
“Juntas pelo objetivo de melhorar o local onde vivem”, esse é o lema das Guardiãs do Cacau, um grupo de mulheres ribeirinhas que se uniram para produzir chocolate e preservar a Amazônia em Acará-Açu, no Pará.
Durante a pandemia, as 8 mulheres aprenderam todas as etapas de produção, desde o extrativismo do cacau na floresta até a formulação de novas receitas do doce.


A missão delas é mostrar que é possível ter renda e ganhar reconhecimento sem precisar deixar a comunidade, além de ensinar que a diversidade da floresta é uma aliada para melhorar a produção e a qualidade dos alimentos feitos lá.
Luciene Gemaque, responsável por reunir as Guardiãs, abandonou a comunidade para estudar e trabalhar, mas retornou quando o seu pai foi diagnosticado com câncer. Após o seu falecimento, se sentindo perdida, viu no cacau uma forma de recomeçar a vida.
“Às vezes, quando você tem uma renda aqui na região, a impressão que tem é que aquele trabalho, ele não é seu. Ou é um trabalho do teu marido que você está ajudando… Posso dizer que não seja a primeira renda [das Guardiãs], mas que é o primeiro trabalho que elas se sentem protagonistas”, explica.
Nayana Oliveira, uma das chocolateiras, se divide entre a fábrica, as tarefas domésticas, o cuidado dos filhos – sendo que um deles, o João, de 11 anos, tem paralisia cerebral – e o transporte escolar na comunidade, que realiza junto do marido. Ele não queria que ela tivesse um trabalho independente.
“Mas com a força de vontade que eu adquiri, ele não consegue me impedir de fazer essas coisas”, afirma.
Hoje, a chocolateira retomou os estudos e cursa o ensino médio, 19 anos depois de ter abandonado a escola.
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