Apesar das reformas realizadas nos últimos anos para aumentar a participação feminina na política, as mulheres brasileiras permanecem distantes dos lugares em que são tomadas as decisões em prol da democracia. No país que ocupa a lista dos parlamentos federais com menos mulheres no mundo, aquelas que persistem na esfera política são confrontadas pela violência de gênero.
“Violência política de gênero é um fato que acomete mulheres de todas as posições no espectro político ideológico”, define a cientista política Mônica Sodré, diretora executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, em entrevista a Natuza Nery. “Tem a ver com toda e qualquer ação para cercear ou impedir mulheres de se manifestarem e fazerem valer os seus direitos nos espaços de poder.”
Dados da União Interparlamentar apontam que as mulheres compõem apenas 17,7% da Câmara dos Deputados. Dos 32 partidos políticos existentes no país, apenas 2 são presididos por mulheres: o PT (Partido dos Trabalhadores) e PMB (Partido da Mulher Brasileira).
Para a cientista política, outro obstáculo que impede o aumento desses números é a falta de recursos para combater a desigualdade de gênero.
“Essas mulheres também precisam de assistências como qualquer outra mulher trabalhadora”, afirma Mônica, que também defende a fiscalização do fundo eleitoral recebido pelos partidos políticos.
“A gente precisa fazer com que o debate vá além da questão das cotas. Os partidos, por exemplo, poderiam destinar uma parte dos seus recursos para que casos de violência política de gênero possam ser endereçados pelas mulheres do seu partido.
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