Expectativa de vida em garimpos ilegais na Amazônia é de 55 anos

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A expectativa de vida dos garimpeiros na atividade ilegal na Amazônia é de 55 anos, 28% menor que a média nacional que é de 76,4 anos, revela o estudo “Mapeamentos dos impactos da mineração ilegal na Amazônia” da Repam-Brasil (Rede Eclesial Pan-Amazônica) e do Instituto Conviva.

Entre as principais causas de morte estão as doenças Gota (24%), caracterizada pelo aumento dos níveis de ácido úrico no sangue que causam problemas renais e dor intensa nas articulações; malária (19%), tuberculose (14%), bronquite (13%), pneumonia (11%), reumatismo (10%) e IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis, 9%).

Outras causas de morte, conforme o estudo, estão relacionadas com a atividade como afogamento (20%), soterramento (19%), ataques de animais (18%), picadas de cobras (18%), ferroadas de insetos (13%) e picadas de aranha (12%), além de conflitos armados, alcoolismo e doenças crônicas resultantes da exposição ao mercúrio por longos anos de atuação nos garimpos.

“Nós entendemos, por exemplo, que ao ser picado por uma cobra, não receber tratamento (médico) e vir a óbito é uma violência institucional. Morrer de fome ou de acidente no trabalho sem receber nenhum tipo de assistência também é uma violência institucionalizada nos garimpos. Ou seja, o modo de vida no garimpo não permite um aumento da expectativa de vida dos trabalhadores”, diz Márcia Oliveira, doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e uma das organizadoras da pesquisa.

De acordo com o estudo, o garimpo ilegal na Amazônia, que cresceu 650% entre 2016 e 2022, gera contaminação de povos do território e também dos garimpeiros que são classificados como “proletários da lama”. Eles não têm nenhum tipo de assistência à saúde nas áreas de garimpo.

A coleta de dados para o estudo ocorreu de janeiro de 2022 a outubro de 2024 por uma equipe de 389 pessoas incluindo sociólogos, comunicadores e antropólogos. Foram ouvidos e analisados garimpeiros em Manaus, Altamira (PA), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR), que trabalharam nos garimpos e hoje moram nessas cidades e desenvolvem atividades autônomas com a ajuda dos serviços pastorais da Igreja Católica.

Ainda segundo o levantamento, a maioria dos participantes revelou “padecer” de mais de três doenças. Apesar de as IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) aparecerem com menores taxas de reclamações, muitos garimpeiros revelaram ter contraído ISTs e dificuldade de tratamento. Nenhum participante revelou ser soropositivo. Entretanto, quando indicavam as doenças “dos outros”, o Vírus da Imunodeficiência Humana VIH (lentivírus responsável por causar a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – HIV), apareceu com elevadas taxas de ocorrências.

“Muitos reclamam de doenças relacionadas à artrite, desgastes ósseos, questões vinculadas também ao modo de trabalho: trabalhar no barro, molhado o tempo todo, sem nenhum equipamento de segurança. Tudo isso contribui para que a expectativa de vida seja muito abaixo da média nacional”, diz Márcia Oliveira.

Fonte: Amazonas Atual/Foto: Ibama/Divulgação

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