Espanha busca corpos em cenário de ‘terra arrasada’ após pior enchente do século deixar 155 mortos

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Em cenário de “terra arrasada”, a província de Valência, no leste da Espanha, busca por corpos de vítimas das enchentes repentinas que atingem a região desde terça-feira (29). O pior desastre do século 21 no país deixou 155 mortos até o final da manhã desta quinta (31), segundo as autoridades locais. No início da manhã, eram 95 vítimas contabilizadas.

O ministro dos Transportes e da Mobilidade espanhol, Óscar Puente, disse que ainda há corpos presos dentro de carros atingidos pelas enchentes. Segundo Puente, cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão seriamente danificadas ou bloqueadas, muitas delas por carros abandonados.

As enchentes, provocadas por chuvas torrenciais, deixaram um rastro de destruição, e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país.

A força das águas arrastou carros e transformou ruas de vilarejos em rios. Veículos destruídos ficaram empilhados, fios de energia caíram e móveis domésticos ficaram atolados em uma camada de lama pelas ruas.

A cidade de Valência, a terceira maior da Espanha, foi muito afetada, principalmente na região sul. Vários municípios ao redor dela foram afetados. Em alguns deles, como Turís e Utiel, choveu o esperado para o ano inteiro. (Leia mais abaixo)

Uma ponte foi derrubada pela força da correnteza de um rio em Picanya, e uma mulher foi resgatada de helicóptero com um cachorro no colo e a água batendo em seu pescoço em Utiel, a oeste da cidade de Valência.

Um bebê e uma idosa foram resgatados da enchente por helicóptero nos municípios de Alzira, ao sul do estado, e Catarroja, ao sul da região metropolitana de Valência, respectivamente.

Previsão de mais chuva e críticas a autoridades

 

Há previsão de mais chuva para esta quinta-feira, segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet). Há alerta amarelo de chuvas acumuladas de 20 mm a 30 mm por hora em toda a região de Valência.

A região de Castelló de la Plana, na costa ao norte de Valência, está com alerta vermelho, com previsão de 40 mm de chuva acumulada por hora e um total de 180 mm em um período de 12 horas.

Passada a calamidade inicial, surgiram questionamentos sobre se as autoridades espanholas poderiam ter feito mais para salvar vidas. O governo regional está sendo criticado por não enviar alertas de enchente para os celulares das pessoas até as 20h de terça-feira, quando as enchentes já haviam começado em algumas áreas.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, está indo para a região para testemunhar a destruição de perto, em meio ao luto oficial de três dias no país. Em declaração nesta quinta, Sánchez disse que a tempestade ainda não acabou, pediu para as pessoas não saírem de casa e para ouvirem as recomendações dos serviços de emergência.

A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região nos últimos tempos.

Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que também estão por trás do aumento das temperaturas, secas na Espanha e do aquecimento do Mar Mediterrâneo.

Soldados ajudam nos resgates

 

Com danos que lembram um forte furacão ou tsunami, as tempestades e enchentes que atingiram a região de Valência nesta semana são as pior registradas neste século, segundo a Aemet. A agência disse ainda que o impacto foi maior que as enchentes de 2019 e comparável aos dois grandes temporais dos anos 1980: a chamada enchente de Tous, em 1982, e outro em 1987.

Mais de mil soldados das unidades de resgate de emergência da Espanha se juntaram aos trabalhadores de emergência regionais e locais na busca por corpos e sobreviventes.

A ministra da Defesa, Margarita Robles, disse que somente os soldados já haviam recuperado 22 corpos e resgatado 110 pessoas até a noite de quarta-feira. Até a noite de quarta-feira, autoridades regionais disseram ter resgatado com helicóptero cerca de 70 pessoas presas em telhados e nas casas.

*G1/Foto: AP Foto/Alberto Saiz

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