O Hamas e a Jihad Islâmica libertaram nesta quinta-feira a última militar israelense capturada em uma base militar perto de Gaza durante o atentado terrorista de 7 de outubro de 2023. Agam Berger, de 20 anos, foi solta em uma cerimônia coreografada similar à realizada na entrega das quatro militares no sábado, no centro da maior cidade do enclave. Os grupos palestinos também entregaram à Cruz Vermelha um grupo de sete reféns, incluindo a civil Arbel Yahod, que Israel pediu provas de vida ao longo da semana, e Gadi Mozes, primeiro homem israelense a ser libertado no cessar-fogo. A soltura, que também incluiu cinco trabalhadores tailandeses capturados durante o atentado, ocorreu na cidade de Khan Younis. Em troca, 110 reféns palestinos devem ser soltos ainda hoje por Israel.
Em comunicado, o Exército israelense detalhou que Agam Berger foi libertada por volta de 09h (04h em Brasília). Entregue aos militares pela equipe da Cruz Vermelha ainda em Gaza, ela foi transportada em um helicóptero militar até uma base de recepção aos reféns, montada por Israel no sul do país. Ela reencontrou a família e foi enviada para uma avaliação médica inicial.
A soltura de Agam foi concluída com em um cerimonial coreografado pelo Hamas, que repetiu o que já havia acontecido no fim de semana durante a libertação das militares Liri Albag, Daniella Gilboa, Karina Ariev e Naama Levy. Ela foi conduzida por homens armados, recebeu um documento, que parecia ser um documento de soltura, e foi ordenada a acenar e sorrir enquanto era filmada.
Além das cinco militares que agora estão em Israel, outras duas foram sequestradas da base em Nahal Oz, em outubro de 2023. Ori Megidish voltou ao país antes, resgatada pelas forças israelenses em 30 de outubro de 2023. Noa Marciano, de 19 anos, foi morta em Gaza e teve o corpo recuperado em novembro.
Logo após o sequestro, vídeos publicados por parentes das jovens para pressionar as autoridades israelenses pelo resgate as mostraram enfileiradas e ensaguentadas, cercadas por integrantes do Hamas. Na época, as forças israelenses admitiram ter falhado em defender a tropa lotada na base de Nahal Oz. As cinco mulheres foram levadas da base militar e passaram um tempo em cativeiro juntas.
— Há uma conexão natural entre elas — disse Noa Eliakim-Raz, chefe do departamento no Hospital Beilinson, em uma entrevista, segundo o New York Times.
As militares não foram libertadas durante um cessar-fogo de curta duração, em 2023, apesar de um acordo à época prever a soltura de mulheres e crianças feitas reféns. O Hamas, na ocasião, alegou que não as libertaria por serem soldados do serviço ativo de Israel.
O primeiro homem israelense libertado foi Gadi Mosez, de 80 anos, sequestrado no kibutz Nir Oz, perto da fronteira de Gaza, onde trabalhava com agricultura. A companheira de Mosez, Efrak Katz, foi morta durante o atentado terrorista. A família do idoso deu entrevistas ao longo dos últimos meses, afirmando que não tem notícias dele desde dezembro de 2023, quando o Hamas publicou um vídeo em que ele aparecia.
Também foi solta a civil israelense Arbel Yahod, cujo prolongamento do cativeiro motivou protestos de Israel desde o fim de semana, uma vez que ela deveria ter sido solta antes das militares. As autoridades chegaram a exigir uma prova de vida, considerando que o atraso de dias poderia significar que ela não estivesse viva.
Yahod também vivia em Nir Oz, de onde foi sequestrada com o namorado Ariel Cunio. Embora ela retorne a Israel, Ariel irá permanecer em Gaza, uma vez que o atual acordo não inclui a soltura de homens em idade militar.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou duramente o que descreveu como “cenas chocantes” durante a entrega dos sete reféns em Khan Younis. As imagens transmitidas pela televisão mostraram homens armados lutando para controlar centenas de palestinos que se reuniram para testemunhar a entrega.
— Vejo com grande severidade as cenas chocantes durante a libertação de nossos reféns. Esta é mais uma prova da crueldade inimaginável da organização terrorista Hamas — disse Netanyahu em uma declaração. (NYT e AFP)
Fonte: O Globo/Foto: Omar AL-QATTAA/AFP