Artistas protestam em Manaus contra morte de venezuelana que viajava de bike pelo Brasil

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Artistas e amigos da venezuelana Julieta Hernández, que foi morta no interior do Amazonas enquanto viajava de bicicleta pelo Brasil, fizeram um protesto na tarde deste sábado (6), em Manaus. Indignados com a brutalidade do crime, eles ocuparam um dos símbolos do turismo no estado, o Largo de São Sebastião, que fica diante do Teatro Amazonas, e chamaram a atenção das autoridades para o caso.

Julieta estava no Brasil há 8 anos, ela pedalava por diversos estados do país fazendo apresentações circenses. Em passagem pela cidade de Presidente Figueiredo , ela foi atacada por um casal que estava morando de favor no mesmo refúgio que a artista estava hospedada, segundo a polícia.

Os suspeitos de envolvimento no crime estão presos. Em depoimento à polícia, um deles disse que o crime foi cometido 14 dias atrás, mesmo período em que os amigos da vítima perderam o contato com ela.

Jady Castro, artista de dança no ato em memória da venezuelana Julieta Hernández — Foto: Divulgação/Circo Caboclo
Jady Castro, artista de dança no ato em memória da venezuelana Julieta Hernández — Foto: Divulgação/Circo Caboclo

O ato em memória da venezuelana na capital amazonense foi convocado pelas redes sociais e organizado coletivamente por artistas, grupos de teatro, circo e artes cênicas. Além de membros de centros culturais e movimentos sociais participaram da ação denominada “Para Sempre #JulietaPresente”.

“Fizemos um ato simbólico pedindo justiça pelo o que aconteceu com a nossa amiga, também falamos palavras de ordem pelo fim do feminicídio no Amazonas. Tudo é muito sensível para a gente e até gatilho mesmo”, disse ao g1, a artista de dança, Jady Castro.

Artista venezuelana Julieta Hernández é econtrada morta enquanto viajava pelo Amazonas — Foto: Redes socais
Artista venezuelana Julieta Hernández é econtrada morta enquanto viajava pelo Amazonas — Foto: Redes socais

Jady contou que o protesto reuniu cerca de 40 pessoas. O grupo contava ainda com a presença de ciclistas e visitantes que estavam presentes durante a ação no Largo de São Sebastião.

“A Julieta era muito conhecida em Manaus, já participei de trabalhos dela, passou em 2023 apresentado espetáculos no Barravento, era uma amiga. Perdemos uma amiga, mas sobretudo uma mulher”, ressaltou Jady Castro.

Ato em memória da venezuelana Julieta Hernández no Largo de São Sebastião em Manaus — Foto: Divulgação/Circo Caboclo
Ato em memória da venezuelana Julieta Hernández no Largo de São Sebastião em Manaus — Foto: Divulgação/Circo Caboclo

Desaparecimento

Ao g1, a amiga da artista, Ana Melo, contou que ela estava no Brasil desde 2015 e fazia parte grupo de artistas e cicloviajantes “Pé Vermêi”. Enquanto pedalam pelo país, os membros do grupo costumam informar os demais sobre onde estão, antes de ficarem sem sinal de telefone e internet.

Há 14 dias atrás Julieta desapareceu na cidade de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas. O último contato recebido pelos membros da equipe aconteceu no dia 23 de dezembro de 2023. A venezuelana informou que estava a caminho de seu país de origem.

“Antes dela ficar sem sinal, a gente já sabia que seria um trajeto desafiador. Julieta é bem experiente, já tem anos que ela pedala pelo Brasil e agora está voltando para Venezuela. O que a gente achou estranho foi o fato dela não ter avisado que ficaria sem sinal. Simplesmente as mensagens pararam de chegar e a gente não conseguia mais localizá-la”, contou Ana Melo.

Prisão dos suspeitos

Na sexta-feira (5), um corpo foi encontrado na área de mata de Presidente Figueiredo. No mesmo dia, um casal, que não tiveram os nomes divulgados, foram presos pela Polícia Civil, suspeitos de envolvimento no crime.

Local onde o corpo foi encontrado em área de mata no interiro do Amazonas. — Foto: Francisco Carioca, da Rede Amazônica
Local onde o corpo foi encontrado em área de mata no interiro do Amazonas. — Foto: Francisco Carioca, da Rede Amazônica

Na ocasião, o corpo da artista e partes da bicicleta que ela utilizava foram encontrados nas proximidades de um refúgio onde a artista estava hospedada.

O delegado Valdinei Silva contou que os suspeitos confessaram o crime e que, inicialmente, eles devem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Bicicleta e pertences da venezuelana encontrados no interior do Amazonas. — Foto: Francisco Carioca, da Rede Amazônica.
Bicicleta e pertences da venezuelana encontrados no interior do Amazonas. — Foto: Francisco Carioca, da Rede Amazônica.

Na delegacia, os dois presos deram versões diferentes sobre o crime. A mulher confessou que matou a venezuelana, após uma crise de ciúmes. Isso, porque ela presenciou o companheiro estuprando a vítima depois de roubar os pertences dela.

Já o homem contou uma versão diferente para a polícia. De acordo com ele, a venezuelana e ele usavam drogas, quando a companheira ficou com ciúme, jogou álcool nos dois e ateou fogo.

A assessoria da Polícia Civil informou que uma coletiva de imprensa será realizada na segunda-feira (9) para informar outros detalhes sobre a investigação do caso.

Confirmação da morte

O Departamento de Polícia Técnico-Cientifica (DPTC) informou, na noite de sábado (6), que o corpo encontrado na área de mata de Presidente Figueiredo, era de Julieta Hernández. A informação também foi confirmada ao g1 pelo delegado da 37º Delegacia de Polícia, Valdinei Silva.

A identificação foi realizada por meio do procedimento de necropapiloscopia, realizado em conjunto por peritos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Identificação do Amazonas.

Amigos de Julieta Hernández, disseram ao g1, neste domingo (7), que família da artista deve chegar à capital amazonense nos próximos dias.

*g1

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