Chegou ao fim antes do previsto pela diretoria a passagem de Fernando Lázaro no comando do Corinthians. Mesmo acostumado a segurar seus comandantes ao máximo, os dirigentes se renderam à pressão da torcida e acabaram tirando o treinador da função após reunião nesta quinta-feira. A derrota para o Argentinos Juniors em casa, com futebol ruim e pouca produtividade, foi a gota d’água para a queda. Efetivado no cargo no começo do ano o profissional, contudo, segue no clube. Ele retornará à função de auxiliar da comissão permanente.
Foi o quarto revés de Fernando Lázaro no ano – já havia perdido de Red Bull Bragantino (1 a 0), São Bernardo (2 a 0) e Remo (2 a 0). Ele dirigiu a equipe em 17 oportunidades na temporada, com outras oito vitórias e cinco empates, um rendimento abaixo do esperado de 56,86% de aproveitamento.
“Nesta quinta-feira, o técnico Fernando Lázaro deixou o cargo de treinador do Corinthians. O profissional permanecerá no clube, retornando à função de auxiliar na comissão permanente. Os auxiliares Luciano Dias e Thiago Larghi se despendem e não fazem mais parte da comissão técnica”, informou o clube. “O Corinthians agradece aos profissionais por toda contribuição nos serviços prestados à instituição e deseja sucesso na sequência das carreiras.
Lázaro era visto com bons olhos pelos dirigentes pelo trabalho exercido no clube. Foi trazido, inclusive, da seleção brasileira que se preparava para a Copa do Mundo no Catar, no ano passado. Então analista de desempenho e expert em analisar adversários, ele teve sua primeira chance como efetivo sob garantia que poderia fazer o atual elenco render bem mais que sob a direção de Vítor Pereira. O português jamais conseguiu emplacar bons resultados e um rendimento que agradasse. Fora de casa, o time era alvo fácil.
O novo treinador tinha a seu favor a invencibilidade das passagens anteriores, quando de maneira interina dirigiu o Corinthians por duas vezes e somou seis vitórias e um empate. A largada, porém, já veio com desconfiança: derrota por 1 a 0 para o Red Bull Bragantino com o adversário soberano durante os 90 minutos.
O filho do ex-lateral Zé Maria rapidamente deu a volta por cima e até fez a torcida sonhar com ressurgimento do Corinthians forte. O time ganhou do São Paulo, jogou bem contra o Palmeiras e avançou sem sustos no Paulistão. A queda nas quartas de final, diante do Ituano, na Neo Química Arena, contudo, foi a primeira decepção.
A torcida começou a mostrar descontentamento, sobretudo com a queda de rendimento no campo. A equipe já não conseguia mais se impor. Mesmo largando com 3 a 0 na Copa Libertadores, o futebol não convenceu. E veio novo golpe: abrir a Copa do Brasil sofrendo 2 a 0 do Remo, um time da Série C.
A perda de Renato Augusto, machucado, contribuiu muito para Fernando Lázaro perder a mão no time. Sem seu maestro, não soube o que fazer. Testou Paulinho e Maycon na posição, sem sucesso, utilizou Barletta contra o Cruzeiro e apelou ao jovem Matheus Araújo diante do Argentinos Juniors. A declaração de Róger Guedes após a última partida retrata bem o que se tornou o Corinthians de Fernando Lázaro: “Perdemos a essência”.
*Estadão conteúdo