Neste mês, o Brasil comemora o Junho Vermelho, campanha que enfatiza a importância da doação de sangue. A ação marca também o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado neste sábado (14), e serve como alerta: os estoques nos hemocentros do país costumam cair nos meses mais frios, o que aumenta a necessidade da doação. No Distrito Federal, por exemplo, na sexta-feira (13), todos os tipos de sangue estavam em nível baixo ou regular. Os mais críticos são os O+, O-, B- e AB-. Para contribuir com esse gesto solidário de forma segura, é essencial seguir algumas orientações.
“É fundamental que o doador esteja saudável no dia da doação. Febre, sintomas gripais ou qualquer infecção ativa podem impedir temporariamente a coleta”, alerta Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Além disso, é preciso ter entre 16 e 69 anos (com consentimento formal dos responsáveis no caso de menores de idade) e pesar no mínimo 50 quilos. O especialista lembra ainda da importância de dormir bem na noite anterior — pelo menos seis horas de sono — e evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação. “Se for doar após o almoço, é necessário aguardar pelo menos duas horas”, acrescenta.
Outros cuidados simples também fazem a diferença: levar um documento oficial com foto, se hidratar bem, e evitar atividades físicas intensas nas horas seguintes. Para doar, no caso do DF, normalmente é necessário fazer o agendamento pelo site da Fundação Hemocentro de Brasília. Mas em junho, o agendamento não está sendo necessário. A doação é feita no Centro de Doação de Sangue, que fica na Asa Norte.
Segurança
Muita gente ainda tem dúvidas sobre a segurança do sangue que será transfundido. Chebabo garante que há um rigoroso controle nos hemocentros do Brasil.
“A segurança da doação vai além da triagem clínica: cada bolsa de sangue passa por uma série de análises laboratoriais criteriosas, conforme determina a legislação brasileira”, afirma.
Durante a coleta, além da bolsa de sangue, são retiradas amostras em tubos para detectar doenças infecciosas que podem ser transmitidas pela transfusão, como hepatite B e C, HIV, sífilis, doença de Chagas e HTLV. Esses testes são feitos por sorologia e PCR, o que aumenta a precisão na detecção, inclusive em fases iniciais das infecções.
Chebabo ainda reforça que existem doenças que podem impedir uma pessoa de doar sangue. “Doenças como hepatite, HIV, dengue, Covid, sífilis, entre outras, podem impedir a doação, mesmo que a pessoa esteja se sentindo bem, porque podem passar para quem receber o sangue. É necessário aguardar o período de recuperação para doar”, explica o médico.
Gesto que salva vidas
Antes doadora, Gabriele Maciel, 40, se viu ao outro lado da moeda aos 32 anos, em 2017, quando deu à luz a sua primeira filha. Após 10 dias do parto, a moça foi diagnosticada com atonia uterina tardia (ou hemorragia pós-parto tardia secundária). Ao todo, foram necessárias quatro bolsas de sangue.
“Quando eu fiquei sabendo que ia precisar de sangue, fiquei bem preocupada porque significava que o quadro era mais grave do que eu estava considerando. Estava com uma recém-nascida e era mãe de primeira viagem, então fiquei bem nervosa. Precisaram me dar calmantes”, relembra.
Gabriele quase perdeu o útero e conta que a doação de sangue foi essencial para que ela se recuperasse prontamente.
“A recuperação com a doação do sangue foi extremamente vital naquele momento. Como eu já era doadora de sangue, fiquei ainda mais grata por ter recebido o líquido.”
Por recomendações, após receber a transfusão de sangue, Gabriele precisou ficar cinco anos sem poder doar.
“Eu fiquei cinco anos ansiosa por poder voltar a doar e quando finalmente pude, voltei a doar sangue. Doo até hoje a cada seis meses e me sinto muito grata por poder fazer esse gesto que, infelizmente, muitos ignoram a importância”, finalizou.
*R7/Foto: Reprodução