São mais de 50 mil casos por ano, de acordo com o SINAN, 2017 (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), apesar de explícita na Lei Maria da Penha, a violência psicológica não contava com nenhum tipo de punição prevista em lei, até julho de 2021, quando o senado brasileiro aprovou o projeto que torna crime a violência que consista em “causar dano emocional à mulher, prejudicando e perturbando seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões”.
Ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à autodeterminação da mulher, são as várias formas que um abusador utiliza para exercer esse tipo de violência, são agressões que ficaram impunes por muitos anos, mas agora (com milênios de atraso; diga-se de passagem), serão considerados crimes com pena de reclusão prevista de seis meses a dois anos, caso não haja crimes mais graves.
Com o objetivo de informar e ensinar o maior número de mulheres, possível vamos discorrer sobre alguns tipos de violência psicológica que são mais comuns do que pudemos imaginar.
Love Bombing
Ele promete o mundo, faz planos para o futuro e então a vítima começa a pensar que o amor entre eles, foi amor à primeira vista.
Aparecer para “passar um tempo” sem avisar, dizer coisas hiperbólicas como ‘Nós fomos feitos um para o outro’ e ‘Nós estamos tão perfeitos juntos”, mesmo que ela não o conheça muito bem, são exemplos do que o abusador faz para “conquistar”.
Querendo ou não, a vítima se acostuma com essa sensação de ser extremamente amada, e tirar todo esse afeto depois, faz parte da estratégia para tornar a vítima confusa e vulnerável. Quando acontece alguma coisa que não o agrada (uma roupa, um gesto, uma fala, uma amizade), ele se torna agressivo, frio e distante, mexendo com os sentimentos da vítima e minando a sua autoestima, fazendo com que ela sempre pense que está errada.
Gaslighting
manipulação sutil e difícil de provar. O abusador age de forma que a vítima coloque em dúvida suas próprias percepções e sentimentos, até chegar ao ponto de não emitir ou expressar qualquer opnião para evitar decepcioná-lo. Consiste em convencer a mulher, de que ela imagina coisas, fazendo com que ela duvide de tudo que acontece à sua volta. Mudar um quadro de lugar, esconder uma chave, fingir que não disse algo quando realmente falou, são exemplos típicos dessa manipulação.
Ghosting
O abusador mantém um relacionamento com a vítima e de repente desaparece, sem deixar uma explicação que justifique o sumiço repentino. Nas redes socias, pode ser que chegue a bloquear a vítima para evitar qualquer tipo de tentantiva dela entrar em contato.
Benching
O abusador mantém a parceira à sua disposição para não se sentir sozinho, mas nunca assume um compromisso ou firma acordos claros, a vítima mantém a esperança de que isso mude, mas isso não acontece. Ele só a procura quando se sente solitário ou triste, mas nunca está emocionalmente disponível para ela.
Reconhecer esse tipo de violência em uma relação é muito difícil, principalmente porque fomos ensinadas a normalizá-la durante muito tempo, nossa sociedade machista e patriarcal agiu sempre de forma a tornar a mulher uma pessoa submissa sem direito a opinião dentro das relações afetivas. Está na hora de mudarmos essa realidade, e a maneira que torna isso possível é se informando, ao menor sinal de que você possa estar em uma relação abusiva; saia. Peça ajuda. Você não está sozinha.
Danielle Loureiro
Psicóloga
CRP 20/02328
