Há mais de 60 anos no mercado e referência de produto com o bordão “Não é assim uma Brastemp”, a marca líder em vendas de geladeiras, fogões e lavadoras no País quer conquistar os consumidores mais jovens, de 18 a 24 anos de idade. E se propõe a acompanhar as transformações da sociedade brasileira, aceleradas pela pandemia.
A Brastemp iniciou este mês uma campanha publicitária para reposicionar a marca, uma jornada que deve
durar alguns anos, segundo dirigentes da Whirlpool, a dona da Brastemp.
A última atualização da marca havia sido em 2017, quando a assinatura, que era “Brastemp, sem
comparação”, mudou para “Sem dúvida, Brastemp”. Agora, passa a ser “Brastemp é outro mundo”.
O primeiro passo dessa mudança foi dado na semana passada, quando foi ao ar na TV aberta e também nas
redes sociais um filme, criado pela agência DM9, que coloca a geladeira como um personagem. O
eletrodoméstico foi o escolhido pela sua importância. Normalmente, a geladeira fica no principal
cômodo da casa, a cozinha, e carrega em sua porta muita história: fotos e os sonhos das famílias.
‘MUNDO MELHOR’. O texto do comercial, narrado pelo ator Selton Mello, recomenda que as pessoas
deem uma boa olhada na porta da sua geladeira – “porque lá há uma mensagem”. E finaliza: “Se a gente
pratica um mundo melhor em casa, a gente consegue criar um outro mundo fora de casa”.
Juan Carlos Puente, presidente da Whirlpool para América Latina, lembra que, anteriormente, a marca
se diferenciava por causa da tecnologia. “Agora, é tecnologia com propósito, é a tecnologia mais
humanizada”, afirma.
Ele ressalta que o ponto central do reposicionamento da Brastemp é comunicar a experiência do
consumidor com o produto. “Não é uma geladeira. Nós ajudamos a manter comida fresca para você
alimentar os seus filhos”, diz Puente.
A estratégia de ir além da funcionalidade do eletrodoméstico e fazer a sua conexão com a vida das
pessoas é uma forma de dar sustentabilidade para o negócio, observa a diretora de Marketing, Patrícia
Pessoa.
NOVAS GERAÇÕES. A segunda etapa da campanha, esta a cargo da agência FCB, quer conectar a
Brastemp com as novas gerações e as mudanças comportamentais da sociedade. Desde quarta-feira da
semana passada, filmes publicitários da marca começaram a ser divulgados nas TV aberta e fechada e
nas redes sociais, tratando de temas como preconceito contra os mais velhos (etarismo), acesso a
universidade, novas formas de famílias e relações entre pais e filhos. “O reposicionamento traz a
marca para as conversas do dia a dia das pessoas”, diz Patrícia.
Gustavo Ambar, gerente-geral da Whirlpool no Brasil, diz que a mudança não implica perder a
referência com o público tradicional da Brastemp. “Estamos tentando avançar algumas casas”, diz. Ele
não revela as cifras investidas na campanha. Diz apenas que a empresa gastou de 30% a 40% a mais em
marketing do que a média dos últimos três anos.
Quanto ao impacto da mudança de reposicionamento da Brastemp nas vendas, Ambar está otimista. Nos
últimos dois anos, a indústria de linha branca acumula queda de 25% em número de peças vendidas. No
entanto, desde julho está em processo de retomada e crescimento.
*Estadão Conteúdos