No relatório do Inquérito Policial sobre briga em condomínio de Manaus que envolveu o investigador da Polícia Civil do Amazonas, Raimundo Nonato Monteiro Machado, e a esposa dele, Jussana de Oliveira Machado, o delegado Fábio Aly de Freitas conclui que não há como enquadrar o casal em tentativa de homicídio. Eles foram indiciados por lesão corporal contra o advogado Ygor Menezes Colares e a babá do filho dele, Cláudia Gonzaga de Lima.
O delegado afirmou que “em nenhum momento, Jussana dá indicativo que pretendia disparar, embora tenha assumido o risco que algum disparo ocorresse intencionalmente ou acidentalmente”. Fábio Aly se refere ao momento em que Jussana pega o revólver do marido e aponta para o advogado durante a briga.
“Há, aqui, que se discordar do Ministério Público, pois a mera entrega de arma de fogo a
pessoa não autorizada não constitui participação no delito supostamente praticado por
Jussana”, alega Fábio Aly Freitas.
Aly Freitas também considera que Raimundo Nonato “é um policial treinado para uso de arma de fogo” e que ele não não teve a intenção de matar Ygor Colares, pois se tivesse, “jamais teria entregue a arma” para Jussana.
“Embora injustificável e indefensável, é plausível a alegação que a entregou para ingressar em luta corporal com Ygor, fato este que aumentaria em muito o risco de algum acidente”, disse Fábio Aly
“Houvesse algum ajuste prévio entre Nonato e Jussana para garantir a luta corporal travada com Ygor certamente teria sido orientada a não proceder desta maneira, pois colocou não apenas a vítima como o próprio marido em risco”, acrescentou o delegado.
Fábio Aly sugere que Jussana responda por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, ameaça e lesão corporal contra Cláudia Gonzaga e por ter impedido que outras pessoas socorressem Ygor. Para Raimundo Nonato é proposta as mesmas implicações, mas em circunstâncias diferentes.
O Ministério Público pediu que Raimundo Nonato responda por tentativa de homicídio por ter entregue a arma de fogo para Jussana. Conforme o MP, a mulher só não conseguiu matar o advogado por ter “errado a direção do disparo”, já que o braço dela foi empurrado quando mirava o corpo da vítima.
Em nota, a defesa do advogado Ygor Colares e da babá Cláudia Gonzaga lamentou o posicionamento do delegado no Inquérito e disse que houve “corporativismo”.
“Verifica-se que o Relatório da Autoridade Policial ignorou completamente os depoimentos das Testemunhas e das Vítimas e adotou como verdade absoluta a versão apresentada pelos Acusados, bem como laborou em uma espécie de “defesa técnica” do casal agressor”, diz o advogado Vilson Benayon em nota.
“As vítimas declaram que confiam que a Justiça será feita e esperam que, para isso acontecer, o Ministério Público do Estado do Amazonas, ofereça denúncia pelo crime de homicídio em sua forma tentada, deixando claro para toda a sociedade que não aceitará privilégios de classes nem tolerará atos de violência”, finaliza Benayon.
Foto: Redes Sociais/Reprodução
*Amazonas Atual