Policiais civis do Rio de Janeiro e do Espírito Santo iniciaram nesta quarta-feira (29) a Operação Conexão Perdida, contra traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) capixabas que estabeleceram no Complexo da Maré um esquema de extorsão e de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 43 milhões em apenas 1 ano.
Agentes saíram para cumprir mandados de prisão na parte da Maré dominada pelo TCP e em endereços em Laranjeiras, Ramos e Campo Grande, no Rio, e em Vitória. Não foram informados quantos mandados são nem quem são os alvos. Dois homens que não eram procurados nesta quarta foram presos em flagrante.
No fim da madrugada, a Avenida Brasil chegou a ser fechada por alguns minutos. Houve intensos tiroteios e barricadas em chamas, mas não se tinha informação sobre feridos até a última atualização desta reportagem.
Aonde a polícia foi na Maré
- Baixa do Sapateiro
- Conjunto Bento Ribeiro Dantas
- Conjunto Esperança
- Conjunto Pinheiros
- Nova Maré
- Salsa e Merengue
- Timbau
- Vila do João
- Vila dos Pinheiros
Banco paralelo
A Secretaria de Segurança Pública do ES afirma que traficantes capixabas do TCP se instalaram na Maré para expandir atividades ilegais. As investigações apontam que, somente em 1 ano, a quadrilha movimentou pelo menos R$ 40 milhões.
“Se a gente não tiver um objetivo de atacar a estrutura financeira do crime, a gente vai demorar muito para ganhar essa guerra”, ressaltou o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos. “Território, hoje, é receita.”
Dados da Subsecretaria de Inteligência do Espírito Santo mostram que o grupo capixaba extorquia dinheiro de funcionários de empresas provedoras de internet, água e gás, que só podiam atuar na Maré mediante o pagamento de mensalidades que chegavam a R$ 10 mil.
Para gerenciar e ocultar os valores ilícitos, os criminosos possuíam diversas contas bancárias, incluindo as de uma casa lotérica e de um “banco paralelo” — uma instituição financeira irregular que oferecia empréstimos para os moradores da comunidade.
“Eles vão cooptando pessoas com dificuldades financeiras dentro da comunidade e empresta aquele ‘dinheiro fácil’, sem exigir comprovantes de renda ou capacidade financeira para pagar”, explicou Victor Santos.
“Mas quem vai ficar devendo ao crime? Então, a inadimplência é muito pequena. Ou seja, mais uma forma de subjugar a população”, destacou.
“Esses mecanismos não apenas lavavam o dinheiro proveniente do tráfico de drogas local, mas também os recursos do TCP em Vitória (ES), movimentando R$ 43 milhões em menos de 1 ano. Nós pedimos também o bloqueio de diversas contas bancárias usadas para a lavagem de dinheiro dessa quadrilha”, explicou o subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, Romualdo Gianordoli Neto.
As investigações começaram em novembro de 2023, após a prisão do traficante Luan Gomes de Faria, em Vitória. Ele e o irmão, Bruno Gomes de Faria, são conhecidos como os Irmãos Vera e eram os chefes do TCP no estado. Bruno veio para o Complexo da Maré após a prisão do irmão.
Um dos presos em flagrante foi identificado como Renê Gomes Silva, o RN da Nova Holanda.
Ele acabou pego ao tentar roubar um caminhão na Avenida Brasil para levar para a Nova Holanda, na área sob o jugo do Comando Vermelho. Ele estava pilotando uma moto roubada e, após uma rápida perseguição, caiu no asfalto.
Outro homem, não identificado, foi preso pelo Bope com um fuzil no Timbau.