Futuro calouro da F1 em 2025 e 33º piloto do Brasil na categoria, Gabriel Bortoleto seguirá no próximo ano os passos de dois compatriotas: Felipe Massa, e Felipe Nasr. A dupla de xarás, assim como fará o jovem campeão da Fórmula 3 de 2023, começou sua trajetória na categoria pela Sauber. E se o caminho de Nasr não durou o esperado na elite do automobilismo europeu, Massa viveu nela o suficiente para alcançar até um vice-campeonato mundial.
Ao todo, a Sauber já recepcionou três pilotos brasileiros: o primeiro deles foi Pedro Paulo Diniz, que representou a equipe suíça nas temporadas de 1999 e 2000. Seu melhor resultado foi um sexto lugar, que repetiu nos GPs do Canadá, Inglaterra e Áustria do primeiro ano de parceria – este, muito afetado por batidas e quebras.
O caminho, porém, não foi fácil para nenhum dos dois brasileiros que debutaram pelo time de Peter Sauber: Massa, por exemplo, estreou em 2002, um ano após ter assinado com a Ferrari visando uma contratação futura com o time. Ele abandonou metade das corridas que disputou; em cinco, por acidentes.
Ele teve como melhor resultado um quinto lugar na Espanha, e outras duas sextas colocações nos GPs da Malásia e Europa – na época, só os seis primeiros pontuavam. Beat Zehnder, na época gerente da Sauber – com experiência de mais de 500 GPs completados em 2020 -, revelou ao podcast oficial da F1 há dois anos que Massa teve uma adaptação difícil na equipe, causando sua não renovação.
O brasileiro também não tinha o domínio técnico necessário para ajudar no desenvolvimento do carro:
– Tivemos alguns problemas com Felipe, tivemos que demiti-lo em 2002. Aí ele voltou em 2004, porque em 2002 foi um desastre. Ele era uma criança, não concordava em aprender, ouvir conselhos no carro. Depois de 2003, com a temporada testando muito com a Ferrari ao lado de Michael Schumacher, ele voltou uma pessoa diferente, um piloto diferente, e era muito rápido.
Em 2004, porém, o paulista retornou para a Sauber, com aporte da Ferrari. Fechou seu segundo ano como o piloto com mais ultrapassagens, garantindo ter aprendido com os erros. Terminou a temporada em 12º lugar, uma posição atrás do colega Giancarlo Fisichella, conquistando 12 dos 34 pontos da equipe no campeonato de construtores.
Massa ainda ficou na equipe em 2005, desbancando o novo colega e campeão mundial de 1997 Jacques Villeneuve. Já encaminhado para a Ferrari para substituir o compatriota Rubens Barrichello, ficou de 2006 a 2013 na escuderia.
De lá, ele saiu rumo à Williams com um vice-campeonato de pilotos no bolso, de 2008, e o campeonato de construtores do mesmo ano. O time fundado por Frank Williams foi o último destino do brasileiro, entre 2014 e 2017.
Após 13 anos da estreia de Massa na F1, foi a vez de Felipe Nasr. Vice-campeão da GP2 Series (atual Fórmula 2) de 2014, o brasileiro assinou com a Sauber um contrato de dois anos. Mas a estreia do brasiliense foi ameaçada: Giedo van der Garde, reserva, alegava ter um acordo com o time para ser titular em 2015. O caso foi levado à corte na Austrália; por fim, Nasr ficou com a vaga.
Ele debutou com um quinto lugar em um caótico GP da Austrália – que só teve 11 concluintes, tornando-se o primeiro brasileiro a pontuar na primeira corrida disputada na F1. Terminando a temporada em 13º lugar, cinco posições na frente do colega Marcus Ericsson, o brasileiro conquistou 27 dos 36 pontos da Sauber no ano.
Ao longo das 19 etapas do campeonato, Nasr pontuou em seis corridas, resultados obtidos mesmo que seu desempenho nos sábados não fossem tão bons: ele largou entre os dez primeiros só em três ocasiões, na Austrália, China e Áustria.
O brasileiro ficou mais uma temporada na Sauber, em 2016. E apesar de sofrer com a queda de rendimento do carro suíço, foi nono colocado no GP do Brasil, conquistando os dois pontos que tiraram o time da lanterna da F1 e ajudaram a manter a equipe vive na categoria. Porém, seu contrato não foi renovado, e o alemão Pascal Wehrlein o substituiu em 2017.
Assim como os antecessores, Drugovich não deve pegar uma Sauber em boa fase em 2025 – considerando o atual momento do time como referência. Das dez equipes do grid de 2024 da F1, a equipe suíça é a única sem nenhum ponto no campeonato, estando zerada no Mundial de construtores e também com seus pilotos, Valtteri Bottas e Guanyu Zhou.
O mais perto que o time chegou de pontuar em 2024 foi com Zhou, 11º colocado no GP do Bahrein na abertura desta temporada. De lá pra cá, o rendimento geral só caiu: eliminações ainda no Q1 nas classificações tornaram-se regra, e o fundo do grid, um lugar recorrente para a dupla que não permanecerá na equipe.
O que acende uma esperança para Bortoleto é o fato de que, nos próximos dois anos, a Sauber passará por muitas mudanças: visando sua transformação em Audi na temporada 2026, quando passará a correr com o motor da montadora alemã, o time trouxe também o veterano Nico Hulkenberg, de 37 anos.
Além disso, contratações no corpo técnico do time fundado por Peter Sauber agregarão os esforços rumo aos pontos na F1: o diretor esportivo da RBR, Jonathan Wheatley, como chefe de equipe; o ex-engenheiro de motores e chefe da Ferrari Mattia Binotto, como CEO; e o ex-estrategista da Ferrari, Iñaki Rueda, como diretor esportivo.
– A gente sabe que a Sauber tá numa situação que não é muito fácil agora, mas vejo as mudanças que eles estão fazendo, as pessoas que estão trazendo para o time, tem bastante coisa muito positiva acontecendo aqui dentro. A gente sabe que não é um projeto de um ou dois anos, vai levar tempo. A gente tem ambição de ganhar, mas não é rápido assim – destacou Gabriel.
Fonte: Globo Esporte/Foto: Google