Família de abusada por alemão desistiu de queixa por dinheiro, diz polícia

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A mãe e a tia da adolescente de 15 anos que filmou o próprio estupro no Amazonas chegaram a registrar dois boletins de ocorrência contra o empresário alemão Wolfgang Brog, 75. A jovem diz que foi violentada por ele desde os 6 anos — e que as responsáveis por ela sabiam.

O que aconteceu

Os boletins de ocorrência foram registrados pela Polícia Civil do Amazonas contra Wolfgang Brog em 2013 e 2016, mas o inquérito não foi instaurado e as investigações não foram adiante, segundo a delegada que investiga o caso, Joyce Coelho, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente do Amazonas.

Segundo as investigações, as ocorrências serviram para chantagear o empresário. Caso ele não fornecesse os valores exigidos à mãe e à tia, elas levariam as denúncias adiante. “Ter encontrado esses boletins corrobora a palavra da adolescente, que diz que vinha sendo violentada desde quando era criança”, diz a delegada.

O primeiro registro foi feito pela tia — que teve um relacionamento com Brog. O segundo, pela mãe.

A defesa da mãe da menina, representada pelo advogado Cezar Henrique Brandão Souza, afirmou que desconhece o boletim registrado contra o empresário. A defesa da tia materna da menina informou que não irá se pronunciar. O empresário alemão não foi localizado.

“Houve apenas o registro. Elas não compareceram para serem ouvidas, sumiram com a menina”, afirma a delegada Joyce Coelho.

Histórico de violência

A jovem que procurou a polícia para relatar o crime convivia com o empresário alemão desde a infância. Segundo a polícia, ela passou a viver com a tia materna aos 5 anos — pois o pai havia morrido e a mãe estava presa. À época, a tia tinha um relacionamento com Brog.

Sem ter o apoio da mãe e da tia, a jovem buscou ajuda com uma tia por parte de pai. “A mãe começou a receber dinheiro para mantê-la na exploração sexual”, diz a delegada.

Delegada Joyce Coelho localizou dois boletins de ocorrência contra o empresário alemão - Erlon Rodrigues/PC-AM - Erlon Rodrigues/PC-AM
Delegada Joyce Coelho localizou dois boletins de ocorrência contra o empresário alemãoImagem: Erlon Rodrigues/PC-AM

A menina conseguiu gravar um vídeo para registrar o momento do estupro cometido por Brog. No fim de março, ela teve ajuda da tia paterna para denunciar os abusos. “O vídeo é uma prova irrefutável”, diz a delegada.

Durante a investigação, a polícia descobriu que Brog tentou convencer a jovem a desistir da denúncia. “Ela nos relatou que vinha recebendo mensagens dele, mas ele apagava os áudios. Ele planejava fazê-la voltar atrás.”

Segundo Joyce, a garota passou a sofrer ameaças e violência física quando decidiu procurar a polícia. “A tia e a mãe agiam de forma agressiva com ela”, diz a delegada.

Exploração sexual

Com o vídeo gravado pela menina, policiais fizeram buscas e apreenderam fitas de vídeo, HDs, pen-drives e um computador na embarcação de Brog. O material vai passar por perícia.

A mãe da menina, Keila Vilhena Reis, foi presa em casa. Os policiais apreenderam celulares e encontraram uma algema, usada pelo homem durante os estupros.

A polícia tentou prender Brog, mas ele fugiu para a Alemanha no início de abril. No Brasil, ele é considerado foragido.

Versões da defesa

O advogado de defesa disse que a mãe da adolescente era usuária de drogas e que, por isso, permanecia muito tempo nas ruas. Segundo ele, a mulher perdeu a guarda da criança para a irmã.

Souza nega que Keila tenha recebido pagamentos do empresário. “Ela não recebeu nenhum benefício, nenhuma troca de dinheiro pela exploração da criança. Keila e o atual marido têm uma sociedade com o alemão por um contrato de empréstimo — e com o dinheiro construíram uma casa, mas tudo registrado em cartório.”

Segundo o advogado, a mãe ficou sabendo dos abusos somente quando a menina registrou o vídeo do estupro. “Em nenhum momento, a adolescente contou para a mãe sobre esse fato.”

O UOL não conseguiu contato com o empresário. Ao Fantástico, ele disse que não há provas contra ele e que não voltará ao Brasil já que corre o risco de ser preso. “Eu nem sei de quem eles estão falando, que mulheres são isso.”

Imagem: Reprodução/Fantástico

*Com informações do site UOL 

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