Cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, conseguiram reinventar um dos medicamentos mais antigos da quimioterapia, o 5-fluorouracilo (5-FU), tornando-o mais solúvel, eficaz e seguro. O feito, descrito na revista ACS Nano, representa um avanço significativo na busca por tratamentos oncológicos que preservem o tecido saudável e causem menos efeitos colaterais.
Essa nova terapia foi testada em animais com leucemia mieloide aguda (LMA), um câncer sanguíneo de crescimento rápido e difícil de tratar. Os resultados mostraram que, quando comparada à quimioterapia padrão, ela penetrou nas células leucêmicas 12,5 vezes mais, destruiu-as até 20.000 vezes mais e retardou a progressão do câncer em 59 vezes, e tudo isso sem efeitos colaterais detectáveis.
“Em modelos animais, demonstramos que podemos deter tumores em seu avanço”, disse o líder da pesquisa Chad A. Mirkin, em comunicado. “Se isso se traduzir em pacientes humanos, será um avanço realmente empolgante. Significaria quimioterapia mais eficaz, melhores taxas de resposta e menos efeitos colaterais. Esse é sempre o objetivo de qualquer tipo de tratamento contra o câncer.”
A equipe desenvolveu a nova fórmula usando ácidos nucleicos esféricos (SNAs), um tipo de nanoestrutura que incorpora o medicamento diretamente nas cadeias de DNA que revestem minúsculas esferas. Ela incorporou quimicamente as moléculas de quimioterapia nas próprias cadeias de DNA, criando um medicamento que as células cancerígenas absorvem naturalmente.
“A maioria das células possui receptores de eliminação em suas superfícies”, salientou Mirkin. “Mas as células mieloides superexpressam esses receptores, então há ainda mais deles. Se eles reconhecerem uma molécula, irão puxá-la para dentro da célula. Em vez de terem que forçar sua entrada nas células, os SNAs são captados naturalmente por esses receptores.”
Uma vez dentro da célula, as enzimas quebram a camada de DNA, liberando a carga quimioterápica diretamente no câncer. Essa reformulação estrutural, afirmaram os pesquisadores, alterou completamente a forma como o 5-FU interage com as células leucêmicas, aumentando drasticamente sua eficácia.
Por enquanto, os testes foram feitos apenas em camundongos. O próximo passo é testar em um grupo maior de modelos animais de pequeno porte antes de avançar para animais maiores e, por fim, para ensaios clínicos em humanos.
Fonte: Epoca Negocios/Foto: Getty Images




