A defesa de Jair Bolsonaro pedirá ao STF a anulação do inquérito e da ação penal sobre golpe de Estado após a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar, nesta quinta-feira (27/3), pelo arquivamento de uma outra investigação que mirava o ex-presidente por suposta fraude na carteira de vacinação. O argumento é que as operações policiais decorrentes do caso das vacinas teriam sido deflagradas com o único objetivo de prender aliados e apreender documentos e aparelhos eletrônicos que pudessem municiar outras apurações contra Bolsonaro. Proibida no Brasil, a prática é conhecida como fishing expedition [pescaria probatória] no jargão jurídico.
Em entrevista à coluna, o advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, sustentou: “Tudo no inquérito das vacinas foi usado para fishing expedition. Usaram a investigação das vacinas para fazer buscas, apreensões e promover uma auditoria nos investigados. Foi a partir desse inquérito das vacinas, que nada encontrou contra Bolsonaro, que surgiram os casos das joias e golpe”. “Vamos usar isso no tempo certo para pedir a anulação [do inquérito e da ação penal sobre golpe de Estado]”, finalizou o advogado.
A investigação sobre o cartão de vacinas de Bolsonaro levou à prisão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o militar foi preso pela primeira vez em maio de 2023, suspeito de envolvimento em fraudes.
Quatro meses depois, Moraes homologou a delação premiada de Cid. O documento lastreou as investigações da Polícia Federal contra Bolsonaro sobre golpe de Estado e joias sauditas.