O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera em queda nesta quinta-feira (12), com investidores de olho no rombo fiscal de Americanas e após a divulgação da inflação nos Estados Unidos.
Às 11h30, o Ibovespa caía 0,60%, a 111.813 pontos. Veja mais cotações.
No dia anterior, o índice avançou 1,53%, na 6ª alta consecutiva, aos 112.517 pontos. Com o resultado de hoje, o índice passou a acumular uma alta de 2,53% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Atenção máxima na bolsa brasileira está na situação da Americanas. O presidente da empresa, Sergio Rial, e o diretor de relações com investidores da empresa, André Covre, decidiram deixar o comando da companhia após a descoberta de “inconsistências em lançamentos contábeis” no valor de R$ 20 bilhões.
Entre as inconsistências encontradas, estavam operações de financiamento de compras que não estavam “adequadamente refletidas” nas contas de fornecedores, vistas nas demonstrações financeiras do terceiro trimestre do ano passado.
Segundo a Americanas, ainda não é possível determinar todos os impactos dessas inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia. A empresa ainda afirmou que essas estimativas ainda estão sujeitas a confirmações e ajustes, a depender da conclusão da apuração dos fatos e dos pareceres de auditores independentes.
A B3 colocou as ações da empresa em leilão até as 12h.
Em relatório, a XP Investimentos destaca que o anúncio pode implicar em três efeitos negativos principais. Primeiro, uma maior alavancagem, “dado que o endividamento da Americanas pode aumentar dependendo dos ajustes em seu balanço patrimonial”
Além disso, um maior custo de dívida, “por conta da maior percepção de risco de crédito e liquidez”. Por fim, uma deterioração do capital de giro, “dado que a companhia poderá ter problemas em manter os dias de pagamento a fornecedores, por conta de seu ciclo de caixa pior”.
No cenário local, o IBGE divulgou que o setor de serviços no Brasil registrou variação nula (0%) em novembro na comparação com outubro. O resultado vem após o setor ter registrado queda de 0,5% em outubro, o que interrompeu uma sequência de cinco meses seguidos de taxas positivas.
Na tarde desta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anuncia medidas econômicas.
No exterior, os investidores repercutem os dados sobre a inflação nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,1% em dezembro, de acordo com dados do Departamento do Trabalho do país.
Em 12 meses, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) acumula alta de 6,5%, contra a variação positiva de 7,1% registrada em outubro.
A projeção do mercado era de estabilidade nos preços, após alta de 0,1% na inflação de novembro. O resultado abaixo do esperado pode ajudar o Federal Reserve (Fed) a reduzir o ritmo de aumento dos juros americanos e promover um aumento mais brando das taxas.
Atualmente, as taxas americanas estão entre 4,25% e 4,5% ao ano. A percepção do mercado é de que os juros devem continuar elevados por algum tempo como forma de combater a inflação, mas com redução no ritmo das altas.
Os títulos públicos americanos, que são considerados os mais seguros do mundo, têm sua rentabilidade atrelada às taxas de juros. Com os juros altos, eles oferecem vantagem frente aos ativos de risco, como as moedas e mercados de ações de países emergentes. Se o ritmo de altas dos juros nos Estados Unidos é reduzido, por outro lado, investidores passam a olhar com mais atenção para esses ativos de risco, o que pode beneficiar o real.
Na China, a taxa anual de inflação acelerou em dezembro, impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos, mesmo que a demanda doméstica vacile em meio à atividade econômica contida. O índice de preços ao consumidor subiu 1,8% em dezembro na base anual, de 1,6% em novembro. No entanto, analistas não esperam que o aumento da inflação provoque um aumento nas taxas de juros.
*G1