O Consórcio Sul Sudeste proposto pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, é a união dos Estados do Sul e do Sudeste com a finalidade de constituírem um Consórcio, aos moldes do já existente desde 2019: o Consórcio do Nordeste, composto pelos Estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Piauí, Alagoas e Sergipe. Questões como o desenvolvimento econômico e político são as principais pautas. Ou, para ficar politicamente correto: desenvolvimento sustentável. Segundo a Fundação Getúlio Vargas o PIB do Nordeste representou 13,6% do PIB brasileiro. Já o PIB das regiões Sul e Sudeste corresponde a 70,2% do PIB brasileiro (54,0% do Sudeste e 16,2% do Sul). Somente a região Sudeste tem, em valores monetários, um PIB de R$3.237,1 trilhões (ano de 2015-fonte IBGE). Alguns da Esquerda, como sempre ocorre em situações de desvantagem, criam os “fantasmas” que povoam o imaginário lacrador e tentam pressionar o outro lado com narrativas amorais e antiéticas. Já se fala por aí em teses separatistas, como se uma região mais rica quisesse se separar da outra mais pobre. Como ocorreu com a bem sacada teoria do “Golpe”, construída pela Esquerda, que fez as lideranças da Direita recuarem e cederem, por covardia ou medo moral, a “cereja do bolo” da democracia para quem está por aí. Agora, sentindo o perigo, alguns da Esquerda já tentam empurrar goela abaixo a narrativa de separatismo e transformar os idealizadores do Consórcio de Estados do Sul e Sudeste em inimigos do povo e “personas non gratas” da sociedade brasileira, tentando emplacar neles o estigma de separatistas. Já houve na história do Brasil uma tentativa de separatismo. Foi a Guerra dos Farrapos ou Farroupilha, iniciada em 20/09/1835 e findada em 01/03/1845. Seu objetivo era reagir contra o governo Imperial e resultou na declaração de independência da Província de São Pedro do Sul (Rio Grande do Sul, hoje) como estado republicano, dando origem à República Rio-grandense. Para alguns mais apressados até pode parecer uma boa ideia, afinal as regiões Sul e Sudeste são a maior potência econômica do Brasil e com um PIB maior que muitos países europeus. Porém, a relação de igualdade entre os Estados poderia ser mais realista e menos simplista, para não dizer paternalista. Se fala muito em distribuição de renda e pouco se fala em divisão proporcional de quem produz renda. Quem sabe não seria um bom momento para os Estados mais ricos e produtivos terem maior poder político no contexto nacional? Algo parecido com a distribuição de votos nos EUA, com o sistema de delegados, numa votação indireta. Um Estado do Sul e Sudeste teria mais votos (ou delegados) que um Estado do Nordeste e, portanto, mais poder decisório. Questão que é fonte de muita celeuma, mas que, talvez, seja o momento de se discutir. Até porque, se se colocar em votação hoje, é capaz dos votantes do Sul e Sudeste serem minoria frente aos outros Estados e a proposta cairia por terra ou, pior, pela urna. Então, pelo que se vê e pelo que não se vê, talvez, o melhor é torcer pela criação e fortalecimento político, econômico e, quem sabe, militar, do Consócio Sul-Sudeste e “passar a colheitadeira”!
Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.