Bicheiro Rogério Andrade é transferido para presídio federal no Mato Grosso do Sul

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O contraventor Rogério de Andrade, patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e maior bicheiro do Rio, foi transferido, nesta terça-feira (12), para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.

O bicheiro deixou a Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino (Bangu 1), no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio, no começo da manhã.

Rogério foi preso no final do mês passado na Operação Último Ato, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). O contraventor é acusado de ser o mandante da morte do rival Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020.

Esquema de segurança

O bicheiro saiu de Bangu escoltado por 4 viaturas do Serviço de Operações Especiais (SOE), que é o Grupamento de Escolta Penitenciária da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) — e foi levado até a Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador.

Lá, uma aeronave da Polícia Federal (PF) o aguardava para fazer a transferência. O avião com agentes federais e o bicheiro decolou, rumo ao Centro Oeste do país, pouco depois das 12h.

A ida do contraventor para o presídio federal foi confirmada na quarta-feira (6) pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), que vinha negociando a transferência com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça. Ele ficará no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Na segunda (4) passada, o TJRJ negou dois pedidos de habeas corpus (HC), impetrados pelo advogado Raphael Mattos, que defende o contraventor.

O primeiro pedia a revogação da prisão preventiva de Rogério. Já o segundo solicitava a suspensão dos efeitos da decisão que determinou a inclusão de Rogério de Andrade no RDD. Os dois pedidos foram negados pela desembargadora Elizabete Alves de Aguiar, da 8ª Câmara Criminal do Órgão Especial do TJRJ.

Briga pelo poder

Castor de Andrade era um dos chefões do jogo do bicho no Rio e morreu de infarto em 1997. Iggnácio, que o sogro sempre considerou favorito para sucedê-lo, assumiu esse império e o expandiu com máquinas de caça-níqueis.

Rogério é sobrinho de Castor e sempre teve desavenças com o Iggnácio. No fim dos anos 90, Rogério revolveu investir também no caça-níquel e passou a invadir parte do negócio de Iggnácio, dando início a uma guerra sangrenta na família: pelo menos 50 pessoas foram assassinadas na disputa.

Vaivém na Justiça

Em março de 2021, o MPRJ tinha denunciado Rogério Andrade como mandante da morte de Iggnácio. No entanto, em fevereiro de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu trancar a ação penal contra o contraventor, alegando falta de provas.

“Em novo procedimento investigatório criminal, o Gaeco identificou não só sucessivas execuções protagonizadas pela disputa entre os contraventores Fernando Iggnácio e Rogério de Andrade, mas também a participação de uma outra pessoa no homicídio de Fernando: Gilmar foi o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime”, narra o MPRJ.

Sem tornozeleira

Em abril deste ano, Rogério Andrade retirou a tornozeleira eletrônica que monitorava seus deslocamentos, após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). O contraventor ficou quase 1 ano e meio com a tornozeleira eletrônica e cumprindo recolhimento domiciliar noturno, sem poder sair de casa após as 18h.

A vigilância eletrônica decorria da 2ª fase da Operação Calígula, em agosto de 2022, quando Andrade foi preso ao lado do filho, Gustavo.

A Operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ no dia 10 de maio de 2022, teve mais de 30 denunciados e 14 presos. Rogério e o filho Gustavo ficaram inicialmente foragidos. O nome de Rogério chegou a constar da lista dos mais procurados da Interpol.

Entre os presos estavam os delegados Marcos Cipriano e Adriana Belém.

Segundo a denúncia do MPRJ que embasou a operação, Rogério Andrade expandia seus negócios de exploração de jogos de azar em vasta área geográfica, mediante a imposição de domínio territorial com violência, além da prática reiterada e sistêmica dos crimes de corrupção ativa, homicídio, lavagem de dinheiro, extorsão e ameaça, dentre outros.

Rogério seria o chefe da organização criminosa que contava ainda com o PM reformado Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, e a delegada Adriana Belém, que facilitaria as ações do grupo.

Gustavo aparecia como o número 2 na hierarquia criminosa montada por Rogério Andrade. É também chamado de Príncipe Regente.

O outro lado

Em nota, a defesa de Adriana Belém afirmou que “repudia veementemente a afirmação de que ela fazia parte de organização criminosa, sendo certo que o próprio Ministério Público não formulou contra ela acusação de pertencimento à organização criminosa”.

Ainda de acordo com os advogados da delegada, “nos processos em curso, que tratam de outros temas, a defesa vem comprovando a absoluta regularidade dos atos praticados por Adriana e confia que, ao final, ela será absolvida”.

A TV Globo não conseguiu contato com a defesa dos outros citados.

Fonte: G1/Foto: g1

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