Os primeiros atos de corrupção no Brasil datam do século XVI no período de colonização portuguesa. Funcionários públicos, ao invés de fiscalizar o contrabando e outras transgressões, acabavam praticando o comércio ilegal de pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e diamantes. O padre Antônio Vieira, através do “Sermão do bom ladrão” (sec. XVII), expõe os desmandos praticados por colonos e administradores: “O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera (…)”. Com a República, em 1889, havia o voto de “cabresto”, em que o “coronel” impunha o voto desejado aos seus empregados, agregados e dependentes. Adhemar de Barros, nas campanhas eleitorais de 1950, estabeleceu a “caixinha do Adhemar” e o seu lema era “Rouba, mas faz”, que o Maluf adotou na política de São Paulo na década de 80. Collor, nas eleições de 1989, criou o esquema de arrecadação de doações não-oficiais denominado “Esquema PC”, sigla baseada no nome do seu tesoureiro Paulo Cesar Farias. Junto aos grandes personagens da corrupção, e com a mesma “gula”, estão uma parte do povo com seu “jeitinho brasileiro” (Dan Ariely, Canadá). “Parar em fila dupla é corrupção também” (Sidnei Priolo, Universidade Tuiuti/PR). Mais próximo dos nossos dias, a Operação Lava Jato foi considerada uma referência internacional no combate à corrupção. Prenderam um “monte de corruptos” e condenaram outros tantos. Até o Lula foi preso, julgado, condenado, trancafiado e depois (…). Mas, teve que mostrar o rosto barbudo na foto. Maquiavel (SCHWARCZ, 2019, p. 123), quando o Rei recebeu de presente um livro sobre o povo, faz a comparação: “(…) também para se conhecer o caráter do povo, é preciso ser Príncipe, e para entender o Príncipe, é preciso ser povo”. Hoje, temos a corrupção “viva”, provavelmente, no sistema Legislativo, Judiciário e no Executivo, em todos os níveis federal, estadual e municipal. O Legislativo, ao que parece, não faz a lei contra a corrupção porque pode haver políticos que, possivelmente, irão presos. O Judiciário, inexplicavelmente, parece não prender nenhum corrupto rico e nem alguns personagens poderosos da sociedade. Já o Executivo (…) alguém sabe de alguma coisa? E, se for para o lado da população, até chegar ao “flanelinha” que quer o “dinheiro adiantado”, a lista é muito grande. Nem o Imposto de Renda segura a corrupção. Aliás, sonegação e corrupção andam de mãos dadas. Mas, e se ninguém mais fosse condenado por corrupção, nem admoestado por praticar a corrupção? E se a corrupção sempre “viva” na sociedade brasileira, fosse, enfim, legalizada? SERÁ QUE É POSSÍVEL ACABAR COM A CORRUPÇÃO ou ela mudará de nome?
Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.
Vou-me embora pra Pasárgada…( Manuel Bandeira).
Excelente 👏
Mas muito triste 😔😔😔
Brilhante, Elias do Brasil! Uma Sociedade que não cultua valores éticos e morais tem pouca chance de manter sua Liberdade…