A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, usou as redes sociais nesta sexta-feira (12) para afirmar que o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, “errou e muito” ao usar a expressão “equipe de índios”. O treinador, que é português, pediu desculpas após repercussão negativa.
“O técnico do Palmeiras errou, e muito, na sua declaração. Gostaria de convidá-lo a conhecer a história dos povos indígenas do Brasil. E também conhecer a história de colonização de Portugal, seu país de origem, em relação ao Brasil e como estamos trabalhando para rever isso”, disse Sonia.
“O próprio presidente de Portugal, recentemente, admitiu que o país foi responsável por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil. Uma declaração muito importante porque o reconhecimento de tais crimes é o 1º passo para ações concretas de reparação”, completou.
O técnico do Palmeiras errou, e muito, na sua declaração. Gostaria de convidá-lo a conhecer a história dos povos indígenas do Brasil. E também conhecer a história de colonização de Portugal, seu país de origem, em relação ao Brasil e como estamos trabalhando para rever isso.— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) July 12, 2024
Segundo a ministra, o posicionamento do presidente de Portugal trouxe a “relevância inadiável de avançarmos numa agenda de igualdade étnico racial como premissa da cidadania”. Sonia lembrou que a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, esteve em junho no país europeu e assinou um memorando de entendimento para desenvolver ações para sensibilizar e educar a sociedade sobre a importância da igualdade racial.
“Essas ações são importantíssimas e passam também pelo combate a estereótipos em relação a esses povos, que levam a falas inadmissíveis como essa de Abel Ferreira”, afirmou Sonia.
A palavra índio faz alusão ao ser exclusivamente selvagem e foi usado por colonizadores de forma pejorativa para designar os povos que viviam na América.
Outro lado
A declaração de Abel ocorreu nesta semana durante coletiva de imprensa após a vitória de Palmeiras sobre o Atlético-GO. O português estava analisando a função que determinados jogadores fazem durante a partida, que possibilitam mais dinâmica e equilíbrio ao time. “Porque isso não é uma equipe de índios. Há uma organização e dentro dessa organização há liberdade para eles criarem”, afirmou o esportista.
Depois da repercussão negativa, Abel pediu desculpas. “Repudio toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. Infelizmente, há expressões que continuamos a perpetuar sem que nos debrucemos sobre o seu conteúdo. Errei ao usar uma dessas expressões na coletiva de imprensa. Reconheço que palavras têm poder e impacto, independentemente da intenção. Devemos todos questionar, pensar e melhorar todos os dias. Peço desculpa a todos e, em especial, às comunidades indígenas”, afirmou via assessoria de imprensa.
*R7/Foto: Ascom/MPI