A Justiça argentina realizou na sexta-feira (9) uma operação de busca e apreensão no apartamento do ex-presidente Alberto Fernández, após denúncia de violência física feita pela ex-primeira-dama Fabiola Yañez. Um celular foi confiscado durante a ação.
Segundo a imprensa argentina, a medida visa verificar se o ex-presidente continuou “assediando” sua ex-parceira após receber a notificação de que não deveria manter contato com ela.
No momento da operação, Fernández estava no apartamento acompanhado do meio-irmão Pablo Galindez e de algumas outras pessoas. Esta é a primeira medida adotada no caso, que está sob sigilo.
Na quinta-feira (8), imagens da ex-primeira-dama com hematomas no braço e no rosto foram reveladas pelo site de notícias argentino Infobae. Na troca de mensagens com o ex-companheiro, Yañez cita que foi agredida por três dias seguidos.
Em outro trecho, ela afirmou: “Isso não funciona assim, você me agride o tempo todo. É insólito. Não pode me fazer isso quando eu não te fiz nada. E tudo o que tento fazer com a mente centrada é te defender, e você me agride fisicamente. Não há explicação”.
Yañez fez a denúncia contra o ex-presidente na terça-feira (6) durante uma videoconferência com o juiz federal Julián Ercolini, que ordenou imediatamente medidas de “restrição” e “proteção” para a mulher. As medidas urgentes tomadas incluem uma ordem para que o ex-presidente não se aproxime dela e não deixe o país.
A ex-primeira-dama contou que era agredida fisicamente quando vivia na Quinta de Olivos, residência oficial da presidência argentina. Fernández foi presidente da Argentina entre 2019 e 2023.
O ex-presidente negou as acusações em nota publicada nas redes sociais e afirmou que vai apresentar à Justiça “as provas e testemunhos que evidenciarão o que realmente aconteceu”.
Trocas de mensagens
De acordo com as mensagens publicadas pelo site argentino, o ex-presidente pediu para que a mulher parasse de discutir e justificou que eles brigavam “por causa dos outros”. Ao fim da mensagem, ele disse: “Por favor. Venha”.
Na sequência, Yañez afirmou: “Você está me agredindo novamente. Você está louco”. Fernández respondeu que se sentia mal. Após a mulher ter falado que estava sendo agredida há três dias, o ex-presidente reagiu: “Estou com dificuldade para respirar. Por favor, pare. Estou me sentindo muito mal”.
Ainda segundo o Infobae, Yañez enviava as fotos a Fernández reclamando das atitudes violentas. “E quando você me sacudiu pelos braços, me deixou hematomas. Isso é quando você me sacudiu.” Após ter enviado uma foto com o olho roxo, a mulher ironizou Fernández. “Isso foi quando você me bateu sem querer.”
As mensagens foram descobertas no contexto de outro caso que também está sendo conduzido por Ercolini, que investiga supostos atos de corrupção cometidos durante a gestão de Fernández. A ex-primeira-dama e a então secretária particular do ex-presidente, María Cantero, conversaram sobre as agressões.
O celular de Cantero foi periciado pela Justiça por conta do caso do suposto tráfico de influência a favor de um produtor de seguros próximo a Fernández, Héctor Martínez Sosa.
Segundo a publicação do site argentino, um dos próximos passos no processo é o depoimento da ex-primeira-dama, que não tinha data marcada até a última atualização desta reportagem. Porém, a expectativa é de que ocorra em breve.
Yáñez, de 43 anos, e Fernández, de 65, foram casados durante todo o mandato dele e tiveram um filho em 2022 chamado Francisco. Yáñez vive em Madri com o filho, enquanto Fernández mora em Buenos Aires.
*G1/Foto: Infobae/Reprodução