Os deputados estaduais cobraram nesta quinta-feira (22) durante sessão plenária da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) articulação da bancada amazonense no Congresso Nacional para trazer o maior número possível de médicos ao estado pelo programa Mais Médicos, reimplantada pela gestão Lula (PT) na última segunda-feira (20).
O deputado estadual Abdala Fraxe (Avante) afirmou que a Assembleia precisa fazer uma parceria com a bancada federal para intermediar o envio de uma parcela “considerável” de médicos para a região Amazônica, especialmente ao interior do Amazonas.
“Existe uma dificuldade toda de logística e de locomoção, mas a população não pode ficar desassistida, sem capacidade de atendimento. Tem município que paga R$ 60 a 80 mil para um cirurgião. Não estou dizendo que vale, não é isso, mas é forma meio que refém que a administração municipal fica em virtude dessa falta de médico”, defendeu Abdala.
O deputado Adjuto Afonso (UB) disse não ter dúvida de que o relançamento do programa com uma roupagem bem mais atraente aos profissionais médicos irá atrair os médicos.
Adjuto classificou o programa como bastante “interessante” e uma possível saída para que os prefeitos do interior consigam manter os médicos em municípios distantes de Manaus.
“Ontem me disseram que em Boca do Acre chegam a pagar até R$ 100 mil para um anestesista porque ele cobra por cada anestesia R$ 2.500 a R$ 3000. Não tem prefeitura que aguente isso. Se esse médico for lá por conta dos incentivos do programa acho que vai ajudar muito”, declarou o parlamentar.
O deputado Rozenha (PMB), de primeiro mandato, relembrou que na época em que o Mais Médicos teve a sua primeira versão lançada no ano de 2013 foi contrário por conta do emprego em grande escala de médicos cubanos, oriundo de um contrato com a ditadura de Fidel Castro.
Para ele, os médicos cubanos não teriam “intercâmbio tecnológico” para atuar no interior do Amazonas. Rozenha disse que reconsiderou a posição após conhecer a realidade interiorana e chegou a conclusão de que o pior é não ter nenhum médico nesses municípios.
“O pior é não ter nada como em muitas cidade ocorrem. Os médicos não aceitam propostas pequenas dos prefeitos e entendo. É um direito deles como profissional. Há médicos que não têm a questão humana latente dentro de si. O fato é que temos que resolver. É melhor ter na atenção básica um médico que possa resolver de forma preliminar coisas menores do que não ter nenhum. Mudei o meu entendimento e quero fazer coro em apoio a esse programa e lutar para que tenhamos no Amazonas um volume maior desses médicos”, comentou Rozenha.
Na terça-feira, o A CRÍTICA mostrou que os municípios do Amazonas têm um déficit de 549 profissionais médicos. O número foi estimado pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Comsems-AM) e entregue ao Governo Federal.
O Mais Médicos volta repaginado para contrapor um dos principais questionamentos levantados durante o governo da ex-presidente Dilma Rouseff: a contratação de médicos estrangeiros, em especial os cubanos. Além dos médicos, enfermeiros, dentistas e assistentes sociais também serão convocados. Cerca de R$ 712 milhões serão investidos no programa apenas em 2023.
Apesar de reforçar a prioridade aos brasileiros – formados no Brasil ou exterior – o presidente Luiz Inácio Lula não descartou a possibilidade de contratação de estrangeiros, caso as vagas não sejam preenchidas.
Ao todo, 15 mil vagas serão abertas logo na retomada do programa, sendo 10 mil em convênio com as prefeituras. A expectativa é que até o final de 2023, segundo o governo federal, 28 mil profissionais sejam fixados em todo o território nacional.
*A crítica