Conto da Sereia | Nosso rock 🔥

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Conto #2

Aaaaa!  Tem muita gente aqui e eu acho que sim, definitivamente, estou perdida. Socorro!  Eu só fui comprar uma bebida e agora eu não faço ideia de onde a Luísa se meteu, até imagino que ela deve ter esbarrado com um carinha e ter ficado por lá mesmo, porque é a cara dela fazer isso. Droga! Estou realmente lost, very lost. Quando eu acho que não pode ficar pior, passo a mão no bolso da minha calça na intenção de pegar meu celular e adivinha? Sem bateria? Não! Ele simplesmente não está no meu bolso – ok, respira, Nina – e agora eu percebi que realmente ferrou tudo. Tenho duas opções: continuar procurando ou curtir a atração do palco nesse momento que é nada mais nada menos que Panic! at the disco, o que me enche de nostalgia e daquele gostinho de adolescência. Jesus! Era tão boa aquela época… Não consigo parar de pular ao som de Write Sins Not Tragedies, quando eu sinto uma mão no meu ombro. Céus! Que mão gelada e grande. Me viro, sem dá muita atenção e com zero simpatia quando digo: “Oi? Perdeu alguma coisa?” – continuo curtindo a música.

Ele abre uma risada irritante e sarcástica quando diz: “Calma gata! Não tô afim de você, se é isso que está pensando” – aff, quem é esse cara e por que tão insuportável? Ele continua: “Só quero te devolver o que você deixou cair enquanto estava procurando seu namorado” – ele estende a sua mão (grande mão) e entrega meu celular.

Namorado? Oi? Esse cara é um completo sem noção. Antes fosse um namorado! Mas você não namora, Nina – lembra meu cérebro – Verdade, odeio relacionamentos. Só a hipótese de me envolver com alguém em um relacionamento sério me causa arrepios. Aff, não, Deus me livre.

“Não estava procurando meu namorado, mas não que isso seja da sua conta, gostosão. A propósito, me perdi da minha amiga e parece que não vou mais encontrar com ela hoje” – eu ainda não tinha olhado pra ele, estava com zero interesse até nesse momento. Então me viro completamente e olho de baixo pra cima, até encontrar os olhos dele. Caramba! Esses olhos cor de mel, o cabelo bagunçado e longo. Não precisei fazer muito esforço para notar que seus braços são cobertos por tatuagens, tem uma rosa com punhal próximo ao pulso…Tá, ele é exatamente o tipo de que cara que eu amo e que nunca mais tive o grande prazer de esbarrar por aí. Mas parece que aqui ficou mais fácil. Muitos homens tatuados e bonitos, mas ninguém como ele, um combo perfeito de bad boy.

“Gostosão? Gostei!” – ele disse enquanto coloca sua mão em seu peito.

“Sério que depois de eu ter falado que estou perdida, você só conseguiu se concentrar na parte que te chamei de gostosão?” Urgh que raiva desse menino, fecho minha cara em uma expressão carrancuda.

“Calma, gata. Posso te ajudar a encontrar sua amiga” – ele fala me dando um sorrisinho de cantinho, aff, esse sorrisinho… “Podemos aproveitar enquanto o palco está sendo comandado por essa banda chata e procurar a sua amiga, pelo menos ajuda a passar o tempo até esse “show” – ele faz aspas pra falar de show – terminar e o Red Hot assumir o palco”

O quê? Esse cara irritante tá falando mal de Panic!? Aaaaa, não. “Primeiro, Panic! at the disco marcou uma era, uma geração i-n-t-e-i-r-a” – nessa hora sou obrigada a soletrar. “Segundo, eu não vou atrás da minha amiga com quem alguém que acabei de esbarrar. Sabe lá quem você é, se é confiável. Não quero morrer em pleno Rock In Rio. Tenho uma vida pela frente, licença”. Eu digo com convicção e começo a andar em direção ao palco Sunset, mesmo querendo passar mais um tempinho com esse bad boy irritante.

“Eu sou confiável se você quiser que eu seja, gata. E sim, eu vou acompanhar você, quem vai me impedir?” – de onde surgiu esse cara, gente? E por que ele fica me chamando de gata? – Ele continua: “Olha, gatinha. Não estou interessado em você, se é o que pensa. Mas quero me certificar que você encontre sua amiga com segurança. Vi uns caras com olhares suspeitos e cheios de maldade quando você estava dançando aquela música patética de uma história mal feita sobre um casamento” ele continua criticando panic!, não acredito.

“Ok” – consinto com a cabeça e reviro meus olhos. Essa era uma luta que provavelmente eu não iria ganhar, porque dá pra ver a determinação estampada no rosto lindo dele.

“Qual é, gatinha, não seja tão agressiva” – quando ele me chama de gatinha dá um leve arrepio na nuca, que isso, Nina!

“Não estou sendo agressiva, só não esperava me perder da minha amiga e de quebra ganhar uma babá”

“Ui, essa doeu. Mas fica tranquila, assim que encontrarmos a desaparecida, eu deixo você em paz. Quero curtir o show do Red Hot com zero distrações”

“E desde quando eu passei de agressiva para distração?” pergunto imediatamente, curiosa.

“Esquece. Só quero curtir o show” – ah, não. Agora esse irritante vai me dizer porque eu seria uma distração!

“Nem pensar que vou esquecer. Me fala agora ou vou sair correndo. Sozinha e sem babá!”

“Além de agressiva, ainda é mimada? Esquece isso, gatinha” – mas nem pensar que vou deixar pra lá.

“Já que prefere me irritar ao invés de falar, adeus, bye bye. Prazer te conhecer, seja lá quem for você. Ah, e obrigada por encontrar meu celular.” Saio andando quase que correndo quando não sinto mais meus pés no chão, porque esse idiota resolveu me suspender em seus braços e minha visão agora está nas costas dele, mais precisamente em sua bunda. Ódio! “Me coloca no chão, garoto!” falo enquanto dou tapas e murros na costa dele.

“Deixa de ser mimada, eu falei que vou acompanhar você” ele se afasta da multidão e me leva para um espaço que por mais incrível que pareça, não tem nem ninguém.

“Me coloca no chão agora!” digo com meus olhos ardendo de tanta raiva desse idiota. Ele me coloca no chão e me olha seriamente, me surpreendendo quando diz:

“Olha, gatinha. Primeiro: você é uma distração porque é linda e eu jamais conseguiria me concentrar no palco quando tem você pra admirar. Segundo, eu te coloquei no colo porque quando você começou a andar rápido, aqueles caras estúpidos e tarados começaram a seguir você. Terceiro, eu jamais perderia a oportunidade de tê-la em meus braços. E por último, vou fazer agora o que desejei fazer desde o momento que você virou pra mim e me olhou com esses olhos lindos e acinzentados” – perco totalmente meu fôlego quando ele encosta seus lábios nos meus, sua respiração ofegante irradia uma onda de calor sobre minha pele, meu coração está praticamente na minha garganta e eu só quero que ele continue o quer que queira fazer. E sim, ele me beija. Naquele momento todo o som do palco parou em meus ouvidos, não tinha mais espaço pra ninguém, só pra ele. O beijo não é de desespero. Mas também não é lento. É no balanço e ritmo que meu corpo necessita. Continuamos nos beijando e entregando ao nosso corpo o que precisamos. Mal percebemos quando escutamos o solo de Can’t Stop, e sim, Red Hot acaba de assumir o Palco Mundo. Olhamos um para o outro quando dizemos ao mesmo tempo: “Red Hot!”

Ele pega nas minhas mãos e seguimos imediatamente em direção do palco. Com muito sacrifício, conseguimos encontrar um espaço ok pra acompanhar o show. Não falei antes, mas sim, eu também amo Red Hot! Começamos a curtir o que posso chamar de MELHOR SHOW EVER! O que é esse solo do Josh Klinghoffer nesse cover de I don’t wanna grow up? Simplesmente perfeito!

Eu quase esqueci que estou curtindo esse show com um completo estranho/gato. Enlouqueci mesmo! Mas ele é tão… ele. O jeito, as mãos, os olhos, as tatuagens, seu beijo, sua determinação, a forma que fala comigo… droga! ele inteirinho.

“Você vai me dizer seu nome?” ele pergunta quase gritando até que eu consiga ouvir.

Com uma risadinha, eu respondo: “Nina! E o seu?”

“Luís, ou gostosão se você preferir” ele abre uma gargalhada.

“Idiota!” continuamos curtindo ao som de Dani Califórnia.

Passamos o show inteirinho pulando, cantando, beijando na boca e muitooo conectados. Nem lembrava mais da minha amiga quando eu vejo uma menina muito louca suspensa e passando de mão em mão naquele mar de multidão. “Socorro, é a Lu!”

Ele olha pra mim sem entender muito quando diz: “Quem?”

“A minha amiga. Aquela louca é a Luísa, minha amiga! Me ajuda a tentar alcança-la, por favor!” eu mal termino de concluir a frase quando ele me coloca em seu ombro, me levando cada vez mais perto da Lu. Ele é forte e destemido. Jesus! Estou amando essa noite e não quero que termine agora. Chego pertinho da minha amiga e grito por ela. Ela está com os olhos borrados de delineador, seu cabelo ruivo 100% bagunçado e com a camisa presa em sua calça. Meu Deus, a louca está só de top e calça. Finalmente ela olha pra mim e aponto na direção do fundo do palco, onde tem menos gente e podemos nos encontrar. O Luís me leva até lá e me coloca no chão.

“Sua louca, te procurei a noite inteira”, mentirosa, aposto que ela nem notou a minha ausência.

“Eu também te procurei, mas foi impossível te encontrar no meio dessa multidão”, digo enquanto ela me observa com um olhar julgador de quem não acredita muito em mim, porque ela tá dando aquela risadinha desconfiança que ela é mestre e segue firme olhando pra mim e pro Luís.

“Não vai me apresentar seu novo amigo, Nina?” urgh, eu quase esqueci que tem um bad boy segurando minha cintura.

“Ah, esse é o Luis. Luis, essa é a Luisa”

“Ok, já que as princesas se reencontraram, podemos voltar a curtir o show? Já deve tá finalizando” reviro meus olhos e consinto com a cabeça enquanto voltamos para onde estávamos.

A Luisa colou em um carinha próximo da gente e eu e Luís continuamos trocando carinho e muitos beijos. Quando o show termina, já sinto abstinência. Foi o melhor show, o melhor Rock In Rio e o melhor beijo de todos. Ah, esse gostoso sabe o que faz! Resolvemos sair assim que Red Hot sai do palco, estamos exaustas. Luís me acompanha, apertando fortemente minha mão.

Caminhamos para o portão de saída e uma sensação estranha toma conta de mim, porque eu realmente não quero que essa noite acabe. O Luís é rock. Ele preenche todo meu corpo como uma boa música. Ele entrega o que necessito e você não consegue provar só um pouco. Você precisa de mais, e é isso que eu quero dele. Mais. Muito mais. Ele inteiro pra mim. Meu rock 100% viciante.

Quando saímos do portão, ele pede meu número e diz que não tem muito tempo no Rio. Ele tem que voltar pra cidade dele em dois dias. Naquele momento meu rosto cai, minha expressão muda de entusiasmada para frustrada. Mas tudo bem, eu não namoro, não é um rostinho lindo que vai me fazer mudar de ideia.

“Ei, gatinha. Fica triste, não. Temos dois dias e meio pra fazer esse fim de semana ser incrível!” – uma pontinha de alegria e uma total necessidade preenche meu estomago e eu o abraço, preciso sentir ele todos os segundos possíveis desse final de semana. “Podemos continuar essa noite juntos?” achei que ele não fosse fazer essa pergunta.

“Claro!” me despeço da Luísa e digo que a encontro em nossa casa amanhã. Somos universitárias de jornalismo e dividimos um apê. Conheço a Luísa desde que me entendo por gente e fazemos tudo juntas. Tínhamos a meta de estudar pra sempre juntas e graaaaças a Deus, amamos o jornalismo e entramos na faculdade juntas. Dou um beijo nela e sigo com o Luís.

_________________________

Chegamos na Praia da Reserva e sentamos na areia. Está quase amanhecendo e com certeza vai ser um nascer do sol incrível. Ele tira sua jaqueta e coloca em mim, tô tremendo de frio. Ah, esse garoto sabe realmente o que tá fazendo. Ele abre o spotify e coloca “Sing of the times”, minha música preferida de Harry Styles. Combo perfeito pra um amanhecer extraordinário.

Ele me olha com seus olhos ainda mais lindos sob a luz do amanhecer e diz: “Gatinha, você é tão linda”, as maçãs do seu rosto são rosadas, cheias de vida e saúde. Seu cabelo parece mais claro do que quando olhei pela noite, mais lindos do que imaginei. Sua camisa é preta, seu braço repleto de tatuagens e ainda tem essa tatuagem pertinho do seu pescoço, que eu só consigo enxergar a pontinha se tornou um mistério que eu tô louca pra desvendar. 

“Obrigada!” me recupero dos pensamentos e finalmente respondo o elogio. “Você também não é tão mal” hahaha, ele com certeza não é nada mal. É 100% bom!

“Não foi isso que você falou quando nos conhecemos. Pelo contrário, você disse que eu sou… como foi mesmo? Gostosão!” ele diz rindo e abrindo os braços.

Explodimos em uma gargalhada seguida de beijo. O sol surgiu e ficamos ali por algumas horas apreciando a bela visão. Eu aprecio os dois, confesso. Ambos são lindos. O sol reflete no olhar totalmente viciante do Luís. É isso. Estou viciada.

Aproveitamos o final de semana inteiro. Fomos em muitos lugares, curtimos, sorrimos, dançamos, celebramos e ficamos juntinhos, o máximo que podemos. A segunda-feira chegou – infelizmente – e chegou a hora de leva-lo no aeroporto. Ele é de São Paulo, mas em breve vai viajar para um intercâmbio no Canadá, com uma oportunidade de trabalhar por lá mesmo. O que é muito louco porque você não vai acreditar?! Recentemente eu participei de uma seleção de pós graduação no Canadá, porém eu acho que jogaram meu e-mail e todas as cartas de recomendação no lixo eletrônico. Só pode. Porque já fazem 3 e obtive um total de zero resposta. O pior é que falta apenas um mês pra minha colação de grau e até agora não sei o que vou fazer sem essa pós dos sonhos. Enfim, o jeito é pensar em um plano b, né? Mas vou parar de pensar nos meus b.o’s e me concentrar no que importa agora: Aproveitar os segundos que restam com o Luís.

“Nem acredito que você já tem que ir” eu digo fazendo beicinho.

“Ah, gatinha, nem eu! Foi um final de semana sensacional e vou lembrar dele todos os dias. Você já tem meu número e até meu endereço, então vê se vai me visitar, hein

Dou uma risadinha e concordo com a cabeça.

“Ei! Fica triste não. Ainda vamos nos esbarrar por aí. E olha, eu peguei seu celular enquanto você estava no banho e criei uma playlist pra você lembrar da gente”

“Ahhh, que demais. Vou ouvir!” Dou um longo beijo nele e nos despedimos ali.

Quando chego em casa, tiro o tênis e me jogo no sofá, estou exausta. Imediatamente pego meu celular e abro o spotify. Quando eu vou em meu perfil, encontro a playlist “Nosso Rock”, sim, é o nome da playlist que ele criou pra gente. Não paro de escutar até que meu celular toca, não atendo. É um número estrangeiro, sabe lá quem deve ser. Seja lá quem for, a pessoa é incansável, porque continua insistindo na ligação. Quando penso em bloquear, olho bem pra tela do celular e vejo o país de onde a ligação é feita. Pera. Não pode ser. CANADÁ? Socorro! Atendo imediatamente.

Passo alguns minutos conversando e graças ao meu inglês fluente, entendo tudo. E sim, eles estão me oferecendo a bolsa de pós que eu almejo e tenho trabalhado por ela há tanto tempo! Desligo o celular e estou igual uma criança, pulando de alegria. Vou para o Canadá! Eu vou para o Canadá!

Mal posso esperar para finalizar esse último mês de faculdade e seguir viagem. Estou prontíssima!

Canadá, aí vou eu! ♥

__________________

Será que Nina e Luis se reencontrarão no Canadá? Vocês acham que a Nina está tão viciada assim no Luis ao ponto de iniciar o que ela tanto teme, um relacionamento sério? Opinião da sereia: eu acho que a Nina tem muito a aprender sobre relacionamentos e o Luis, um bad boy garanhão tem muito a ensiná-la. A pergunta que talvez você não fez: por qual motivo será que a Nina tem repulsa a relacionamentos? Se quiserem continuação, podemos descobrir juntas!

A playlist “Nosso Rock 🔥”está disponível no spotify, é só clicar no link.

Nina e Luís chegaram essa semana para enaltecer e comemorar o Dia do Rock. Afinal, não tem nada melhor do que ouvir, curtir e ter um bom rock’n roll na vida, né? 🤘🔥

Até logo, sereináticas 🧜‍♀️

Luna de Adelaide.

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Link playlist:

13 COMENTÁRIOS

  1. Eu amei demais e quero continuação. Ansiosa pra saber se eles vão se reencontrar no Canadá hahahah. E onde eu encontro mais conteúdo sobre a escritora?

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