Após Receita suspender isenção a pastores, TCU diz ainda avaliar tema

Publicado em

Após a suspensão, pela Receita Federal, da isenção de impostos para a remuneração recebida por ministros de confissão religiosa, como pastores, o Tribunal de Contas da União (TCU) disse que o assunto ainda é objeto de análise, diante de “possível desvio de finalidade e ausência de motivação”.

Em ato publicado na edição de quarta-feira (17/1) do Diário Oficial da União (DOU), assinado pelo secretário especial da Receita, Robinson Barreirinhas, o governo suspendeu a isenção dada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto de 2022, às vésperas das eleições.

Em nota, a Receita informou que atendeu determinação proposta pelo Ministério Público perante o Tribunal de Contas da União (MPTCU).

Em seguida, o TCU esclareceu que “o assunto é objeto de análise no processo TC 018.933/2022-0, de relatoria do ministro Aroldo Cedraz, ainda sem decisão do TCU”.

Esse processo trata de representação do MPTCU para avaliar a legalidade e legitimidade da ampliação de isenção de impostos para remuneração recebida por pastores conferida pela referida norma, diante de possível desvio de finalidade e ausência de motivação.

“O TCU se manifesta apenas por meio de seus acórdãos ou por decisões monocráticas dos seus ministros”, concluiu o tribunal.

O ato assinado pelo então secretário especial da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes, beneficiava ministros de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa. Segundo a Receita, os valores recebidos pelos pastores não seriam considerados como remuneração direta ou indireta.

Ligado ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Vieira Gomes foi um dos personagens do caso das joias sauditas, ocorrido em 2021 e revelado em 2023. Ele teria pressionado auditores fiscais a liberarem as joias sauditas apreendidas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Repercussão

A Frente Parlamentar Evangélica (FPE), mais conhecida como bancada evangélica, tem reagido contrariamente ao ato do governo Lula (PT).

O grupo disse ver a decisão com “estranheza”. “São ações como essa que, cada vez mais, afastam a população cristã do governo federal. Fica muito claro os ataques que continuamente vêm sendo feitos ao segmento cristão através das instituições governamentais, atacando aqueles que não apoiam suas propostas. Trata-se de um ‘ataque explícito’ ao segmento religioso, parcela importante da sociedade brasileira.”

O deputado federal Sóstenes Calvante (PL-RJ), que liderou a bancada em 2022, disse que essa é “mais uma dose do veneno do PT contra os religiosos”. “Sem esse documento, as religiões voltam a ficar à mercê da chantagem de alguns maus intencionados fiscais, que, esclareço, não são a maioria, mas uma minoria de fiscais que agem interpretativamente com a finalidade de perseguição e ou chantagem”, defendeu.

“Lula tirou de uma vez a máscara, e iniciou sua vingança através da perseguição religiosa”, afirmou o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP).

O senador e ex-ministro de Bolsonaro Ciro Nogueira (PP-PI) classificou o ato como “perseguição”. “No Brasil, o governo do PT segue a cartilha contra algumas igrejas e algumas denominações religiosas com ferro e fogo. Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ensina o provérbio”, escreveu ele no X (antigo Twitter).

Como é um ato declaratório da Receita, não cabe ao Congresso sustá-lo ou tomar outra medida para revogá-lo.

Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

*Metrópoles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe

Assine Grátis!

spot_imgspot_img

Popular

Relacionandos
Artigos

João Fonseca pode igualar Sinner e Alcaraz com título do Next Gen ATP Finals: “Caminho certo”

João Fonseca está no caminho de se tornar um...

Dois pilotos da Marinha dos EUA se ejetam de caça atingido por ‘fogo amigo’ no Mar Vermelho

Dois pilotos da Marinha dos Estados Unidos precisaram se ejetar de...

Israel atinge escola e mata 17 palestinos em ataques a Gaza; hospital tem ordem de evacuação

Ataques israelenses em toda a Faixa de Gaza mataram pelo menos...