‘Jesus e tranca-rua’: babalaô e deputado entram com ações contra clipe de Ludmilla em show nos EUA

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Um babalaô e um deputado estadual entraram com ações contra a cantora Ludmilla por causa da mensagem “Só Jesus expulsa o Tranca Ruas das pessoas”, exibida no festival Coachella, nos Estados Unidos, no último dia 14.

Antes de cantar a música “Rainha da favela”, Ludmilla mostrou, no telão, um clipe com imagens de comunidades do Rio, e a frase apareceu. Tranca-ruas é um dos exus, entidades da umbanda. Ele é considerado uma entidade que abre os caminhos de seus devotos.

O pesquisador e babalaô Ivanir dos Santos entrou com uma representação pública por entender que a frase, “exibida em palco internacional, é preconceituosa”. Ele pede que Ludmilla se retrate.

O deputado estadual Átila Nunes (PSD), fez uma publicação nas redes sociais dizendo que também protocolou uma denúncia junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pedindo a retirada do trecho, alegando ser “um preconceito contra as religiões de matriz africana”.

Em um texto nas redes sociais na manhã desta segunda-feira (22), Ludmilla comentou a frase sobre religião. “Hoje tiraram do contexto uma das imagens do vídeo do telão do show em Rainha da Favela, que traz diversos registros de espaços e realidades a qual eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado dele, e me colocando em uma posição que é completamente contrária à minha”, escreveu no X, antigo Twitter.

“Rainha da Favela [o show] apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela. Meu show começa com uma mensagem muito explícita , que não deixa dúvida sobre nada!”, diz.

Ludmilla se apresentou no festival americano no último dia 14 de abril. A cantora abriu o show com “Tropa da Lud” e emendou com “Rainha da Favela”. O setlist contou com outros sucessos da artista, como “Socadona”, “Cheguei” e “Maldivas”, feita para sua mulher e dançarina, Brunna Gonçalves. As duas encerraram a música com um beijo.

Leia abaixo o texto completo de Ludmilla sobre o episódio:

“Quando eu disse que vocês teriam que se esforçar pra falar mal de mim, eu não achei que iriam tão longe.

Hoje tiraram do contexto uma das imagens do vÍdeo do telão do show em Rainha da Favela, que traz diversos registros de espaços e realidades a qual eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado dele, e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha.

Rainha da Favela apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela.

Meu show começa com uma mensagem muito explícita , que não deixa dúvida sobre nada! Na sequência eu apresento a realidade sobre a qual esse discurso precisa prevalecer! Sobre uma favela sem filtros, sem gourmetizações, sem representações caricatas, uma denúncia sobre o real. Estou aqui pelo que é real e não essa versão vitrine importada para gringo achar que esse é um espaço que se reduz a funk, bunda e cerveja!

Termino meu show com o céu tomado de pipas douradas, que representam a esperança que eu quero plantar no coração de todos que lidam com essa realidade!

Esse vídeo foi feito por uma fotógrafa/videomaker negra e periferica, para que tivesse um olhar de dentro para fora!

Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, e independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade de que façam elas únicas.”

Fonte: G1/Foto: Reprodução/X

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