Dezenas de policiais militares foram mobilizados na tarde desta sexta-feira (27) para reforçar a segurança na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), em Manaus, durante o depoimento do sargento Edersson Oseias Cordeiro Lira, suspeito de matar Kennedy Cardoso de Miranda, de 22 anos, na noite de Natal. Assista ao vídeo acima.
O sargento se apresentou à Delegacia de Homicídios na manhã desta sexta-feira (27), acompanhado de seu advogado. Em nota, a Polícia Militar informou que o reforço na segurança na não comprometeu o policiamento na cidade.
Kennedy, que estava em Manaus para passar o Natal com a namorada, foi morto com um tiro na cabeça disparado pelo sargento, conforme apontam as investigações. Segundo a família, o suspeito é ex-marido da irmã da namorada da vítima.
A equipe da Rede Amazônica esteve na DEHS no fim da manhã desta sexta-feira e registrou a presença de familiares de Kennedy, emocionados, no local. Durante a saída do sargento da unidade, os parentes da vítima tentaram agredi-lo, e os policiais o levaram de volta à sala do delegado.
Após o princípio de tumulto, o policiamento foi intensificado com a formação de um cordão de segurança ao redor da delegacia.
A reportagem também constatou a presença de pelo menos 50 policiais militares no local, que formaram um bloqueio para garantir a segurança durante a escolta do suspeito. Após o fato, tanto a imprensa quanto os familiares da vítima foram retirados da delegacia.
O sargento deixou a DEHS pelos fundos e deve ser encaminhado para audiência de custódia ainda nesta sexta-feira (27).
O g1 questionou a Polícia Militar sobre o motivo da grande mobilização e os procedimentos adotados na delegacia. Também perguntou se o deslocamento de dezenas de PMs para a segurança do suspeito de assassinato impactou o policiamento na cidade.
Por meio de nota, a PM disse que o policiamento presente no local é “normalmente empregado em situações como a ocorrida delegacia, para evitar conflitos entre familiares de vítimas e os suspeitos que precisam ser ouvidos na delegacia”.
Na mesma nota, a Polícia Militar afirmou que, apesar da mobilização de dezenas de policiais no local, não houve impacto no policiamento da região.
O caso
Natural de Autazes, Kennedy Cardoso de Miranda estava em Manaus para comemorar o Natal com a namorada. De acordo com o irmão do jovem, Giliarde Cardoso Cruz, o policial chegou embriagado à festa e, após um desentendimento, atirou na cabeça do jovem. Ainda segundo a família, o suspeito é ex-marido da irmã da namorada da vítima.
“Ele [o policial] chega, entra, cumprimenta todo mundo já bêbado, com uma cerveja na mão. Quando está saindo, pergunta se meu irmão era vagabundo. Meu irmão responde perguntando se tem cara de vagabundo. No automático, o sargento puxa a pistola e atira na cabeça dele”, relatou Giliarde.
Após o disparo, o suspeito fugiu a pé, deixando seu carro no local. Kennedy foi socorrido, mas morreu durante a madrugada devido aos ferimentos.
A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) lamentou o ocorrido, afirmando que “não aprova quaisquer atos que não estejam alinhados com os princípios da instituição” e reforçou seu compromisso com a transparência e a apuração dos fatos.
Ainda no dia do crime, 25 de dezembro, o Judiciário já havia decretado a prisão temporária do PM. A Polícia Civil informou que a defesa de Edersson esteve na DEHS e havia anunciado que ele se entregaria no final da tarde da quinta-feira (26). No entanto, o suspeito não compareceu.
*G1/AM/Foto: Gato Jr./Rede Amazônica