Bem diferente do sábado (6), dominado por adolescentes, o domingo (7) de The Town foi povoado pelos nascidos entre os anos 1970 e 1990. Nos palcos, veteranos do rock mostraram repertórios nostálgicos, que marcaram a infância e a adolescência de muitos dos que foram ao Autódromo de Interlagos – alguns, acompanhados dos filhos.
Principal atração da noite, o Green Day fez um espetáculo catártico, com críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Bad Religion deu uma aula de atitude e foi bem ao substituir o Sex Pistols, que cancelou a participação no festival. E, do alto dos seus 78 anos, Iggy Pop desafiou qualquer noção de idade e mostrou por que é chamado de padrinho do punk.
Outro ícone do punk, o The Clash foi homenageado em duas apresentações: Supla fez um cover de “I Fought the Law”, música gravada pelo grupo, e o Capital Inicial cantou o sucesso “Should I Stay or Should I Go”.
Ídolos nacionais também emocionaram o público. A banda CPM 22 fez um show focado nos três primeiros álbuns da carreira e fãs foram às lágrimas. A cantora Pitty promoveu um coral gigante, com direito a pedido de casamento na plateia.
Com quase duas horas de duração, o show do Green Day foi um verdadeiro espetáculo. O trio americano colocou o festival no bolso, ao contagiar uma multidão com toda sua rebeldia punk exemplar. Quando o trio entrou no palco, o público já estava em catarse. Sentimento esse que se intensificou ainda mais durante o restante do show. Os músicos chegaram com “American Idiot”, hit que avacalha o sonho americano. Foi quando trocaram o verso “eu não faço parte de uma agenda caipira” por “eu não faço parte de uma agenda MAGA”, em uma crítica a Donald Trump e seu lema “torne a América grandiosa de novo” (“make America great again”). Ao fim da faixa, o vocalista Billie Joe disse: “Feliz dia da independência, Brasil”. Leia mais sobre o show do Green Day no The Town 2025.
O papo “o rock morreu” não tem vez com Iggy Pop. Do alto dos seus 78 anos, o artista teve energia de dar inveja em muito novinho – deixando claro que, se não for para ser assim, ele nem se apresenta. O padrinho do punk subiu ao palco ao som de cachorros latindo. Já começou tirando o colete (durou 5 segundos no corpo) e cantando sucessos como “T.V. Eye”, “Gimme Danger” e “Search and Destroy”, de quando ele era um jovem maluco do grupo Stooges, no fim dos anos 1960. Leia mais sobre o show de Iggy Pop no The Town 2025.
O Bad Religion ministrou uma aula punk no The Town. A forma segura com a qual a banda defendeu seu repertório é explicada pelos 45 anos de carreira, contabilizando mais de 15 vindas ao Brasil. A banda deixou claro que foi uma boa escolha para o lugar do Sex Pistols, que cancelou a vinda ao festival de última hora, após o guitarrista Steve Jones quebrar o pulso. “Há uma semana estávamos de férias, mas essas são férias diferentes”, comparou o vocalista Greg Graffin, no começo. Leia mais sobre o show do Bad Religion no The Town 2025.
Pitty
Pitty deu um show de nostalgia. A cantora colocou seu poderoso gogó para jogo e levou ao palco The One uma sequência de hits que marcaram o auge de sua carreira. O público não apenas contemplou a apresentação com a alma, mas também se tornou um grande coral emocionante. Entraram no setlist sucessos como “Teto de Vidro”, “Semana que Vem” e “Memórias” — nessa aqui, ela pediu para os fãs formarem rodinhas punk e foi atendida com bastante energia. Leia mais sobre o show de Pitty no The Town 2025.
Com ou sem Iron Maiden, Bruce Dickinson é de casa. O vocalista comprovou no The Town que ainda está com a voz e o fôlego em dia, cantando a plenos pulmões enquanto corria por toda a extensão do palco. Como faz desde os anos 1990, o músico prefere deixar de fora os grandes cenários e toda a teatralidade que marca o trabalho do grupo; aqui, o conceito é ele mesmo e seus vocais operísticos. Leia mais sobre o show de Bruce Dickinson no The Town 2025.
CPM 22
O CPM 22 abraçou a nostalgia de seu repertório ao se apresentar no The Town. Em um dia com programação dedicada aos nascidos entre os anos 70, 80 e 90, o público esperava exatamente por isso, e retribuiu cantando do início ao fim as letras sentimentais da banda, num enorme karaokê roqueiro. São 30 anos de banda, e eles continuam produzindo: o disco mais recente, “Enfrente”, saiu em 2024. Mas o foco no festival foram os três primeiros álbuns, lançados entre 2000 e 2005. Leia mais sobre o show do CPM 22 no The Town 2025.
Capital Inicial
O Capital Inicial levou ao The Town um show praticamente idêntico ao que mostrou em suas últimas participações no Rock in Rio, festival dos mesmos organizadores, que teve a participação da banda em oito edições. No palco do Autódromo de Interlagos, o grupo de Brasília repetiu o setlist com os sucessos de sempre, lançados entre o fim dos anos 1980 e início de 2000, sem grandes surpresas nos arranjos. Leia mais sobre o show do Capital Inicial no The Town 2025.
Supla e Inocentes
O show de abertura do segundo dia do The Town teve um momento inusitado: Supla apresentou uma versão de “As it was”, de Harry Styles, no palco The One, que colocou o público jovem para dançar, enquanto os fãs das antigas torceram o nariz. O show também ganhou tom de protesto com a participação da banda Inocentes, que pediram o fim da escala 6×1 e levantaram bandeiras políticas. Leia mais sobre o show de Supla e Inocentes no The Town 2025.
*g1/Foto: Fábio Tito/g1




