Médica registra adrenalina por ‘EV’ e técnica diz que cumpriu prescrição

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No registro de ‘Evolução do Paciente’ assinado pela médica Juliana Brasil Santos, que atendeu o menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, no Hospital Santa Júlia, de Manaus, consta que ela receitou adrenalina por via “EV” (endovenosa ou intravenosa – administração de medicamentos, soluções ou fluidos diretamente na corrente sanguínea, através de uma veia). O documento foi anexado no inquérito da Polícia Civil que apura a morte de Benício, ocorrida após seis paradas cardíacas no domingo (23).

A médica relata que, após avaliar o paciente por conta de um quadro de laringite, orientou verbalmente outra conduta, mas ela reconhece que, na prescrição escrita, consta a administração da adrenalina intravenosa.

A médica e a técnica de enfermagem que estavam de plantão no momento do atendimento à criança prestaram depoimento à Polícia Civil nesta sexta-feira (28).

O advogado da médica, Felipe Braga, rebate a alegação do delegado de dolo eventual por motivo cruel. “Isso é um problema multissistêmico que a investigação apurará. Mas jamais, jamais um dolo eventual por motivo cruel como tem sido colocado no relatório inicial. Nenhuma médica, nenhum profissional de saúde, do médico ao enfermeiro, ninguém sai de casa para matar alguém, e nem para assumir o risco e nem para ser indiferente a isso”, afirmou.

“Nós não estamos num caso em que há dolo, mas, no máximo, se pode falar de um evento culposo. Mas ainda assim há outros fatores que virão a ser esclarecidos na investigação sobre as circunstâncias do crime”, acrescentou. “Sentimos muito pela família. É um ponto muito importante pra gente que seja dito”.

Em entrevista ao sair da delegacia, a técnica de enfermagem Raíza Bentes afirmou que realizou o procedimento exatamente conforme o que estava registrado pela pediatra. Segundo ela, toda a aplicação ocorreu estritamente com base no que constava na prescrição assinada.

“Eu administrei a medicação conforme a prescrição médica. Não tive auxílio, estava sozinha. Eu informei a mãe no momento que eu fui fazer a medicação. Ela também questionou a via de administração. Eu nunca tinha administrado aquela medicação pela via que estava, mas estava prescrito pela médica. Então, nós duas entramos em concordância de ter administrada a medicação”, disse.

Raíza afirmou que a própria prescrição determinava três doses de 30 em 30 minutos, e que a adrenalina deveria ser administrada pura, sem diluição. “Lá na prescrição da médica estava orientado pra administrar a medicação três vezes de 30 em 30 minutos e estava informado para fazer puro”, afirmou.

Depois da aplicação, segundo o relato da técnica, o menino apresentou reação imediata. “Ele começou a ficar pálido, e a boca dele também ficou sem cor. Falou que o coração dele estava queimando. Aí eu corri e chamei a médica e a equipe de enfermagem para auxiliar ele no atendimento”.

A técnica conta que procurou a pediatra imediatamente, mas que a médica não se dirigiu ao local naquele momento. “Ela perguntou o que tinha acontecido, eu informei que eu tinha administrado a medicação e que a criança tinha tido reação. E ela falou para eu aguardar”, relatou. “Quando eu chamei ela, ela falou ‘tá bom, já ia lá’. E aí eu retornei para a pediatria. Ela não foi”.

A técnica também relatou que a mãe questionou sobre nebulização, mas que não havia essa orientação na folha de prescrição. “Ainda que a médica tivesse chegado comigo e falado que queria fazer nebulização, eu não posso fazer o que não está prescrito”, disse Raíza.

Ela atua como técnica de enfermagem há sete meses e afirma ter relatado tudo à polícia. “A minha versão não tem nada para mudar, só falei a verdade do ocorrido, que eu administrei a medicação conforme a prescrição médica”, enfatizou.

Fonte: Amazonas Atual/Foto: Redes sociais/Reprodução

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