Linhas Tortas: MELANCIAS

Publicado em

Karl von Clausewitz(1780-1831) assemelha a guerra a um “duelo em grande escala” (Livro 1, p.1) e compara-a a um combate entre “dois lutadores”. Deduz daí que a guerra é “um ato de violência destinado a obrigar o adversário a fazer a nossa vontade” (Livro 1, p.2). Para ele, a violência deve atingir “os limites máximos (Livro1, p.4) e a rendição ou destruição do inimigo deve ser sempre o objetivo da guerra” (Livro 1, p.5). Clausewitz zomba da antiga ideia de “guerra sem derramamento de sangue”, classificando-a de verdadeiro negócio de intelectuais (Livro 1, p. 287) e considera “que seria um absurdo introduzir na filosofia da guerra o princípio da moderação”. E escreve, portanto: “que não nos venham falar de generais que conseguiram vitória sem efusão de sangue”. (“A Conduta da Guerra”, J. F. C. Fuller, 2002, p. 62-63). Há uma frase que diz: “quando um não quer, dois não brigam”. Porém, a guerra sempre terá pelo menos dois adversários. É possível um exército não mover “uma palha” para se defender, como ocorreu com alguns exércitos inimigos de Genghis Khan(1167-1227), cujos generais se renderam antes da guerra, com medo de “ter a suas cabeças decepadas” pelo conquistador. A rendição lhes preservava a vida, mas os condenava a indignidade perpétua. O covarde sempre será lembrado como um covarde. Em contrapartida, o herói será sempre aclamado como um herói, morto ou vivo. No momento atual, houve uma “guerra cruel” e um dos lados ganhou sem lutar, como Genghis Kahn. O “exército vencedor” teve um “grande guerreiro” que dominou excepcionalmente a sua arte de “guerrear” e a sua “espada” foi temida pelos grandes e pelos pequenos. Esse “general” conseguiu a rendição total do seu inimigo sem cortar “a cabeça” de ninguém. Mas, não deixou dúvidas sobre a eficácia das suas ações que, se quisesse, cortaria as “cabeças” ou prenderia sem dó. A Lei foi ele e ele era “lei”. A sua simples presença criou o pânico em seus adversários e o “chão quase tremia” a cada “canetada” que riscou em suas sentenças monocráticas. O “exército” que perdeu a guerra, desejou o impossível: uma “guerra de moderação, sem sangue”. O outro lado quis sangue “vermelho” e não teve nenhum medo, como os samurais. Porém, covardes gostam de comodidades e heróis vivem em total desconforto. O herói, como Caxias, protege o seu soldado e cavalga à frente deles para “guerrear”. Agora, sob as “chibatas” dos vencedores, os “ generais derrotados” que, ingenuamente, preservaram as suas vidas e seus “benesses”, além de entregarem de “mão beijada” o seu povo, terão, como obrigava Genghis Kahn, que se “incorporar” ao “exército” vencedor, além de serem obrigados a pagar “com suor e lágrimas” a comida que comerem, inclusive as “MELANCIAS”.

Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe

Assine Grátis!

Popular

Relacionandos
Artigos

Pela reconciliação nacional e justiça humanitária

O Brasil vive um momento decisivo. As manifestações pacíficas...

Homem agride neném de quatro meses achando que era um bebê ‘reborn’

Um homem de 36 anos foi preso na noite...

Capitão Alberto Neto fiscaliza BR-319 e cobra fim do isolamento do Amazonas

Nesta quinta-feira, 05/06, o deputado federal Capitão Alberto Neto,...