Sinto-me lisonjeado e profundamente motivado pela oportunidade de expressar minha opinião nesta coluna no Portal OPP. Certamente, neste espaço, irei manifestar pensamentos que brotam da vivência prática e da análise crítica de quem percorre as ruas, conhece as entranhas da cidade e acredita que o parlamento deve servir à dignidade humana e à ordem social.
Quero abrir esta nova fase abordando um tema que tem afligido as grandes cidades brasileiras: o colapso do funcionamento dos centros urbanos, especialmente das regiões centrais das capitais, que têm sido dominadas por uma triste realidade, qual seja: a presença constante do tráfico de drogas, do uso descontrolado de substâncias como crack, oxi, cola de sapateiro e outros entorpecentes, e de uma população vulnerável, completamente posta à margem da sociedade.
Trata-se de uma questão que extrapola o campo da segurança pública. É um problema de saúde, de assistência social, de urbanismo, de economia, de cidadania. E, acima de tudo, é um problema humano. O que vemos nas chamadas cracolândias é a falência múltipla das políticas públicas. Ali, não convivem polícia, traficante e vulneráveis. Isso é um equívoco grave: querer tratar todos da mesma forma.
Não se pode colocar no mesmo patamar o dependente químico que foi tragado pela miséria e o traficante que lucra em cima do sofrimento alheio. O Estado não pode errar duas vezes: primeiro ao se omitir e depois ao não saber diferenciar quem precisa de tratamento de quem precisa de repressão.
As cracolândias são a imagem viva do abandono. São o comércio da miséria humana. Ali se destrói não apenas a vida dos usuários, mas tudo ao redor. O pequeno comerciante perde seu sustento, o turismo desaparece, o patrimônio público se degrada e, pior, o Estado revela sua inoperância e, o que é mais grave, sua indiferença com o ser humano.
Nesta sexta-feira, dia 13/06, estaremos discutindo esse cenário com o Vice-Prefeito, Cel. Mello Araújo, que vem a Manaus e tem liderado um importante trabalho no campo da defesa social na maior cidade da América Latina. Vamos dialogar, trocar experiências e pensar soluções que respeitem os direitos fundamentais, mas que também restabeleçam a ordem e a funcionalidade dos espaços urbanos.
Em Manaus, o problema se apresenta de outra forma: as cracolândias são menores, fragmentadas, espalhadas por diversos pontos da cidade. Mas o impacto é igualmente devastador. A ausência de um plano estruturado, de uma política articulada, de um olhar contínuo do poder público, tem deixado cicatrizes profundas na sociedade e na economia.
*Por Coronel Rosses/ Arte: Casa Filmes