Bilionários americanos estão agitando a reta final da eleição nos Estados Unidos ao declararem apoio a Kamala Harris ou a Donald Trump, candidatos democrata e republicano à Casa Branca, respectivamente. É o caso de Elon Musk e de Mark Cuban, que têm participado de eventos de campanha em prol de seus candidatos rumo ao dia da votação, em 5 de novembro.
Mark Cuban subiu ao palco durante um comício de Kamala Harris em Wisconsin na quinta-feira (17). Em seu discurso, ele criticou Trump por sua proposta de aplicar novas tarifas sobre a maioria dos produtos chineses, argumentando que serão os americanos que pagarão a conta, não os chineses. (Leia mais abaixo)
Dono dos Mavericks, do jogo All Star da liga de basquete americana e estrela do programa “Shark Tank”, Cuban traz à campanha de Kamala um apelo de cultura pop com conhecimento tecnológico e credibilidade nos negócios, algo especialmente atraente para os homens mais jovens, que se tornaram um público-chave na corrida presidencial à medida que Trump foi ganhando terreno entre os eleitores homens, em geral. O empresário deve realizar um evento para a vice-presidente dos EUA neste sábado (19), em Phoenix.
Ao contrário de Cuban, que é apenas um apoiador de Kamala e não um doador da campanha democrata, Elon Musk vai além: ele já doou cerca de US$ 75 milhões (cerca de R$ 427 milhões) à campanha de Trump.
CEO da Tesla e da SpaceX e dono da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk estreou em comícios eleitorais em 5 de outubro, quando subiu saltitante ao palco do aliado republicano. Após algum tempo sem se posicionar, Musk declarou apoio a Trump após o atentado que ele sofreu em julho.
Desde então, o bilionário abraçou a campanha do republicano, fazendo doações e até vestindo o boné do Maga (“Make America Great Again”, ou “Faça os EUA grandes novamente” em português), slogan de Trump, em suas aparições públicas recentes. Musk até ganhou um cargo no governo caso Trump vença: segundo a promessa do político, o dono do X chefiaria uma “Comissão de eficiência do governo”.
Nesta quinta, Musk realizou seu primeiro evento solo em apoio a Trump, na Pensilvânia, algo considerado um marco –e indícios de que está “apostando tudo” nesta eleição, segundo o jornal americano “The New York Times”. O bilionário tem promovido Trump frequentemente no X e, de forma privada, “está obcecado, quase maníaco, com as implicações do pleito e a necessidade de Trump vencer”, segundo o jornal.
Cuban critica proposta econômica de Trump
Segundo Mark Cuban, o plano de Trump de impor novas tarifas de até 60% sobre produtos chineses na tentativa de impulsionar a manufatura americana é uma “ideia louca” que vai punir os consumidores, que acabarão pagando a conta.
“Esse homem tem tão pouco entendimento sobre tarifas, ele acha que a China paga por isso. Esse é o mesmo cara que também achava que o México pagaria pelo muro”, disse Cuban.
“O México pagou pelo muro?,” perguntou Cuban para a plateia, que respondeu “não.”
Trump tem afirmado que suas políticas comerciais – que preveem tarifas elevadas sobre produtos não apenas de rivais como a China, mas também de aliados como a União Europeia – revitalizariam a manufatura americana e gerariam receita suficiente para aliviar as preocupações sobre o déficit crescente.
“Para mim, a palavra mais bonita do mundo é ‘tarifa,'” disse Trump na terça-feira, em uma entrevista por vezes tensa no Economic Club de Chicago.
Cuban reconheceu que Trump tinha uma política comercial e de tarifas coerente quando era um forasteiro político nos anos 1990 e início dos anos 2000, mas disse que suas ideias atuais são apenas “baboseira.”
“Donald Trump é o Grinch que quer roubar o seu Natal”, disse ele. “O Grinch não entende como as tarifas funcionam… O Grinch é quem vai colocar essas pequenas empresas fora dos negócios.”
*G1/Foto: Mark Cuban (à esquerda) e Elon Musk (à direita) em comícios de Kamala Harris e de Donald Trump em outubro de 2024. — Foto: AP Photo/Abbie Parr/Alex Brandon