China proíbe empresas aéreas do país de comprar jatos da Boeing após tarifaço de Trump, diz agência

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O governo chinês ordenou às companhias aéreas do país que não façam mais encomendas de aviões da americana Boeing, em mais uma medida de retaliação aos Estados Unidos após o presidente Donald Trump ter iniciado uma guerra comercial contra Pequim.

Pequim também solicitou que as companhias aéreas chinesas interrompam quaisquer compras de equipamentos e peças relacionados a aeronaves de empresas dos EUA, disseram as fontes à agência Bloomberg, que pediram anonimato por estarem discutindo assuntos confidenciais.

A ordem foi emitida após a China anunciar tarifas retaliatórias de 125% sobre produtos americanos no último fim de semana, afirmaram as fontes. A medida de Pequim foi uma resposta às decisões de Trump, que já escalou as tarifas contra a China a 145%.

As taxas impostas pela China sobre importações americanas, por si só, mais do que dobrariam o custo de aeronaves e peças fabricadas nos EUA, tornando inviável para as companhias aéreas chinesas aceitarem aviões da Boeing.

As ações da fabricante americana de aviões caíram até 4,6% no pregão pré-mercado após a Bloomberg News noticiar a medida chinesa. Até segunda-feira, as ações da Boeing já haviam caído 10% neste ano.

O governo chinês também está considerando formas de oferecer assistência às companhias aéreas que arrendam jatos da Boeing e estão enfrentando custos mais altos, disseram as fontes.

A disputa em rápida escalada entre as duas maiores economias do mundo colocou a Boeing no meio do conflito, embora a situação seja instável e possa mudar a qualquer momento. Trump já recuou em algumas tarifas dos EUA, incluindo taxas impostas a iPhones da Apple importados da China.

Cerca de dez aeronaves Boeing 737 Max estão prestes a entrar nas frotas de companhias aéreas chinesas, incluindo duas para a China Southern Airlines, duas para a Air China e duas para a Xiamen Airlines, com base em dados do Aviation Flights Group.

Alguns desses jatos estão estacionados próximos à fábrica da Boeing em Seattle, enquanto outros se encontram em um centro de finalização em Zhoushan, no leste da China, segundo o site da empresa de rastreamento de produção.

A papelada de entrega e o pagamento de algumas dessas aeronaves podem ter sido concluídos antes de as tarifas retaliatórias anunciadas pela China em 11 de abril entrarem em vigor no dia seguinte, e esses aviões podem ser autorizados a entrar na China caso a caso, segundo algumas das fontes.

A Administração de Aviação Civil da China não respondeu a um pedido de comentário enviado por fax. A Boeing também se recusou a comentar. Representantes da China Southern, Air China e Xiamen Airlines também não responderam aos pedidos de comentário.

Na semana passada, a Bloomberg noticiou que a Juneyao Airlines estava adiando a entrega de uma aeronave Boeing 787-9 Dreamliner que deveria receber em cerca de três semanas.

Para a Boeing, o impasse representa mais um revés em um dos maiores mercados mundiais de vendas de aeronaves.

Espera-se que a China responda por 20% da demanda global por aeronaves nas próximas duas décadas e, em 2018, quase um quarto da produção da Boeing foi destinada ao país. No entanto, a fabricante americana não anunciou nenhum grande pedido da China nos últimos anos devido às tensões comerciais e a problemas internos.

A China foi o primeiro país a suspender as operações do 737 Max em 2019, após dois acidentes fatais. Disputas comerciais com os governos de Joe Biden e do primeiro mandato de Trump também contribuíram para que os pedidos chineses se voltassem para a Airbus, da Europa. Em 2024, a Boeing enfrentou ainda uma crise de qualidade quando um tampão de porta se desprendeu em pleno voo, em janeiro.

O impasse também evidencia que a China ainda depende de fornecedores estrangeiros para atender à demanda da população por viagens aéreas.

Embora a Airbus seja a fornecedora mais relevante e as companhias aéreas chinesas estejam apostando no modelo doméstico Comac C919 para complementar suas necessidades de aeronaves de corredor único, ainda há centenas de aviões da Boeing nas frotas chinesas que precisarão de manutenção, reparos e substituições.

Na sexta-feira, a China anunciou que aplicará a tarifa de 125% sobre todos os produtos dos EUA a partir de 12 de abril, em mais uma escalada na disputa iniciada quando Trump impôs uma sobretaxa com o objetivo de reduzir o déficit comercial dos EUA. Incluindo uma tarifa de 20% imposta no início deste ano devido ao papel da China no tráfico de fentanil, a taxa total das tarifas dos EUA sobre produtos chineses chega agora a 145%.

A Boeing ainda possui diversas aeronaves prontas em seu estoque que foram originalmente fabricadas para companhias aéreas chinesas. A fabricante americana alertou que uma escalada na disputa comercial também pode prejudicar as cadeias de suprimentos, que já haviam sido severamente afetadas pela pandemia e só recentemente começavam a dar sinais de recuperação.

Fonte: O Globo/Foto: Bloomberg

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