Das 14 bancas instaladas na Avenida Eduardo Ribeiro, somente três mantém vendas de revistas e gibis como produto principal. É a resistência do negócio físico em um setor comercial praticamente superado pelas publicações digitais e vendas online. As demais se adaptaram para evitar a “extinção”.
Máximo conta que muitos donos de banca de revistas abandonaram a atividade e “passaram a banca” para terceiros que oferecem outros produtos. “Eu decidi ficar e trabalhar com sebo e hoje tenho que vender também outros produtos, como água mineral, para manter as vendas”, diz.
Segundo Máximo, as duas únicas revistas que ele ainda recebe são Isto é e Carta Capital, os outros impressos são de publicações antigas. “Eu tenho todo tipo de revista, até científicas. A única coisa que eu não vendo é revista pornográfica, porque não é o meu público e nem jornal, porque as pessoas leem as notícias pelo celular”, conta.
O material impresso mais procurado, segundo o jornaleiro, são as revistas em quadrinhos de super-heróis e da Turma da Mônica. O público é formado por colecionadores. “As edições que eu tenho são de 1982, são edições raras e os colecionadores procuram muito e estão dispostos a pagar um preço alto pelas revistinhas. Os meus fornecedores também são colecionadores e pessoas que querem se desfazer desse tipo de material”, diz Máximo.
A reportagem do ATUAL percorreu ruas e avenidas onde antes existiam bancas de revistas. Atualmente, nas bancas são oferecidos acessórios para celular, sorvetes e refrigerantes, bijuterias, serviços de fotocópias e cópias de chaves.
“O mercado digital afetou todo mundo. Antes você podia vender cartões de Natal, mas tudo isso acabou. O surgimento dos shoppings em Manaus também fez com que as vendas diminuíssem, muita gente começou a comprar revistas, gibis e livros nas grandes lojas do shopping. Mas é o progresso e você tem que aceitar”, diz Máximo, que recebeu proposta para mudar o segmento da banca. “Eu gosto de ler e vou continuar”, afirma.
Novos comportamentos
Segundo José Maria Mendes, proprietário da Livraria Nacional, nos anos 80 havia uma banca de revistas em cada esquina do Centro de Manaus. “Além da chegada das versões digitais das revistas e a falência de algumas editoras, como a Editora Abril, hoje as pessoas leem pouco e deixaram de dar livros como um presente. O estudante, por exemplo, não quer ler para aprender, ele quer passar de ano e conseguir um emprego. Outros querem somente copiar da Internet. Não sei qual vai ser o futuro do livro e da revista impressa”, diz o livreiro.
“Mas ainda temos um público que ama os livros que são os aposentados, mas eles têm dificuldade de ir presencialmente a uma livraria”, complementa.
Uma das estratégias empresariais para atrair o público ao material impresso usada pelos donos de livraria em Manaus é transformar o espaço da livraria em galerias de exposições, com auditório para palestras e cafeteria, além de focar em temas da Amazônia.
“O comércio de revistas impressas praticamente deixou de existir devido ao digital que é mais ágil, barato e cômodo. O livro tem natureza diferente das revistas. Por isso, permanece sendo impresso em papel, mas seu comércio foi muito afetado pelas novas formas de aquisição. Poucas pessoas vão às livrarias e compram on-line”, diz Isaac Maciel, dono da Editora Valer, que insiste no negócio.
O empresário vai reinaugurar a Livraria Valer no dia 8 de dezembro. A empresa manterá investimento no resgate de textos relevantes e há muitos anos fora de circulação e que estão sendo recuperados, enriquecidos por estudos analíticos, com ortografia atualizada, e disponibilizados para os leitores. É o caso das obras Viagem Filosófica, de Alexandre Rodrigues; Simá, de Lourenço Amazonas; Poranduba Amazonense, de Barbosa Rodrigues; e A Árvore que Chora, de Vicki Baum.
Fonte: Amazonas Atual/Foto: Milton Almeida/AM ATUAL