No início da temporada de Fórmula 1, muitos olhares estavam voltados para o grande campeão britânico em sua nova aventura na categoria máxima do automobilismo. Mas não foi uma entrada triunfante: o próprio Lewis Hamilton reconheceu a decepção com o desempenho no GP da Austrália de domingo, corrida em que terminou apenas na décima posição. Durante as voltas no circuito de Albert Park, em Melbourne, o piloto teve várias conversas tensas e ríspidas com o engenheiro da escuderia. As conversas mostram que Hamilton se irritou com comandos repetidos e direcionamentos dados pela equipe pelo rádio e preferiu confiar na própria avaliação da pista.
O britânico não conseguiu levar seu carro SF-25 às primeiras posições e teve alguns choques com seu interlocutor, o engenheiro Riccardo Adami, ao longo da disputa. Os dois trabalhavam juntos em um ambiente de corrida pela primeira vez.
- — Fique no modo ‘charge’ — indicou Adami, antes de repetir: — Botão charge on.
- — Sim, sem problema. Só não repita tudo, por favor — respondeu Hamilton.
- — Entendido — disse o engenheiro, momentos antes de outra orientação: — Você pode usar o K1 quando estiver perto.
- — Me deixa com isso, por favor — rebateu o piloto.
- — K1 disponível — repetiu Adami.
- — Sim, eu sei. Me deixa com isso, por favor — insistiu Hamilton.
- — Para evitar negar DRS, sugerimos upshift e depois DRS — orientou o engenheiro.
- — Por favor, me deixa. Sim, me deixa — disse Hamilton, com tom de voz mais alto.
Ao fim da corrida, o engenheiro reconhece que a equipe falhou no timing, mas elogia o piloto pelo desempenho. Hamilton concorda que o resultado “não foi ótimo”, mas pondera que, ao menos, não saiu “de mãos vazias” do GP, com a décima posição.
Hamilton explicou que esperava que sua primeira corrida pela Ferrari fosse muito melhor e, mais tarde, disse ter sido um desafio significativo se acostumar com seu novo carro e lidar com a chuva.
— Infelizmente, eles me disseram no fim que era apenas uma chuva e que o resto da pista estava seca, então pensei: “Vou continuar o máximo que puder. Posso mantê-lo [o carro] na pista”. Eles não me disseram que ia chover mais, e então de repente começou a chover mais, então acho que estava um pouco desinformado no fim — justificou.
Hamilton explicou que seus problemas de comunicação de rádio com Adami ocorreram porque ele e seu novo engenheiro estavam se acostumando, principalmente porque o piloto havia estabelecido um relacionamento de trabalho de 12 anos com Pete Bonnington, seu engenheiro de corrida na Mercedes.
— Acho que Riccardo fez um trabalho muito bom. Acho que estamos aprendendo lentamente um com o outro. Depois disso, descarregaremos (informações), revisaremos todos os comentários, as coisas que eu disse, e vice-versa — apaziguou.
Lewis Hamilton afirmou no domingo que achou seu novo carro da Ferrari “realmente muito difícil de pilotar” na chuva. Aos 40 anos, o heptacampeão mundial busca um novo fôlego na carreira após sua surpreendente saída da Mercedes, mas desde sua chegada à equipe italiana, em janeiro, tem enfrentado uma curva de aprendizado íngreme.
O britânico terminou bem atrás de McLaren, Red Bull e Mercedes, além de seu companheiro de equipe, Charles Leclerc, em uma corrida marcada pela chuva e por carros de segurança. Hamilton não apenas disputou sua primeira corrida pela Ferrari, mas também enfrentou pela primeira vez condições de pista molhada com o novo carro.
Ainda se adaptando à nova equipe, ele foi ouvido no rádio reclamando que haviam “perdido uma grande oportunidade” de aproveitar melhor a estratégia, depois de liderar brevemente durante uma série de pit stops sob o safety car. Uma troca tardia para pneus intermediários fez com que ele perdesse posições, mas o britânico afirmou depois da corrida que tirou “muitos aprendizados” da estreia.
Fonte: O Globo/Foto: Foto: Reprodução/X e Instagram