A escritora canadense Alice Munro (1931-2024), Nobel de Literatura, teria acusado sua filha, Andrea Robin Skinner, de mentir sobre ter sido abusada pelo padrasto. Num texto publicado no jornal canadense The Toronto Star, Andrea contou que, em 1976, aos nove anos de idade, foi atacada sexualmente por Gerald Fremlin, marido de sua mãe. Anos mais tarde, ela contou à mãe sobre o abuso. Após uma breve separação, Munro decidiu continuar casada com Fremlin.
Em 2004, quase três décadas após o abuso, Andrea denunciou o padrasto, que foi condenado a dois anos de liberdade condicional. Na ocasião, Munro teria gritado com sua filha, acusando-a de mentirosa, e defendido o marido. O episódio foi relatado à agência de notícias Associated Press pelo policial Sam Lazarevich, responsável pela investigação.
Lazarevich disse ter ficado “bastante surpreso” com a reação da escritora. “É a sua filha. Não vai defender a sua filha?”, ele se recorda de ter perguntado a Munro. O policial acrescentou que “é óbvio” que a recusa da Nobel de Literatura de apoiar a filha “mancha seu legado”.
Dias após a publicação do texto de Andrea na imprensa canadense, a Universidade Western, no Canadá, suspendeu a cátedra Alice Munro. Em nota, a universidade de informou que a suspensão se mantém “enquanto considerados cuidadosamente o legado de Munro e seus laços com a Western”.
Munro viveu com Fremlin até a morte dele, em 2013. Ela faleceu em maio deste ano. No Toronto Star, Andrea escreveu que nunca se reconciliou com a mãe. “Eu não me obriguei a consertar as coisas ou perdoá-la”, finalizou.
Fonte: O Globo/Foto: PETER MUHLY / AFP