O JOVEM GENERAL – dois “elefantes” se encontram

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Com menos de duas horas, a Brigada de Cavalaria Blindada(+), com seus dois RCC (Regimento de Carros de Combate) a mais, já está em marcha, rumo a Santa Maria. Saíram logo após o jantar, às 21 horas da noite. Apesar dos ‘Leopard” alcançarem uma velocidade máxima de 62 Km/h, o Comboio fará, em média, 24 Km/h com os faróis acesos. Não se pode esquecer que a extensão somente do Comboio é de 21 Km. Agora, são aproximadamente 1.000 viaturas operacionais, somados os dois RCC. E ainda, os caminhoneiros que insistem em permanecer na Coluna de Marcha. São mais de 30 Km de extensão total. Portanto, em marcha com um “alto horário” de meia hora, chegarão às imediações de Santa Maria por volta de 4 horas da manhã, primeiro que o Sol. Antes do jantar, o General reuniu o seu Estado-Maior e os seus comandantes de Unidades. O novo planejamento consistia em uma marcha noturna, sem expectativa de confronto com forças contrárias, com desdobramento apenas da mesma FT, agora reforçada com um Pelotão PE (Polícia do Exército) que já irá à frente. A ordem é interromper totalmente o tráfego da rodovia logo que cheguem próximo à Santa Maria, num ponto pré-determinado. O General deseja todo o controle de tráfego da rodovia RS-640. Dá ordem expressa de assumir o controle total da rodovia, inclusive de destituir os Policiais Rodoviários, tanto estaduais como federais. Os Postos de Controle Rodoviários passarão ao controle total das tropas do Comboio. Se houver recusa, prenderão quem não seguir as ordens, inclusive com o uso da força, se necessário. Em Santa Maria, o general Cleber, com o apoio dos comandantes das Unidades de Santa Maria, inclusive do Hospital Militar, dá ordem de prisão ao general da Divisão de Santa Maria: “General, o senhor está preso! Estou assumindo o controle do Comando da Divisão!”. O General dá um salto na poltrona, nem percebeu que levantou os seus 130 quilos tão rápido. “Eu é quem darei ordem de prisão a você, seu general traidor!”. Abruptamente, dois capitães acompanhados de seis soldados da PE, entram no gabinete do general da Divisão. “O senhor prefere sair por bem ou por mal, general?”- pergunta o general Cleber. Pouco tempo depois o general da Divisão já está no Comando da Brigada de Infantaria Blindada, preso. Uma reunião de emergência com os comandantes das Unidades de Santa Maria é iniciada logo após a prisão do general da Divisão, sob o comando do general Cleber. Uma afirmação simples do general: “Quem está contra nós, se considere preso; quem está a favor, “tome as rédeas” da sua Unidade e fiquem, desde já, em “Apronto Operacional para o Combate”. Há um silêncio na sala de reuniões. “Quem está a favor, levante um braço” – manda o general. Todos levantam os braços. O general encerra a reunião: “Então, todos para os seus quartéis. Novas ordens serão expedidas no decorrer da noite. Por enquanto, não contem a ninguém, nem às suas mulheres, fui claro?”. Há um ar de satisfação, de vibração, de “sangue nos olhos” entre os presentes. Parece que o orgulho ferido começa a se cicatrizar naqueles patriotas. O Comboio avança na noite de Lua Nova. A escuridão favorece a marcha. O General está numa viatura operacional (uma pick-up) junto com o CHEM e mais dois coronéis do seu Estado-Maior. O general inicia: “Como vocês sabem, a cidade de Santa Maria parece que está numa “cuia”, tal a quantidade de elevações à sua volta. Ali é um grande vale”. Todos concordam. Ele segue: “Devemos nos desdobrar como uma missão de “Aproveitamento do Êxito”. Fecharemos o acesso à Santa Maria, prontos para avançar sob comando. Toda a tropa de Santa Maria estará do nosso lado e a Brigada de Infantaria Blindada, com os seus infantes, já está, nesse momento, ocupando os pontos dominantes nas elevações no entorno da cidade. O general Cleber, com quem acabei de falar agora há pouco, já assumiu o controle da Divisão e prendeu o general da Divisão. Houve adesão total das Unidades de Santa Maria ao Comboio. Ele agora está conversando com o comandante do Batalhão de Polícia Militar. Precisamos do apoio da “Brigada Militar”. Eles ficarão sob nossas ordens. A Polícia Civil será anexada à PE para fins de controle de ações civis. Todos os acessos à Santa Maria estarão sob o controle das tropas amigas. A partir de agora, eu sou o “Comandante Geral da Resistência Patriótica do Brasil”. E continua: “Todos os veteranos da região, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, além dos veteranos das Policiais Militares e Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul, serão convidados a aderir voluntariamente à “Resistência Patriótica do Brasil” e retornarão aos seus postos e graduações quando na ativa. Civis, também, serão conclamados a aderir. A partir de agora, o símbolo da “Resistência Patriótica do Brasil“ será um “pedaço” da Bandeira do Brasil utilizado como “lenço de pescoço” ou adorno nas roupas. Um “pedaço” no nosso Brasil estará mais perto dos nossos corações, onde estivermos!”. E finaliza: “Todos os meios de comunicação de Santa Maria passarão ao nosso controle, sob a supervisão dos nossos especialistas da Companhia de Comunicações Blindada. O civil, seja repórter ou outra função, que se recusar a respeitar ordens, deve ser afastado e preso, se necessário”. O CHEM, pergunta: “General, e a Base Aérea de Santa Maria?”. O General responde: “Estamos em contato com o comandante da Base Aérea. Ele está reticente, mas prometeu não interferir”. Em seguida, o General pega um embrulho. “Aqui está, para cada um, o seu “pedaço” da Bandeira Nacional. Essa Bandeira Nacional, agora cortada em “pedaços”, nunca se separou de mim, desde que entrei no Exército, pois foi o meu pai quem a me presenteou, quando fui para a “Prep”. Vamos colocar nos pescoços, como se fosse um lenço. Depois façam o mesmo com toda a tropa com as Bandeiras que temos. Santa Maria e o Brasil inteiro saberão quem somos nós, os patriotas! Agora temos uma “identidade”! O Comboio segue o seu destino: Santa Maria. O General persegue o seu objetivo: Controle total da Divisão Encouraçada – a maior força militar do Sul do Brasil. Maior que as guarnições de Porto Alegre até o Estado do Paraná, passando por Santa Catarina.

Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.

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