O comércio varejista deve faturar R$ 4,64 bilhões na campanha de promoções da Black Friday deste ano, prevê a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado representa crescimento de 4,3% em relação ao ano passado, já descontada a inflação no período.
As vendas alcançarão assim um volume recorde em 2023, atingindo a maior movimentação financeira desde a incorporação da data ao calendário do varejo, em 2010.
A desaceleração da inflação, a valorização do real em relação ao dólar e o início do ciclo de queda nas taxas de juros explicam a projeção recorde de vendas, segundo o economista Fabio Bentes, responsável pelo levantamento da CNC.
Ele ressalta que a Black Friday já é a quinta data mais importante no calendário do varejo nacional, atrás do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais.
Os segmentos de eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 1,28 bilhão) e de móveis e eletrodomésticos (R$ 1,05 bilhão) concentrarão quase metade (48%) da movimentação financeira prevista.
O volume vendido também será significativo nos segmentos de hipermercados e supermercados (R$ 1,02 bilhão) e de vestuário, calçados e acessórios (R$ 0,73 bilhão).
Bentes lembra que os preços livres da economia registravam uma alta acumulada de 9,7% nos 12 meses encerrados em novembro de 2022. A expectativa de alta de preços nos 12 meses terminados em novembro de 2023 é ligeiramente superior a 3,0%.
“Nesse contexto, a valorização do real em 7,5% contribuiu para estratégias mais agressivas de preços por parte dos varejistas”, apontou Bentes, no estudo. “Adicionalmente, o início da flexibilização da política monetária a partir de agosto tende a distensionar o mercado de crédito em um evento caracterizado por um volume de vendas relativamente maior de bens duráveis – tradicionalmente mais dependentes das condições de crédito. De acordo com acompanhamento mensal do Banco Central, após atingir um pico de quase 60% ao ano, a taxa média de juros das operações com recursos livres nas operações envolvendo pessoas físicas já acusa tímida tendência de queda, encerrando setembro na casa dos 57% ao ano”, acrescentou.
Itens mais procurados
No levantamento, a CNC monitorou a demanda por produtos em buscas no comércio eletrônico brasileiro nos últimos 30 dias e a variação dos preços médios dos itens nos últimos 40 dias.
Entre os dez itens mais procurados, informações coletadas por meio do Google Shopping mostraram que o ranking de buscas foi liderado por produtos como aparelhos de ar-condicionado (alta de 177,3% nas buscas nos últimos 30 dias), aparelhos de TV (+88,0%) e fogões (+68,6%).
A maior procura por esses itens às vésperas da Black Friday talvez ajude a explicar por que nenhum desses itens acuse elevado potencial de desconto, justificou Bentes. O monitoramento de preços mostrou alta de 2,9% nos aparelhos de ar-condicionado no período, o que equivale a um baixo potencial de desconto real na Black Friday. Os preços dos aparelhos de TV recuaram 1,5%, e os de fogões caíram 2,7%, ambos considerados com potencial médio de desconto real na campanha de liquidações
O estudo da CNC considera que itens com elevado potencial de desconto efetivo na Black Friday são aqueles com tendência de queda nos preços de, pelo menos, 5% nos últimos 40 dias. Produtos com baixo potencial de desconto são aqueles sem tendência de queda no preço médio no período, e itens com médio potencial de desconto tiveram recuo de até 5% nos preços médios no período.
Os videogames foram classificados com baixo potencial de desconto real, devido a uma alta de 7,9% nos preços médios nos últimos 40 dias. Na direção oposta, os itens com alto potencial de desconto foram smartwatches (queda de 12,4% nos preços), notebooks (-9,2%), fones de ouvido (-6,1%) e caixas de som (-5,6%). Os smartphones têm médio potencial de desconto, após queda de 4,6% nos preços.
*Foto: divulgação
*Estadão Conteúdos