Brasil precisa investir mais de R$ 500 bilhões em 10 anos para atingir metas de universalização de saneamento básico, diz estudo

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Um dos maiores desafios do Brasil é levar saneamento básico a todos os cidadãos. Um estudo concluiu que, para isso, é preciso investir R$ 500 bilhões nos próximos dez anos.

Há mais de 30 anos a dona de casa Irene da Silva é vizinha do descaso.

“É muito mau cheiro, e a gente não sente assim bem protegido quando vem a chuva”, diz.

Ela mora em uma comunidade na periferia de Belo Horizonte, onde vivem 8 mil pessoas. Lá, o esgoto das casas é despejado em um córrego que também recebe muito lixo.

“Eu mesma estou doida para mudar daqui por causa de tanta sujeirada”, afirma a dona de casa Maria do Rosário Alves.

O que se vê na região de Belo Horizonte é o retrato de uma situação grave que afeta quase 93 milhões de brasileiros sem acesso à coleta de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Um direito básico à saúde e moradia dignas que vem sendo negligenciado para cerca de 40% da nossa população.

Moradores que vivem em áreas de urbanização precária, com alto risco de enchentes, são os mais vulneráveis a problemas de saúde relacionados à falta de saneamento.

“Para cada R$ 1 que você investe em saneamento, você economiza pelo menos R$ 4 nas internações, nas hospitalizações, nas doenças… Fora o número de mortes desnecessárias ou evitáveis que a gente tem com esse processo”, afirma Marcus Polignano, médico sanitarista e professor da UFMG.

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais informou que o projeto de melhoria e ampliação do sistema de esgoto da Vila Biquinhas está em fase de conclusão, mas ainda não há data para o início das obras.

A pesquisa sobre saneamento constatou ainda que quase a metade do esgoto coletado no país não recebe tratamento. Outro indicador está mais avançado no país: a água tratada chega a mais de 80% dos brasileiros. Mas ainda falta abastecer as casas de 34 milhões de pessoas.

O cenário pode melhorar com o marco do saneamento, uma lei aprovada em 2020 para estimular investimentos no setor. A meta é universalizar, em até dez anos, o abastecimento de água, a coleta e o tratamento de esgoto, e reduzir de 40% para 25% as perdas de água na distribuição.

O Ministério das Cidades informou que inclui sistemas alternativos nos indicadores nacionais de saneamento; afirmou que somando o número de pessoas que têm poços ou usam água de nascentes, o acesso ao abastecimento é de 97% no país. Ainda segundo o ministério, o indicador de esgotamento sanitário sobe para 85% quando consideradas também as pessoas que têm fossa séptica em casa.

Mas um estudo da Fundação Dom Cabral mostra que o Brasil precisaria mais que dobrar os investimentos em saneamento, por ano, para levar água e esgoto tratados para toda população até 2033. O aporte de mais recursos também ajudaria a bancar projetos de recuperação de rios, lagoas, baías e praias.

“Tem que ser trabalhado como agendas de Estado que passam por diferentes administrações, por diferentes partidos políticos e ideologias, etc. É uma coisa de longo prazo. Nós nunca seremos prósperos com o tratamento que estamos dando as águas no Brasil”, afirma Virgílio Viana, professor da Fundação Dom Cabral.

Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

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