Capim-elefante é solução para criar gado sem desmatar a floresta

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Um capim, de fácil cultivo em terra firme, é a salvação da lavoura, ou melhor, do rebanho, no Amazonas. A expansão da pecuária no estado depende de combinar a fonte de alimentação do gado com preservação da floresta.

A fórmula para equilibrar a criação de gado com conservação ambiental inclui o capiaçu, conhecido também como capim-elefante (Cenchrus purpureus). A erva, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), é usada na silagem, alimento ideal para o gado como alternativa ao pasto.

O capim é usado com eficácia no Baixo Amazonas e mantém a alimentação do gado durante a escassez de pasto devido à seca entre os meses de agosto e janeiro.

A silagem é ideal para bois, vacas, cabras e ovelhas. “O capim cultivado no Amazonas é de alta qualidade nutricional. Qualquer animal ruminante, como bois, búfalos, porcos, vacas e até as galinhas podem consumi-lo”, diz o pesquisador Jeferson Luis Macedo, que realiza os estudos nos municípios de Parintins, Boa Vista do Ramos, Nhamundá e Barreirinha. Segundo o IBGE, o Amazonas 1.558.283 de cabeças de gado.

Jeferson Macedo lembra que a falta de alimentos para os animais é causada pelo “déficit hídrico”, ou seja, a falta de água na Amazônia durante alguns meses do ano. “Todos os estados da região Norte têm problemas com a seca, que pode durar de três a cinco meses do ano e isso afeta a pastagem para os animais. E a silagem é uma das saídas”, diz.

A escassez de pastagem em época de seca gera impacto na produção de carne e leite para consumo humano. “O capiaçu não pode ser cultivado em áreas alagadas, porque ele não tolera encharcamentos, deve ser cultivado em terra firme”, enfatiza o pesquisador.

Uma vez plantado o capiaçu, o agricultor tem de aguardar 90 dias, depois realizar o corte, triturar, colocar em sacos plásticos e depois levar diretamente para dar aos animais no cocho (vasilha onde come o gado) ou armazenado para alimentar no período seco do ano. A silagem está pronta depois de completar o processo de fermentação, que leva em torno de três semanas, mas a recomendação é de quatro semanas.

“Ao longo de um ano, você pode fazer quatro cortes nesse capim, porque cada vez que você corta ele rebrota. Você pode produzir 300 toneladas de massa verde por hectare (equivale a pouco mais de um campo de futebol) e alimentar mais de cem animais confinados, durante quatro meses”, diz Macedo.

Outro benefício, segundo o pesquisador, é que o capim é plantado em áreas degradas. “O capiaçu é uma alternativa também para recuperar áreas degradadas na Amazônia. Se você planta em áreas degradadas para recuperar essas áreas, você não deveria pedir licença ambiental. Se é para recuperar áreas que podem ser produtivas o governo tem que facilitar”, diz.

O processo manual da silagem com o capiaçu é recomendado para pequenos rebanhos de até 100 animais. “A realidade do processo da maioria dos agricultores no Amazonas não é com máquinas de grande porte. A silagem do capiaçu é feita de forma manual. Com um rebanho de mais de 100 cabeças, você precisa de maquinário para colher, para triturar e armazenar o capim”, afirma.

Sobre o sistema de criação de bovinos no Amazonas, Jeferson Macedo é contra o confinamento de animais e a utilização da área de várzea para a agropecuária. Segundo ele, a alimentação do gado com a silagem do capiaçu é outra alternativa para solucionar esses problemas.

“Na nossa região não temos tradição e material para confinar o animal. Confina-se o animal para que ele não perca energia. Nós recomendamos que em cada propriedade exista uma área onde os animais possam acessar a água e comer sal mineral. E é nesse ambiente que você deve colocar os cochos com a silagem”, ensina.

Fonte: Amazonas Atual/Foto: Milton Almeida/AM ATUAL

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