Entenda caso do soldado de Israel que virou alvo da Justiça brasileira

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O caso envolvendo um soldado de Israel alvo da Justiça do Brasil voltou a abalar as relações entre Brasília e Tel Aviv nesse fim de semana. O militar estava em solo brasileiro quando foi denunciado por supostos crimes de guerra por uma organização internacional.

Identificado como Yuval Vagdani, o cidadão israelense chegou ao Brasil em dezembro de 2024 para uma temporada de férias. Junto de amigos, ele estava em Morro de São Paulo, na Bahia.

Após identificar a presença de Vagdani no território brasileiro, a Fundação Hind Rajab (HRF) acionou a Justiça local e pediu investigação contra o militar de Israel. Ele é acusado de participar da destruição de um bairro completo na região conhecida como corredor Netzarim, na Faixa de Gaza.

Segundo a organização, que atua internacionalmente denunciando crimes cometidos contra palestinos, a ação teria acontecido fora de situação de combate e teve a “intenção deliberada de causar prejuízos indiscriminados à população civil”.

Nos autos judiciais do caso, aos quais o Metrópoles teve acesso, a HRF anexou uma série de provas para sustentar a acusação. Elas foram recolhidas com base em um trabalho de investigação feita com inteligência de fontes abertas.

Nas imagens, é possível ver Vagdani celebrando nas redes sociais as ações israelenses no enclave palestino, que já provocaram a morte de 45 mil pessoas na região. Em uma das publicações, o soldado israelense clamou que Israel continuasse “destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus alicerces”, em referência a Gaza.

O pedido para que a Polícia Federal (PF) iniciasse investigação contra Vagdani foi emitido pela juíza federal Raquel Soares Charelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal, durante o plantão de 30 de dezembro de 2024. A decisão se baseia no fato de que o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional (TPI).

Além da investigação, a HRF queria que a Justiça expedisse mandado de prisão provisória do homem, por risco de fuga ou destruição de provas. No entanto, o pedido não foi deferido pela Justiça a tempo.

Fuga

Depois da repercussão do caso, Vagdani deixou o Brasil antes que pudesse ser alvo de diligências da PF.

Segundo informações da mídia israelense, um amigo do militar teria recebido mensagem de uma representação diplomática de Israel informando sobre o caso. O soldado, então, deixou o território brasileiro e chegou ao seu país natal nas primeiras horas de domingo (5/1).

Até o momento, ainda não está claro sob quais circunstâncias Vagdani deixou o Brasil. O Ministério das Relações Exteriores de Israel, no entanto, afirmou que acionou sua embaixada no território brasileiro para acompanhar o caso até a “rápida e segura partida” do militar do Brasil.

Reação israelense

Por meio de sua representação diplomática no Brasil, o governo de Israel criticou a decisão da Justiça brasileira e pontuou que Israel “está exercendo seu direito à autodefesa após o massacre brutal cometido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023”.

Além disso, a embaixada israelense em Brasília disse que “os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses”.

O caso também gerou reações do Parlamento israelense. Em uma publicação no X, o congressista Dan Illouz ameaçou o Brasil por causa da decisão contra o soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI).

“Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição de seus soldados, e se o Brasil não corrigir seus hábitos, pagará um preço”, escreveu o parlamentar.

De acordo com a mídia israelense, uma reunião emergencial no Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento de Israel foi agendada para esta segunda-feira (6/1), com o objetivo de discutir o caso envolvendo a Justiça do Brasil e o soldado das FDI.

Fonte: Metrópoles/Foto: Reprodução/Redes Sociais

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