivamente ampliados em adaptação e resiliência, principalmente para os países e comunidades mais vulneráveis que menos fizeram para causar a crise”, acrescentou.
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