A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre os homicídios do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em junho de 2022, nas proximidades da terra indígena Vale do Javari (AM). Segundo a corporação, a motivação do crime seriam as atividades fiscalizatórias realizadas pelo ambientalista, que atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas.
Ao longo de dois anos, a PF indiciou nove investigados, incluindo o mandante do crime, que custeou a ação criminosa, incluindo a compra dos cartuchos. Além disso, ele coordenou o plano para ocultar a localização dos cadáveres das vítimas. O homem está preso.
‘Colômbia’
O mandante do crime, de acordo com a PF, é o traficante Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia. Entre as provas estão ligações que Colômbia fez para Jeferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”, apontado como o autor dos tiros que mataram os dois profissionais.
A corporação também verificou que os advogados de Lima foram pagos por Rubens Villar, outro indício que leva os investigadores a acreditar que o traficante foi o mandante.
Impactos
A investigação também revelou que o grupo atuava com pesca e caça predatórias na região de Atalaia do Norte (AM). Para a corporação, as ações criminosas geraram impactos socioambientais e ameaçaram a segurança de servidores de proteção ambiental e de populações indígenas.
“Reforçando o compromisso com a segurança e proteção do meio ambiente e dos direitos indígenas, a Polícia Federal informa que continua monitorando os riscos aos habitantes da região do Vale do Javari, além de manter investigações em andamento sobre ameaças contra indígenas que residem na localidade”, afirmou a PF.
Relembre o caso
Entenda o caso
O jornalista e o ambientalista viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para a produção de um livro com reportagens sobre invasão de áreas indígenas. O vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, há anos é pressionado pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais, que tentam expulsar os povos tradicionais da região.
Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times, Washington Post e o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.
A Polícia Federal localizou os restos mortais dos dois em 15 de junho de 2022. A corporação encontrou os cadáveres após o pescador Amarildo da Costa confessar os assassinatos e levar policiais até o local onde enterrou os corpos. Exames realizados pela PF no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, constataram que os materiais encontrados eram de Dom e Bruno.
A perícia da PF chegou à conclusão depois de analisar a arcada dentária das duas vítimas. Ela informou, ainda, que o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Já Dom foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen.
*R7/Foto: Reprodução/Record/Arquivo