O governo federal decidiu que não vai realizar novos leilões para importar arroz, segundo apurou o R7. No mês passado, o Executivo chegou a promover um certame para a compra de arroz importado, mas posteriormente o leilão foi anulado devido a irregularidades técnicas e financeiras das empresas vencedoras.
O leilão resultou na comercialização de 263,3 mil toneladas de arroz. O valor movimentado foi de R$ 1,3 bilhão. O certame foi vencido por quatro empresas, mas apenas uma delas era do ramo. As outras eram uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.
Como mostrou o R7, a realização do leilão não era bem vista por parte de empresários do setor, que argumentam que não há risco de desabastecimento do grão em função das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul.
Agora, o governo vai monitorar o mercado visando à redução do preço do arroz nos supermercados. Além disso, fatores de logística e frete serão analisados pela gestão federal.
Durante entrevista a uma rádio do Maranhão em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo deve financiar a produção do grão em mais estados do país. “Vamos financiar áreas de outros estados produtivos de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos financiar, vamos oferecer, sabe, o direito dos caras plantarem. A gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo.”
Na última semana, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), além do presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, se reuniram com empresários do ramo. Participaram do encontro membros da Fedearroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul) e da Câmara Setorial do Arroz.
Os arrozeiros destacaram que a colheita no estado gaúcho chegou em mais de 80% do total da área prevista para a safra e o grão colhido apresenta boa qualidade e produtividade, o que, em tese, garantiria o abastecimento dos brasileiros. O problema, segundo eles, é logístico, principalmente na ligação com o interior do Rio Grande do Sul. A ligação com os grandes centros por meio da BR-101 está normalizada, mas outras vias ainda registram problemas.
A polêmica em torno do leilão resultou na demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, como anunciou Fávaro. Dias depois, o ministro do Desenvolvimento Agrário confirmou a troca do diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago José dos Santos, responsável pela área que realizou o leilão.
*R7/Foto: Ricardo Stuckert/PR – 26.6.2024