Uma semana se passou desde o dia em que reencontrei Lucca. Ele tem me ligado até então, mas não atendo, nem retorno… definitivamente não sei o que acontece comigo. Eu sei exatamente o que eu quero, eu sei de fato o que eu quero, e eu quero ele. Mas parece que estou fazendo algo errado, alguma coisa dentro de mim insiste em dizer que é melhor eu continuar assim… quebrada. Eu não acho justo arrastar as pessoas para o caos que eu sou e que me tornei. Ele merece viver uma vida onde encontre alguém tão especial quanto ele, alguém que o ame com toda a sua força, com toda a sua alma. Não posso fazer isso com ele. Retornar sua ligação é assinar o contrato de que essa história vai acabar de uma forma ruim. O brilho que Lucca tanto falou que via em meus olhos há 16 anos atrás não está mais aqui e ele não está preparado para conhecer a pessoa que sou hoje.
Meu diário já está cansado de “ouvir” minhas reclamações. Foi tudo que eu fiz essa semana – reclamar de tudo e de todos. O que eu acabo esquecendo é que eu sou a grande culpada de tudo isso está desse jeito e por este estado ao qual me encontro. Eu queria me livrar disso, mas tem horas que eu acabo percebendo que é melhor ficar assim mesmo, nesse mood infinito do comodismo. Sobrevivo assim há dois anos.
Já são 21h45 quando o interfone do ap toca e que droga, isso são horas? É o jeito ir ver quem é a esta hora da noite. Com certeza deve ser o síndico, no mínimo. Ele está atrás de mim há 3 semanas para uma pesquisa de satisfação em que eu ignoro desde então. Quando eu pergunto quem é, a voz que eu ouço do outro lado não era a voz que eu estava esperando ouvir. É ele. É o Lucca.
Meu coração dispara no meu peito, perdi totalmente o ar e as palavras mal conseguem sair pela minha boca. O que será que ele está fazendo aqui? Ou melhor, como ele conseguiu meu endereço? Eu definitivamente não faço ideia, só sei que eu preciso responder algo ou ele vai achar que eu desmaiei. E é nessa hora que eu digo pra ele subir.
Droga, droga!
Eu já tenho certeza que deixar ele subir foi a pior ideia de todas. Eu não sei como olhar pra ele, não sei o que dizer, não sei qual justificativa eu vou usar pra dizer o motivo de eu não ter respondido às chamadas e mensagens. Não tenho coragem de dizer pra ele que o problema é comigo, ainda que pareça clichê. Ele nem sabe que eu fiz uma música naquela noite. Que raiva. Eu preciso pensar, ele já deve estar chegando.
Falando nele… a campainha toca.
Me direciono para a porta e no momento em que rodo a maçaneta meu coração dispara e meus olhos contemplam a melhor visão que eu poderia receber em uma noite de sexta-feira. Lá estava ele. Seus olhos escuros, tão lindos e desesperados por algo, sua covinha ali, no cantinho que eu lembro da última vez que o vi. Seu cabelo está lindo, meio esvoaçado. Oh meu Deus… ele está tão lindo e tá bem aqui na minha frente. Mal consigo me recuperar dos pensamentos quando ele fala:
– “Vai me deixar entrar?” – eu sinto que a pergunta dele foi bem mais profunda do que soou, porque sim, eu quero deixar, mas não quero deixa-lo entrar somente pela porta. Eu quero que ele entre na minha vida. Em mim.
– “Ah, claro. Pode entrar, não repare a bagun…” – ele coloca uma mão nos meus lábios interrompendo minha fala e então me abraça o mais forte que meu corpo poderia suportar. Suas mãos apertam minhas costas e em muito tempo não sentia um abraço tão incrível que me quebra por inteira. Só que agora, da melhor maneira que eu poderia imaginar.
– “Lucca… o que você está fazendo aqui? Como conseguiu meu endereço?”
– “Você me disse que era colunista, então eu fui até sua agência e disse à recepcionista que eu era seu primo. Me desculpa por isso, Hanna. Mas você não me atendia e eu precisava tanto, tanto saber como você estava. Sério… por que você não me respondeu? Porque não me atendeu? Eu estava tão preocupado com você. Da vez que nos reencontramos você estava tão triste, eu realmente fiquei preocupado se eu tivesse feito algo de errado, ou que você…” – ele respira fundo antes de continuar – “ai, Hanna, eu pensei que tivesse acontecido algo com você e a hipótese de não saber como você estava só me matava por dentro. Me desculpa ter vindo assim sem avisar. Mas eu precisava… eu precisava ver você.”
As palavras que saíram da boca de Lucca me quebram por inteira. Eu não sei como, nem porquê, mas eu não estava preparada pra este momento. Então eu pergunto:
– “Por que, Lucca? Por que você se importa? Por que você quis me ver de novo? Eu estou quebrada, Lucca. Eu não sou uma boa companhia, eu mal tenho amigos. Eu afasto as pessoas, lembra? É isso que eu tenho feito de melhor ultimamente. E eu sei que em algum momento eu ia acabar afastando e arruinando você também. Então pra que continuarmos algo que sabemos que não vai a lugar nenhum, a não ser em corações partidos?”
Lucca me encara franzindo as sobrancelhas. Seus olhos estão assustados com as palavras que acabara de sair da minha boca. Então ele fala:
– “Hanna…” – ele se aproxima e coloca sua mão em meu queixo para eu olhar para ele. É uma tortura pra mim ter minha pele tocada por ele. A vontade que eu tenho é de pular para seus braços e acreditar que isso pode dar certo, mas é tão difícil não pensar que no final eu vou acabar perdendo ele também… – “Olha pra mim, por favor. Se eu só tivesse a opção de ser arruinado, mesmo que só por um momento pra ter você, eu ainda sim aceitaria. Não existe nada do que eu queira mais do que você. Eu sempre quis, Hanna. Fazem 16 anos que eu sonho com isso. Sempre foi você… sempre foram esses olhos” – na medida que ele vai falando, seus dedos percorrem todo o meu rosto – “Sempre foi esse seu rosto lindo que me fascinou. Tem que ser você, Hanna. Por favor, nos dê uma chance. Eu não te prometo nada, só te prometo o agora. E agora eu quero fazer você se sentir a mulher mais linda, incrível e amada deste mundo. Por favor, me deixa eu fazer isso com e por você.”
É oficial. Eu morri e só ficou meu corpo aqui, porque a alma já foi embora há muito tempo. Cada palavra que saiu de sua boca atingiu cada célula do meu corpo, minha corrente sanguínea está fervendo, os pelos da minha pele estão arrepiados. Eu estou enjoada de tanto que as palavras dele me tocaram. Eu não consigo falar absolutamente nada porque tudo que meu corpo consegue fazer é olhar para os olhos lindos dele.
– “Hanna, fala comigo…” ele insiste.
– “Lucca…”
– “Eu só preciso de uma resposta, Hanna, apenas uma resposta. Se você não quiser, eu prometo, eu vou embora por aquela porta e te deixo livre” – serio? Me deixar livre? Eu não sei o que é ser livre há tanto tempo… eu estou sempre aqui, presa em um apartamento e em meus pensamentos. Mas ele me pegou desprevenida. Eu não estava preparada para me reaproximar do Lucca. Meu corpo não estava preparada para sofrer as reações que ele me causaria, e eu não sabia como lutar contra isso. Talvez não teria como lutar contra isso. Eu precisava dele. Quando eu percebo, ele está se afastando de mim, meu silêncio talvez tenha dado alguma resposta pra ele porque ele está caminhando em direção à porta. E é então que eu preencho meu peito de coragem e caminho o mais rápido que eu posso até ele. Quando me aproximo, eu digo:
– “Por favor, Lucca… fica. Fica aqui comigo.” – neste momento eu agarro seu pescoço e meus lábios encostam o dele em um toque tão delicado e sedento. Seus lábios parecem já conhecer os meus, como se fossem seu lar, um lugar de intimidade. Ele sabe exatamente como prosseguir dali em diante. Seu beijo ganha cada vez mais velocidade e paixão. Lucca me carrega e minhas pernas envolvem a sua cintura e ele me leva para a sala novamente. Nossos beijos se transformam em uma conexão que nem de longe eu imaginaria ter com alguém além do Pedro. Eu estou sentindo o Lucca de uma maneira tão íntima e renovadora… é como se ele sempre estivesse presente, como se cada parte do meu organismo conhecesse o toque dele. Estou me sentindo leve novamente. Estou me sentindo como aquela borboleta que mencionei anteriormente. Pronta para voar, pronta para decolar do estado ao qual me encontrava até minutos antes do Lucca bater na minha porta.
Ele me coloca no chão por um momento e levanta meu queixo para olhar pra ele. Ao me observar ele fala:
– “Você não faz ideia do quanto eu desejei isso. Eu não consegui parar de pensar em nosso encontro, nenhum segundo da minha semana, Hanna. Eu desejo, eu quero e eu preciso de você. Mas hoje, tudo que eu mais quero é fazer com que você sinta tudo o que eu sinto por você e em como você faz eu me sentir. Me dá essa chance, Hanna…”
Estou sem fôlego e completamente perdida com cada palavra que saiu da boca do Lucca. Meu estômago está dançando um hip-hop, estou totalmente perdida. Perdida em suas palavras, perdida em seus beijos apaixonantes, perdida em seus olhos, perdida nessa covinha linda que ele tem… estou perdida nele. Eu quero isso, eu preciso disso. E eu vou arriscar tudo que for por um simples momento com ele.
– “Lucca… eu quero. Por favor, eu preciso.” – e é neste momento que Lucca me dar exatamente o que eu estou necessitando, e agora tudo que eu mais necessito é ele. Lucca me suspende em seus braços e deixa beijos no meu pescoço, em meu rosto e meus lábios. Seu toque é macio e aveludado e a qualquer momento eu tenho a impressão que vou desmaiar de tão extasiada e relaxada que ele está me deixando. Meu corpo parece que já conviveu com ele há muito tempo, é como se o Lucca tivesse intimidade com ele, é como se ele conhecesse cada partícula do meu corpo em uma intimidade sem fim. Estou com necessidade dele. E isso é tão bom. Lucca me conduz até meu sofá e ali nos jogamos. Ele aperta minha coxa e isso é mais do que um simples toque, porque neste momento meu corpo irradia uma onda de prazer que cada fio de cabelo meu pode sentir. Sua mão percorre pelas minhas pernas, meu bumbum, minhas costas e pousa em meus ombros. Ele me olha nos olhos e tudo que eu consigo ver é desespero. Desespero por mim.
– “Você não faz ideia das coisas que eu quero fazer com você, Hanna. Eu quero tocar cada centímetro do seu corpo e quero proporcionar a você tudo que de fato merece. Eu vou te mostrar a mulher incrível que é, e esses olhos…” – ele se aproxima cada vez mais, tocando em meu queixo e vidrando seus olhos nos meus… “ahh, Hanna, esses olhinhos lindos e expressivos vão voltar a ser como sempre deviam ser. Eu quero fazer isso com você, eu quero fazer tudo com você”.
Ele me beija ainda mais desesperadamente e agora nossas respirações estão cada vez mais ofegantes, eu posso sentir meu peito pulando e eu sei que ele também consegue sentir. Lucca suspende meu vestido à minha cabeça até que tire por completo. Meu corpo realmente reconhece esse homem, porque sério, como ele consegue causar isso em mim? É fogo e paixão. É necessidade. É prazer. Quando fico apenas de lingerie ele me deixa no sofá e faz caminho de beijos em todo meu corpo. Ele começa pela minha testa, desce para as maçãs do meu rosto, desliza seus lábios pelos meus, beija meu pescoço, acaricia meus seios e neste momento ele olha através dos cílios pra mim falando:
– “São tão lindos. Você não imagina o que eu quero fazer com eles, Hanna…”
Oh não, esse homem é demais!
Lucca continua deixando beijos sobre meu corpo e então ele separa minhas pernas até que sua cabeça fique entre elas. Omg eu não estava preparada para isso. Nossa, como é bom. Como ele é bom! Lucca usa seus lábios muito bem porque a cada toque eu me transformo na maior contorcionista de São Paulo. Mal percebemos e já estamos despidos. O peitoral de Lucca é realmente uma vista que eu vou amar contemplar. Seus pelos claros, sua tatuagem nas costas (o que eu não tinha prestado atenção na nossa primeira vez, semana passada), sua covinha linda que me quebra todinha… ah, ele. Tivemos nossa segunda vez ali, e sem dúvidas foi muito mais especial que a anterior. Porque agora eu senti o Lucca de verdade, eu senti ele em cada palavra, em cada toque. E eu tenho certeza que não quero viver essa vida sem ele por perto.
– “Você é incrível, Hanna. Eu quero ter você cada segundo do meu dia, eu quero estar aqui quando você estiver alegre, mas também quero estar aqui quando você estiver triste. Quero estar com você nas fases mais lindas da sua vida, mas também quero estar pertinho na piores. Eu quero viver perto seu lado divertido, mas quero estar por perto quando tudo que você deseja fazer é gritar. Eu quero viver os momentos ao seu lado. Os bons e os ruins. Mas eu prometo, Hanna, o quanto e o que eu puder fazer pra ter esse olhar que eu enxergo bem aqui sempre presente no seu rosto, eu vou. Porque esse olhar tem poder para mudar o mundo, assim como você mudou o meu há tantos anos atrás. Você me consertou quando eu ainda era uma criança. E tudo que eu mais quero é te ajudar a superar seus maiores traumas, frustrações e dores. Eu quero te ver livre, como uma borboleta voando em busca de tudo que desejar. E eu quero estar aqui, pertinho de você a cada momento desses. Eu só quero você. Hoje e sempre”
Há tanto tempo eu não me sinto assim, tão relaxada e em segurança. Mas o Lucca fez isso comigo. Me deixou confortável e amada. Essas últimas palavras preencheram um lugar dentro de mim que eu mal sabia que precisava. Eu estou sem chão porque tudo que estou fazendo nesse momento é flutuar. Eu olho pra ele, tentando encontrar palavras que respondam à altura o que ele acabara de me falar. Eu o analiso enquanto acaricio seus cabelos e digo:
– “Lucca, eu não sei como e nem o que fazer daqui pra frente. Mas eu sei o que eu quero, e eu quero viver cada momento desses ao seu lado. Quero acordar e saber que tem alguém que vai me desejar bom dia, alguém que eu posso contar como foi meu dia, alguém que se preocupe comigo… alguém como você. Eu não sou perfeita, Lucca, mas eu quero aflorar a minha melhor versão com você. E eu estou pronta pra viver isso hoje e sempre.”
– “Todos somos imperfeitos, Hanna. Mas se estivermos juntos, tudo valerá a pena. Você é mais do que sempre desejei e vai ser inesquecível partilhar a vida ao seu lado.”
Nos beijamos por longos momentos e conversamos até adormecermos.
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Daquele dia em diante estamos vivendo os melhores momentos de nossas vidas. Aproveitando cada oportunidade de estarmos juntos, celebrando pequenas alegrias e vivendo um dia de cada vez, em nosso ritmo, sem pressa. Tudo que eu sei é que eu quero Lucca hoje e para sempre. ♥
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Nota da sereia:
Relacionamento é isto, né? Viver dia após dia com leveza com liberdade pra ser quem quisermos ser. A história de Hanna e Lucca atingiram um pontinho muito especial no meu coração. Foi uma das mais gostosas que já escrevi. Pensar que a vida é cheia de frustrações, mas também feita de recomeços é o que deve nos motivar todos os dias. Pensemos por este lado: Hanna perdeu seu grande amor e até então jamais imaginaria se libertar do casulo que se encontrava. Quantas vezes já fomos a Hanna na vida? Quantas vezes deixamos de viver a vida lá fora por conta do caos que nos encontramos por dentro? Uma coisa que aprendi com essa história é que sempre há recomeços. E eles acontecem quando permitirmos que aconteça. Erramos ao pensar que o recomeço da Hanna foi proporcionado por Lucca. Ao contrário, Hanna reencontrou Lucca porque ELA decidiu em um dia fazer algo novo, recomeçar. O Lucca foi um presente pela decisão dela. Ou seja, não espere coisas maravilhosas caírem do céu. Dê o primeiro passo. Recomece. Viva. Os nossos dias já são desastrosos demais, e se a gente não souber aproveitar cada minuto, seremos arrastados cada vez mais ao caos.
Que você se reencontre. Encontre a sua melhor versão e a floresça. Que você seja uma borboleta pronta para voar e conquistar tudo que sempre sonhou. Depende de você. Força, coragem! Você consegue. Eu tenho fé em você.
Com amor,
Luna.
Playlist:
Eu torci por esse casal uhuuu que lindo
Obrigada por isso 😓❤️
eu nao amei nao, ne? ♥
ainnn amei
lindoooooo
perfeitooooooooooo
que demais! quero +