A pousada Cheiro do Mato, que pertence ao empresário alemão Wolfgang Brog, de 75 anos, que está foragido após ser denunciado por gerenciar uma rede de exploração sexual de menores no Amazonas, funcionava de forma clandestina, segundo a Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur).
O local fica em uma região de mata, a cerca de 120 quilômetros de Manaus, no meio da floresta amazônica, e era usado para favorecer a prostituição de crianças e adolescentes, segundo as investigações da Polícia Civil.
De acordo com a Amazonastur, o estabelecimento não pode ser caracterizado como meio de hospedagem, uma vez que não há registro no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo, além de não ter condições necessárias para receber turistas.
“O empreendimento não atende às condições legais para o regular funcionamento, o que leva a crer que trata-se, aparentemente, de uma atividade clandestina”, disse a Empresa Estadual de Turismo.
Rede de exploração sexual
Uma adolescente de 15 anos gravou um vídeo onde aparece sendo estuprada pelo empresário alemão no local. A denúncia da vítima revelou à polícia todo o esquema criminoso e deu fim ao ciclo de abusos que ela sofria desde os 6 anos.
Wolfgang também é proprietário de um barco, o “Aynara”. A Polícia Civil disse que o alemão usava os rios da Amazônia para transportar as adolescentes até a pousada Cheiro do Mato.
As meninas eram oferecidas aos hóspedes. “Ele tinha uma embarcação privada, só para esse transporte”, disse a delegada Joyce Coelho.
Na última quinta-feira (18), policiais fizeram buscas no local e apreenderam fitas de vídeo, HDs, pen drives e um computador – o material ainda vai ser periciado. Keila Vilhena Reis, mãe da menina, também foi presa em casa e os policiais apreenderam celulares e encontraram uma algema, usada por Wolfgang Brog durante os estupros.
Campanhas de combate à exploração sexual
A Amazonastur informou, ainda, que atua de forma preventiva com campanhas permanentes de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em meios de hospedagens, em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) e a Companhia de Policiamento Turístico da Polícia Militar do Amazonas (Politur), que apoiam as ações de sensibilização.
Somente em 2023, a Amazonastur atuou mais de 50 ações para tornar o turismo no estado mais seguro e responsável, conscientizando os prestadores de serviços.
Foragido
O alemão é investigado por estupro e exploração sexual de menores de idade. Ele saiu do Brasil, no início de abril deste ano, após saber das investigações, e é considerado foragido.
A polícia informou que o alemão não tem advogado constituído no Brasil. Em áudios enviados ao Fantástico, Wolfgang Brug se defendeu das acusações de abusos contra menores.
“Todas as acusações é construída”, disse. “Não tem nenhuma prova sobre isso, tá? Eu nem sei de quem eles estão falando, que mulheres são isso”, completou.
O alemão disse, ainda, que não pretende voltar ao país. “Eu não voltar para o Brasil naquela situação agora. É claro que eu quero voltar para o Brasil, mas nessa situação,, no momento, é muito difícil”, afirmou.
*g1 / Foto: Rede Amazônica