O trabalho do influenciador digital goiano João Vitor de Paiva Bittencourt, de 22 anos, chamou atenção no mundo inteiro. A ponto de ele ser escolhido para ser o primeiro conselheiro jovem com deficiência do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil. A escolha se deu pela atuação do estudante de educação física nas redes sociais em defesa dos direitos das PCDs, contra o preconceito e o capacitismo.
O Conselho Consultivo de Adolescentes e Jovens do Unicef no Brasil, o Conselho Jovem, foi criado para promover o diálogo direto com adolescentes e jovens. Trata-se, segundo a instituição, do reconhecimento da importância da voz e conhecimentos dos jovens, além de ser um mecanismo de fomento à participação cidadã. João Vitor é o 21º conselheiro, de um grupo que tem 27 pessoas no total.
“A minha batalha é de mostrar para a Unicef, quem sou eu. Mostrar que eu sou capaz de fazer tudo. E eu sou responsável para ser porta-voz das pessoas, me sinto honrado de estar nessa posição”, afirmou o jovem.
Trabalho importante
O Conselho Jovem tem como objetivo fortalecer os valores e princípios do Unicef para avançar na participação e desenvolvimento de adolescentes por meio do diálogo propositivo. O grupo é composto de adolescentes e jovens com engajamento nas ações do órgão no Brasil ou em outras organizações e coletivos, e é representativo da diversidade de identidades, territórios e questões que envolvem adolescentes em situação de vulnerabilidade em todo o país.
Coordenado pelo Programa de Adolescentes, os conselheiros se reúnem mensalmente, em Brasília, para apoiar reflexões e desenhos de estratégias e ações institucionais, além do engajamento de coletivos, redes e grupos de adolescentes em todo o Brasil. De acordo com pai de João Vitor, o jornalista João Bosco Bittencourt, o filho tem sido assíduo nas atividades.
De acordo com a oficial de desenvolvimento e participação de adolescentes do Unicef, Gabriela Mora, a intenção é que a inclusão seja cada vez mais debatida. “A gente espera fortalecer esse tema do enfrentamento as discriminações, de espaços inclusivos, seja na escola, na família, na saúde. Para que a gente tenha mais Joões, com destaque em diversas áreas de atuação. A gente espera coletivizar isso, para que a inclusão seja priorizada pelas políticas públicas”, afirma ela.
Na última semana, João Vitor recebeu homenagem na Câmara dos Deputados, em Brasília, durante sessão pela passagem do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A homenagem foi proposta pelo deputado federal Carlos Duarte (PSB-MA) pelo “compromisso inabalável do influencer de Goiás com a promoção da inclusão, igualdade e dignidade das pessoas com deficiência intelectual e múltipla”.
Jovem com deficiência é sucesso nas redes
João Vitor estourou nas redes sociais com vídeos sobre a luta anticapacitista e contra o preconceito. Em matéria sobre o sucesso deles nas redes sociais, em abril deste ano que o jovem tinha mais de 26 mil seguidores no TikTok e 14 mil no Instagram, onde ele compartilha a rotina de autonomia e a trajetória de superação.
Porém, menos de seis meses depois, ele já soma quase 195 mil seguidores. “Quero ser um exemplo de como a inclusão é importante para a sociedade. Pessoas com síndrome de Down têm muito a contribuir, e eu sou uma prova disso. Estou mostrando ao mundo que a síndrome de Down não deve ser vista como uma limitação, mas sim como uma oportunidade de superação e inclusão”, afirmou o jovem.
“Acho minha trajetória inspiradora. Desde muito jovem, enfrento diversos desafios, mas nunca deixei que a síndrome me limitasse. Sempre contei com o apoio e incentivo da família, amigos e professores, que acreditaram em meu potencial e me encorajaram a buscar seus sonhos”, disse João Vitor à época.
Após o vídeo viral, em que João Vitor aparece na faculdade de Educação Física, o jovem recebeu inúmeras abordagens, o que deu motivação para que ele continuasse produzindo conteúdos interessantes para o seguidores e alcançando cada vez mais pessoas, por meio dos vídeos, que, agora, tem a colaboração de um tutor e produtor.
Vida de universitário
Muito mais que frequentar as aulas do curso de Educação Física na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), João Vitor é o protagonista de sua própria história e de seu processo de ensino e aprendizagem. De acordo com família, apesar de um pequeno déficit cognitivo, ele sempre esteve inserido no contexto escolar e teve acompanhamento multidisciplinar.
“Ele sempre estudou em escolares regulares, mas com professor de apoio. Se alfabetizou aos sete anos e só repetiu o primeiro ano. A decisão de fazer o vestibular foi dele, porque passou em quatro, dois deles em São Paulo e dois aqui em Goiânia. Ele tem autonomia e liberdade, inclusive, de escolha”, diz o pai.
Foto:Reprodução/Redes sociais
*Metrópoles